Hjulmand, capitão do Sporting, está em risco de falhar dérbi na Luz
Hjulmand, capitão do Sporting, está em risco de falhar dérbi na Luz (IMAGO)

Hjulmand: arriscar ou não, eis a questão... Rui ‘Shakespeare’

NACIONAL29.04.202518:58

Capitão do Sporting está à bica após ter sido admoestado com oitavo amarelo da época na Bessa. Se jogar defrontar o Gil Vicente há risco de falhar o dérbi. A BOLA pediu ajuda a Delfim e Augusto Inácio para uma tomada de decisão

‘Ser ou não ser, eis a questão’. É um dos dilemas existenciais mais conhecidos da literatura mundial. A frase faz parte do monólogo de Hamlet, obra mais famosa de William Shakespeare e ajusta-se perfeitamente a um dilema que Rui Borges, tem para resolver até ao próximo domingo.   

Hjulmand viu cartão amarelo no Bessa, o oitavo da época, e, por isso, está à bica. Ou seja, se jogar com o Gil Vicente e voltar a ser admoestado atinge série de nove amarelos e, consequentemente, fica excluído do dérbi com o Benfica, por castigo. 

Recentemente, em entrevista aos nórdicos da SportTV2, o dinamarquês reconheceu ter temperamento forte: «É algo que preciso de melhorar, sobretudo porque estou a receber cartões desnecessários. Às vezes, isso acontece devido a mal-entendidos na escolha das palavras e das ações, o que leva a desentendimentos com o árbitro e a cartões amarelos estúpidos.»  

O treinador leonino já foi questionado sobre a situação, após goleada imposta ao Boavista, mas não se alongou: «Vocês a pensar no Benfica e eu no Gil. Está à bica como o Matheus [Reis], logo se vê. Não adianta estar a falar do Benfica que o próximo jogo é o Gil.»  

«PUNHA O JOGADOR. EU CORRIA O RISCO»

A BOLA falou com Delfim, antigo médio leonino, para recolher a opinião do antigo jogador e contribuir para ajudar Rui Borges a tomar uma decisão.   

Delfim jogou no Sporting durante três épocas (de 1998 a 2001) e foi campeão nacional

«O jogador quer sempre jogar, isso é uma questão que não se põe e do compromisso que o próprio jogador assume perante essa vontade, primeiro de jogar e, logicamente, partindo do pressuposto que tudo fará para não ser advertido com o cartão, mas é algo que está longe de estar garantido. E cada jogo é um jogo, cada lance é um lance e os árbitros interpretam os mesmos lances muitas vezes de forma diferente e pode, logicamente, correr mal», afirmou.  

Questionado sobre se a decisão de jogar não poderá condicionar a ação do próprio jogador, Delfim não teve dúvidas na resposta: «Sim, é um pau de dois bicos, de facto, não obstante o jogador interiorizar que vai ser mais cauteloso, ter mais precaução, tudo isso são condicionantes impostas logo antes do jogo iniciar e que para o foco que tem contra o adversário, mas esquecem-se que o Gil Vicente não está ganho. Ainda por cima numa posição de choque, box-to-box, é um jogador de contacto.» 

E não hesitou: «Punha o jogador. Só faz sentido o jogo com o Benfica se vencer o Gil Vicente. Eu corria o risco, se tenho um jogador para substituir Hjulmand contra o Gil Vicente, esse mesmo jogador tem todo o mérito também de ter oportunidade contra o Benfica e vai ter motivação extra, é um jogo gtrande grande, uma montra, portanto, os índices motivacionais aumentam consideravelmente, sem desprimor ao Gil Vicente.»  

Desafiado a revelar como prespetiva esta reta final de temporada, o antigo médio do Sporting mostrou-se cauteloso.  
«É difícil dar um prognóstico, as equipas estão taco a taco, a lutar e acho que estão muito equiparadas, neste último resultado, inclusive, com resultados dilatados, quer o Benfica, quer o Sporting, a não se intimidarem, neste caso o Sporting que jogou depois do Benfica, a dar resposta no Bessa, contra um Bovista que precisava muito de pontuar e o Sporting desmontou a equipa da casa, também para demonstrar ao rival direto que tem os mesmos argumentos e que venderá cara a não revalidação do título», concluiu.  

«NEM CONVOCAVA O HJULMAND...»

Augusto Inácio, antigo treinador que se sagrou campeão pelo Sporting em 1999/2000, tem visão diferente de Delfim.  

Augusto Inácio foi jogador e treinador campeão ao serviço do clube
Augusto Inácio nas instalações de A BOLA TV

«É uma boa questão [risos]. Está aqui em discussão um título e toda a gente começa a  perceber que o título vai ser decidido no Estádio da Luz, ou na última jornada, se o Benfica ganhar 1-0. Claro que todos os jogos são importantes, mas correndo o risco de não jogar no na Luz, julgo que o melhor seria não jogar com o Gil Vicente e jogar com o Benfica», afirmou.  

«O jogador, por muito que esteja mentalizado que vai ter comportamento que não leva amarelo. há aquela outra jogada em que tem que esticar a perna ou que correr ao lado do adversário ou mete o pé e o adversário toca primeiro na bola pode levar amarelo ou até falhar. O treinador deve ter uma conversa com o jogador, que é o capitão, no sentido de ele perceber a importância que tem o jogo na Luz, não descurando o jogo com o Gil, mas o Sporting já recuperou Morita, já pode ter mais uma solução ali para aquela posição. Está em jogo o bicampeonato, algo que não acontece no clube há 70 anos, e estou convicto de que o jogador vai entender se o Rui Borges optar por não o utilizar», justificou.     

Contudo, o treinador disse que Rui Borges deve utilizar Hjulmand na sequência do que afirmou publicamente sobre a gestão de cartões amarelos, dizendo que era algo punível.
«Se disse isso e estou convicto que vai seguir a sua ideia e vai colocá-lo a jogar. se fosse eu, não o colocava a jogar e nem o convocava sequer. Quer dizer, seguia com a equipa para estágio, mas ficava fora da ficha de jogo», acrescentou.

CASO PALHINHA COMO EXEMPLO

Um episódio que está bem fresco na memória dos sportinguistas é o do João Palhinha. A 26 de janeiro de 2021, aquando da 15.ª jornada na Liga, no Estádio do Bessa, onde os leões venceram o Boavista (2-0), Palhinha estava à bica, em vésperas do dérbi com o Benfica, foi suplente, mas Ruben Amorim lançou-o aos 76 minutos e aos 80’ Fábio Veríssimo admoestou o médio com um cartão amarelo, completando série de cinco na prova.

O Sporting apresentou recurso, alegando que o jogador não teve tempo para a defesa, e o Tribunal Central Administrativo do Sul, poucas horas antes do dérbi, deferiu a providência cautelar, suspendendo a punição de Palhinha que acabou mesmo por ir a jogo com os encarnados. Não jogou de início, com Amorim a explicar que tinha preparado o encontro na perspetiva do castigo. O médio no entanto entrou aos 61’, ainda a tempo de ajudar na vitória por 1-0, golo de Matheus Nunes aos 90+2’

A título de curiosidade diga-se que nessa época o Sporting foi campeão, quebrando longo jejum de 19 anos.

LEÃO SEM O 42 EM SETE JOGOS

Contas feitas aos 51 jogos que o Sporting já realizou esta época, em cinco competições, Hjulmand não participou em sete. Para a Liga falhou cinco jornadas - Nacional, Farense (em ambos estava lesionado), Aves SAD (castigado), Estoril (por lesão) e E. Amadora (a cumprir suspensão) -, também não defrontou o Gil Vicente, nos quartos de final da Taça de Portugal, por estar entregue ao departamento de performance.

O camisola 42 também não constou da ficha de jogo da 1.ª mão do play-off de acesso aos oitavos da UEFA Champions League, em que os leões perderam com o Borussia Dortmund (0-3), por castigo.

Sugestão de vídeo:

0 seconds of 2 minutes, 22 secondsVolume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
00:00
02:22
02:22