Sporting-Estoril, 3-1 O velho Gyokeres, o fantástico Debast e o momento dos miúdos: tudo o que disse Rui Borges
Treinador do Sporting teceu rasgados elogios à sua equipa. Realçou a entrega e o querer e agradeceu a compreensão e carinho dos adeptos, lançando repto para que se façam sentir no próximo jogo, em Rio Maior
- Cada semana que passa parece ter teste maior à sua capacidade de improvisação. Eduardo Felicíssimo estreou-se a titular, esteve 45 minutos com cartão amarelo e aguentou-se bem à pressão. O que é que isto diz da equipa?
- Dita, acima de tudo, o grande querer da equipa, independentemente de serem miúdos, dita a coragem, a ambição e o querer desta equipa, foi bem demonstrativo nos 90 minutos. O Edu [Felicíssimo] há meia dúzia de meses estava a jogar o Campeonato da Europa de sub-17, tal como o Simões e o Quenda. Hoje fez um grande jogo, saiu apenas e só pelo amarelo e aguentou-se bem mesmo com o amarelo, até estava a fazer um jogo bastante equilibrado, consistente, pedi-lhe para ser feliz e errar muito, não quero que se escondam, têm é de desfrutar do momento, já disse que o azar de uns é a sorte de outros, são miúdos que carregam o sonho de chegar à equipa principal. Jogadores que estão a ser titulares e nem o eram na equipa B, mas, acima de tudo, têm correspondido e trabalhado diariamente para ter oportunidade. Dizer que a equipa teve uma entrega fantástica, fomos claramente superiores em grande parte do tempo. Podíamos ter estado a ganhar por 3-0 ou 4-0, e de repente o Estoril marcou e deixámos o adversário reentrar no jogo, à semelhança um pouco do que nos tem acontecido nos últimos jogos. Talvez a falta de maturidade da equipa leva-nos a esses erros, a sofrer golos em momentos em que tínhamos de ser um pouco mais inteligentes, mas não nos podemos esquecer que são miúdos de 18 e 19 anos na sua grande maioria.
- Conseguiu a sua segunda vitória consecutiva 16 jogos depois de ter chegado ao Sporting. Que significado é que isso tem para si?
- Não olho a isso. São apenas três pontos. Nesses 16 jogos é perceber os jogos que tivemos, perdi dois para a Liga dos Campeões, com o Dortmund e o Leipzig. Se for a olhar a isso todos os dias vão querer encontrar coisas. Agora que ganhámos dois jogos consecutivos vão arranjar qualquer coisa que o Sporting precisa de fazer para demonstrar o que quer que seja para fora. Focamo-nos muito no nosso dia a dia, tem sido muito bom, a ambição que temos demonstrado, o querer é bem demonstrativo nos jogadores, com todas as dificuldades e contratempos que temos tido, a equipa continua diariamente feliz, com a ambição enorme de ser bicampeão. Hoje fomos muito competitivos num jogo que ia ser exigente com uma equipa que gosta de pressionar homem a homem, fomos melhores, por isso é que ganhámos. Mantemos a posição que queremos, que é ser primeiros, e seguimos o nosso caminho.
- De tudo o que já teve de de reinventar para fazer um 11, face às limitações e com muitos jovens, porque é que Biel, contratado em janeiro, nao é opção?
- Biel é solução como todos os outros. Está a adaptar-se ao jogo, é um miúdo que percebe que está a chegar, tem de perceber umas coisas, crescer noutras e está à espera do momento dele, que vai ter, apenas não tem sido opção por estratégia. O Biel podia jogar na zona de Trincão e do Quenda, mas optámos pelo Geny, que dám mais velocidade e depois entrou o Harder, porque o jogo estava a entrar numa fase algo mais partida. São estratégias, mas estou feliz por ele perceber que chegou e tem de se adaptar à exigência que é jogar aqui.
- Que comentário faz à exibição de Gyokeres, que terminou agarrado à perna esquerda na primeira parte? Arriscou em mantê-lo em jogo?
- No final da primeira parte levou uma pancada do central do Estoril, mas ele está bem. No Arouca não era para jogar tanto tempo, hoje não corremos risco. Dois golos? É o Viktor. Ele é fortíssimo no um para um e sabíamos que íamos explorar muito o Viktor, a malta esteve ligada à estratégia durante 90 minutos. É também de enaltecer a capacidade do Edu [Felicíssimo], que se estreou e fez um jogo fantástico e, apesar de não gostar muito de forma individual, vou falar do Zeno [Debast] que encheu o campo. Fez um grande jogo, numa posição que não é a dele, adorei o jogo dele, foi fantástico, tem crescido imenso e foi muito importante, é um jogador adaptado e tem tido um comportamento fantástico.
- Sporting é líder isolado, mas continua com muitas baixas por lesão. Porque é que só mexeu na equipa, por opção, quase aos 80 minutos?
- Das opções que tínhamos e perante as respostas que a equipa estava a dar não precisei de fazer nenhuma alteração. O Geny está à procura da melhor forma, sabíamos do tempo que podia dar, podia ter tirado o Edu [Felicíssimo] mais cedo, mas ele estava tão bem, o Arreiol entrou muito bem. As substituições dão para são ser feitas, mas não tenho de as fazer aos 50, só se achar que as deva fazer, é a minha leitura, bem ou má, é sempre a minha leitura.
- Matheus Reis saiu lesionado?
- Não! Saiu porque estava cansado, tem jogado mais na largura naquela posição, mais distância para percorrer e sabíamos que ao início da segunda parte ia estar no limite físico dele. Teve um toque no braço, mas já falei com ele e não está lesionado.
- Analisando as estatísticas desde o início da época, em jogos em casa o Sporting só teve menos posse de bola com o Benfica e hoje com o Estoril. Que interpretação faz?
- Perdemos muitas vezes bolas a tentar sair rápido nas transições, com Trincão, Gyokeres e Quenda, no três para três a tomarmos decisões precipitadas e perdemos algumas vezes a bola. Foi um jogo repartido, podíamos ter estado a ganhar 3-0 ou 4-0 algumas vezes, eles não estavam capazes de ferir o Sporting, tiveram algumas algumas aproximações e cruzamentos, mas nada de grande perigo.
- Qual a importância de Debast, que tem lateralizado muito, deixando o miolo até algo mais despido?
- O que ele fez, fez muito bem. A estratégia e o sistema... hoje em dia o futebol está muito evoluído, nos 90 minutos há muita mutação no jogo. O Zeno tem grande capacidade de passe, são estratégias, mas nunca estivemos desequilibrados.
- Na primeira parte o Sporting fez nove remates à baliza, tantos quantos fez nos 90 minutos frente ao Aves SAD. Esta foi a melhor primeira parte da era Rui Borges?
- O Sporting fez um jogo bastante equilibrado, fomos capazes, fortes, de forma estratégica era um jogo que ia exigir muito de nós e a equipa deu uma resposta fabulosa. A nossa equipa atual tem miúdos de 17, 18, 19 anos. Importa é ver que os adeptos percebem isso, nunca nos faltou apoio, os adeptos percebem que precisamos deste carinho e energia positiva. Importa-me é sentir que percebem as nossas dificuldades e a forma como nos estamos a bater. Deixo esse repto para que no domingo se façam sentir em Rio Maior.