João Vieira Pinto: «Fui fazer o Europeu sem clube»
Já no relvado, enquanto os atletas já treinavam, João Vieira Pinto, internacional português por 81 ocasiões (23 golos) e atual dirigente da Federação Portuguesa de Futebol e embaixador desta iniciativa, deu conta da sua satisfação: «Fico muito contente porque, mesmo que ainda haja poucas mulheres a jogar futebol, o número está a crescer todos os anos e isso é muito satisfatório, é sinal de que o trabalho está a ser bem feito e tem de continuar a sê-lo», incentivou o dirigente.
«É o primeiro ano em que as mulheres vêm jogar futebol aqui no Sindicato e é sinal do próprio desenvolvimento que este Estágio tem tido, agora também com as mulheres. Não é apenas um estágio com jogadoras desempregadas, é um estágio para quem quer ou gosta de jogar futebol, que tem a oportunidade de treinar aqui com outros jogadores e jogadoras. Associar-me a este estágio como embaixador é uma grande honra», assumiu o antigo futebolista, vencedor de duas Ligas, duas Supertaças e quatrp Taças de Portugal, hoje com 53 anos.
Habituado a associar-se a este evento, João Vieira Pinto destaca a sua importância e produtividade. «Este estágio é a minha segunda casa, há muitos anos que faço parte dele. Há jogadores em maiores dificuldades e há uma taxa grande de sucesso, com 62% a arranjar emprego, que é o objetivo prioritário deste estágio», assinalou, lembrando ter sentido na própria pele o que é estar no desemprego… e na última delas acabou por passar do Benfica para o arqui-rival, o Sporting.
«Em 2000, quando saí do Benfica e fui fazer o Europeu sem clube, não foi a primeira vez que aconteceu comigo, já tinha acontecido aos 20 anos. Quando saí do Atlético de Madrid e vim para Portugal, também estive dois meses na mesma situação e, naquela altura, fui treinar sozinho com o meu irmão para o Parque da Cidade, no Porto. Ia voltar ao Boavista, mas ainda lá não estava», recordou o antigo criativo, aludindo a esses dois momentos, em 1991 e 2000.
Infelizmente, destaca JVP, não existia Estágio do Jogador há 25 anos… «Obviamente que se tivesse o Sindicato naquela altura, era aqui que vinha estagiar e fazer os meus treinos, com treinadores profissionais. Felizmente, correu tudo bem comigo, mas esta é uma grande oportunidade para qualquer jogador. Não está fechado apenas aos jogadores em dificuldades, está aberto a todos e tem ótimas condições de trabalho, para quem quer manter a forma é uma grande oportunidade», elogiou, por fim.
Hildeberto Pereira: «Sei que não cheguei lá, mas nunca se sabe o dia de amanhã»
Entre os futebolistas que buscam nova colocação integrados no Sindicato está Hildeberto Pereira, que conta três épocas de primeira Liga. Antes, o avançado cumpriu cinco épocas no Benfica – entre 2011 e 2016 -, onde completou a formação até chegar à equipa B e, nesse período, partilhou o balneário com várias figuras do futebol português e até internacional que recorda com um sorriso.
«O Renato, o Ruben Dias, o Nelson Semedo e o Ivan Cavaleiro, que era o meu ídolo quando eu estava na formação… Sei que não cheguei lá mas nunca se sabe o dia de amanhã mas fico muito contente por eles porque joguei com eles, são meus amigos e a felicidade deles é a minha felicidade. Espero que corra sempre tudo bem, que continuem a brilhar na nossa seleção, tal como outros que conheço e que estão a brilhar agora como o Nuno Mendes, o Gonçalo Ramos, o Vitinha ou o João Neves».
«Para mim é um orgulho porque são jogadores que vieram da formação, seja do Sporting, do Benfica ou do FC Porto. Passei por lá e vendo jovens assim, que saem da formação e brilham pelo mundo fora, sinto-me muito contente», assumiu o jogador de 29 anos, que colecionou títulos, um deles a segunda Liga da China.
«São memórias boas, porque atravessamos o mundo para isso, para termos sucesso e foi por isso que fui, aventurei-me jovem para a China, tinha 24 anos e foi um bom projeto. Foi pena ter estado longe da família, quando fui para lá era mais rigoroso e um bocadinho chato, mas foi bom, tinha se calhar uma longa carreira aqui na Europa mas acabei por ir para a China. Diverti-me e consegui títulos, que é o mais importante. Foram três anos duros, mas financeiramente melhores. Tive COVID-19 e estive um mês no hospital… mas a gente ama o futebol, temos de fazer sacrifícios…»