João Vieira Pinto representa o Estágio do Jogador como embaixador da iniciativa. Foto: Sindicato dos Jogadores

João Vieira Pinto: «Fui fazer o Europeu sem clube»

João Vieira Pinto recorda as saídas do Atlético Madrid, em 1991, e Benfica, em 2000; atualmente livre, Hildeberto Pereira fala na aposta no futebol chinês aos 24 anos

Já no relvado, enquanto os atletas já treinavam, João Vieira Pinto, internacional português por 81 ocasiões (23 golos) e atual dirigente da Federação Portuguesa de Futebol e embaixador desta iniciativa, deu conta da sua satisfação: «Fico muito contente porque, mesmo que ainda haja poucas mulheres a jogar futebol, o número está a crescer todos os anos e isso é muito satisfatório, é sinal de que o trabalho está a ser bem feito e tem de continuar a sê-lo», incentivou o dirigente.

«É o primeiro ano em que as mulheres vêm jogar futebol aqui no Sindicato e é sinal do próprio desenvolvimento que este Estágio tem tido, agora também com as mulheres. Não é apenas um estágio com jogadoras desempregadas, é um estágio para quem quer ou gosta de jogar futebol, que tem a oportunidade de treinar aqui com outros jogadores e jogadoras. Associar-me a este estágio como embaixador é uma grande honra», assumiu o antigo futebolista, vencedor de duas Ligas, duas Supertaças e quatrp Taças de Portugal, hoje com 53 anos.

Habituado a associar-se a este evento, João Vieira Pinto destaca a sua importância e produtividade. «Este estágio é a minha segunda casa, há muitos anos que faço parte dele. Há jogadores em maiores dificuldades e há uma taxa grande de sucesso, com 62% a arranjar emprego, que é o objetivo prioritário deste estágio», assinalou, lembrando ter sentido na própria pele o que é estar no desemprego… e na última delas acabou por passar do Benfica para o arqui-rival, o Sporting.

«Em 2000, quando saí do Benfica e fui fazer o Europeu sem clube, não foi a primeira vez que aconteceu comigo, já tinha acontecido aos 20 anos. Quando saí do Atlético de Madrid e vim para Portugal, também estive dois meses na mesma situação e, naquela altura, fui treinar sozinho com o meu irmão para o Parque da Cidade, no Porto. Ia voltar ao Boavista, mas ainda lá não estava», recordou o antigo criativo, aludindo a esses dois momentos, em 1991 e 2000.

Infelizmente, destaca JVP, não existia Estágio do Jogador há 25 anos… «Obviamente que se tivesse o Sindicato naquela altura, era aqui que vinha estagiar e fazer os meus treinos, com treinadores profissionais. Felizmente, correu tudo bem comigo, mas esta é uma grande oportunidade para qualquer jogador. Não está fechado apenas aos jogadores em dificuldades, está aberto a todos e tem ótimas condições de trabalho, para quem quer manter a forma é uma grande oportunidade», elogiou, por fim.

Hildeberto Pereira: «Sei que não cheguei lá, mas nunca se sabe o dia de amanhã»

Entre os futebolistas que buscam nova colocação integrados no Sindicato está Hildeberto Pereira, que conta três épocas de primeira Liga. Antes, o avançado cumpriu cinco épocas no Benfica – entre 2011 e 2016 -, onde completou a formação até chegar à equipa B e, nesse período, partilhou o balneário com várias figuras do futebol português e até internacional que recorda com um sorriso.

«O Renato, o Ruben Dias, o Nelson Semedo e o Ivan Cavaleiro, que era o meu ídolo quando eu estava na formação… Sei que não cheguei lá mas nunca se sabe o dia de amanhã mas fico muito contente por eles porque joguei com eles, são meus amigos e a felicidade deles é a minha felicidade. Espero que corra sempre tudo bem, que continuem a brilhar na nossa seleção, tal como outros que conheço e que estão a brilhar agora como o Nuno Mendes, o Gonçalo Ramos, o Vitinha ou o João Neves».

«Para mim é um orgulho porque são jogadores que vieram da formação, seja do Sporting, do Benfica ou do FC Porto. Passei por lá e vendo jovens assim, que saem da formação e brilham pelo mundo fora, sinto-me muito contente», assumiu o jogador de 29 anos, que colecionou títulos, um deles a segunda Liga da China.

«São memórias boas, porque atravessamos o mundo para isso, para termos sucesso e foi por isso que fui, aventurei-me jovem para a China, tinha 24 anos e foi um bom projeto. Foi pena ter estado longe da família, quando fui para lá era mais rigoroso e um bocadinho chato, mas foi bom, tinha se calhar uma longa carreira aqui na Europa mas acabei por ir para a China. Diverti-me e consegui títulos, que é o mais importante. Foram três anos duros, mas financeiramente melhores. Tive COVID-19 e estive um mês no hospital… mas a gente ama o futebol,  temos de fazer sacrifícios…»