Nehuén Pérez ouviu isto antes de mudar-se para o FC Porto: «Entra no avião e arranca»
Vaná conta a A BOLA o conselho que deu ao (agora) defesa-central dos dragões; guarda-redes brasileiro jogou com o argentino no Famalicão. «Adeptos do FC Porto podem ficar descansados», garante
O eixo Famalicão-Porto está mais fortalecido do que nunca e no passado domingo, na partida entre o FC Porto e o Farense (2-1), foram quatro os jogadores portistas que já tinham no seu currículo uma passagem pelo emblema minhoto – Nehuén Pérez, Otávio, Francisco Moura e Iván Jaime.
Desse quarteto, centremo-nos em Nehuén Pérez, jogador que logrou mesmo a estreia de dragão ao peito diante dos algarvios. O internacional argentino – cujo empréstimo da Udinese custou aos cofres do FC Porto 4,1 milhões de euros, ficando a SAD presidida por André Villas-Boas com direito de opção de compra de 90 por cento do passe, no final da presente temporada, por €13,3 M – teve um debute tranquilo e demonstrou estar pronto para responder à exigência do novo desafio. Foi uma aposta forte da formação azul e branca para a época em curso e, a julgar pela amostra, o tiro terá sido mesmo certeiro.
Trata-se da segunda experiência do defesa-central no futebol português, por onde já tinha passado na época 2019/2020, ao serviço do… Famalicão. E foi vislumbrando, precisamente, essa temporada que A BOLA esteve à conversa com um antigo colega de Nehuén Pérez nos famalicenses. Alguém que também jogou no FC Porto e que, por essa razão, está totalmente capacitado para uma análise pormenorizada sobre o nono dono da camisola 24 dos dragões: Vaná Alves.
O ex-guarda-redes dos portistas, atualmente a defender as cores dos cipriotas do Aris Limassol, aprova por completo a contratação do (também) sul-americano.
«Na altura, no Famalicão, e mesmo sendo muito jovem, já demonstrava toda a sua qualidade. Por ser argentino, era um jogador bastante agressivo. No bom sentido, claro [risos]. Facilmente víamos o que hoje é uma certeza, o Nehuén é um excelente defesa-central. É forte nos duelos individuais, tanto pelo ar como pelo chão, e tem muita calma. Além disso, como tem imensa qualidade técnica, sai a jogar com grande nível. Agora, estando mais maduro, naturalmente que está ainda melhor e é um jogador para se impor claramente no FC Porto. Os adeptos podem ficar descansados», analisa o brasileiro.
E de antigo jogador do FC Porto para atual jogador do FC Porto chega uma revelação exclusiva: Vaná aconselhou Nehuén a rumar aos dragões. «Nesta última pré-época, ainda estava ele estava na Udinese, fizemos um jogo particular. No final, ele veio ter comigo a perguntar-me o que eu achava do FC Porto e da cidade. A minha resposta foi: fecha os olhos, entra no avião e arranca. É um grande clube, com um estádio e um centro de estágios fantásticos, e a cidade é maravilhosa», confessa ao nosso jornal.
A terminar, Vaná fez também a análise do lado humano de Nehuén Pérez e que resvala para o compromisso profissional: «É muito tranquilo e muito sério. Mesmo à defesa-central. Demonstra essa imagem de respeito dentro do campo. No dia a dia, mata-se a trabalhar, come a relva. Tem aquela garra típica dos argentinos. Acredito que vai pegar de estaca no FC Porto e ajudar o clube a lutar por títulos, algo que, de resto, faz parte do ADN do FC Porto.»
Dono do lugar, mas Pepe é Pepe
Nehuén Pérez ocupa, por esta altura, o lado direito da dupla de centrais do FC Porto. Um lugar que foi ocupado durante várias épocas por um dos nomes maiores da história dos azuis e brancos: Pepe.
Vaná eleva o antigo internacional português ao mais alto patamar, apelida-o de «lenda» e diz ser «impossível fazer comparações». Mas deixa a garantia de que o argentino vai estar à altura do posto específico.
«O Pepe era uma lenda e a sua saída deixou um enorme vazio. Sendo o Nehuén Pérez o seu substituto, e mesmo sem querer, de todo, entrar em comparações, até porque isso é completamente impossível, o que acho é que o FC Porto encontrou uma excelente alternativa. A qualidade do Nehuén vai permitir-lhe estar à altura da responsabilidade», analisa o guarda-redes canarinho.
Afinal, além das caraterísticas que já elencou sobre o argentino, Vaná ainda vai mais longe: «Como é muito tranquilo e tem tanta qualidade técnica, o facto de lidar bem com a pressão também lhe permite jogar muito bem entre-linhas, saindo da zona de pressão com enorme facilidade. Consegue iniciar a primeira fase de construção e dar andamento ao processo ofensivo da equipa. E isso são valências muito importantes para um defesa-central moderno.»
O empurrão para a Argentina
Hoje já internacional A pela Argentina (dois jogos), Nehuén Pérez teve, antes disso, muitas chamadas às seleções mais jovens da Albiceleste, tendo também chegado à equipa Olímpica.
Ainda recordando os tempos de Famalicão, Vaná faz mais uma revelação curiosa e que revela bem o bom espírito de grupo que o antigo colega fomentava.
«Nós, na brincadeira, dizíamos-lhe que o tínhamos feito chegar à seleção. Quando ele voltava dos estágios e dos jogos, recordávamos-lhe sempre que tínhamos sido nós a metê-lo na seleção [risos]. Era sempre tudo na brincadeira, naturalmente, e até havia aqueles casos em que dizíamos que depois de ele estar no meio daquelas estrelas todas já não nos ligava nenhuma no balneário [risos], conta Vaná, à boa maneira brasileira e com uma boa-disposição que, mesmo telefonicamente, chegou a ser contagiante.