FC Porto-Sporting: um último duelo que abane fundações do velho Jamor
Duelos entre Rúben Amorim e Sérgio Conceição são sempre muito ricos taticamente. O portista leva a melhor no confronto, com seis triunfos contra quatro do rival e cinco empates (Foto: Sérgio Miguel Santos)

FC Porto-Sporting: um último duelo que abane fundações do velho Jamor

NACIONAL26.05.202409:00

Marcada pelas palavras do presidente leonino, espera-se final até ‘rebentar’; Sporting pode fechar época com uma dobradinha que não festeja há já 22 anos; Conceição pode estar de saída e troféu daria alguma cor a época cinzenta

Oitenta anos. Daqui por 15 dias, a 10 de junho, oito dezenas de velas serão sopradas pelo Estádio Nacional, obra prometida pelo Estado Novo, inspirado no Olympiastadion de Berlim – construído para celebrar a superioridade ariana perante as outras raças nos Jogos Olímpicos de 1936 –, e inaugurado no Dia da Raça Nacional, hoje dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, pelo presidente da República Óscar Carmona e pelo presidente do Conselho, nos tempos que correm primeiro-ministro, António de Oliveira Salazar. Primeira obra da arquitetura paisagística e marco do modernismo em Portugal, assemelha-se a uma arena, com tribuna de honra, onde no final se homenageiam os vencedores perante o olhar e os aplausos dos vencidos.

No Jamor, realizaram-se 74 das 83 edições da prova-rainha do futebol português. A primeira enquanto cicerone foi a oitava, em 1945/46, com triunfo do Sporting, diante do Atlético, por 4-2. A mais recente a da última temporada, em que o FC Porto bateu o SC Braga por 2-0. Pelo meio, houve uma edição em Alvalade (1974/75), que tinha sido o vencedor da Taça anterior, quatro nas Antas (1960/61, 1975/76, 1976/77 e 1982/83, esta última a mais polémica porque opôs os dragões ao Benfica) fosse por critério de proximidade dos finalistas, ainda mágoa pelo fascismo ou imposição administrativa, e duas no Municipal de Coimbra (2019/20 e 2020/21), devido ao risco de proliferação da Covid-19. Os dragões tentam a terceira seguida, enquanto os leões apontam para a primeira de Rúben Amorim e para a dobradinha, 22 anos depois.

Gyokeres e estratégias

Será o terceiro duelo entre Sporting e FC Porto nesta temporada. Os leões venceram o primeiro, no seu estádio, por 2-0 – jogando contra dez, por expulsão de Pepe, desde os 51 minutos – com golos de Gyokeres e Pedro Gonçalves, e empataram, já com o título à vista, no Dragão, depois de terem estado a vencer por 2-0, na sequência de remates certeiros de Evanilson e Pepê. Entrou ao intervalo Gyokeres e bisou em dois minutos (2-2).

É, como se pode ver acima, na anulação do avançado sueco, melhor marcador do campeonato e figura maior do título dos leões, a par do próprio treinador, que estará grande parte da percentagem da probabilidade de sucesso portista. O que não tem sido conseguido até aqui.

Será de esperar, naturalmente, mais um jogo estratégico, provavelmente o último duelo nos próximos tempos, com Sérgio Conceição a deixar escapar palavras com sabor a despedida. Se Alvalade mostrou um dragão sem medo do risco, com igualdade numérica e pressão fortísima, e Galeno recuado a tentar controlar Geny, a missão saiu furada logo aos 11 minutos, com o 1-0.

Já um leão quase campeão, com Inácio a lateral e Gyokeres no banco, deixou que o FC Porto se apropriasse dos primeiros 45 minutos. Nota para a pressão mais baixa por parte dos locais, a bloquear a construção dos leões pelo meio. Com o sueco em campo, melhorou a saída de pressão e foi por essa via que ainda resgatou pontos à partida, acrescentando-se ainda Nuno Santos para o assalto final. Conceição voltará à carga para novo twist no enredo, Amorim tentará antecipá-lo e vencê-lo em novo tabuleiro de xadrez.

Conceição atrás de recorde

O FC Porto é o clube com mais finais perdidas (14), já o Sporting foi derrotado em 12. Sérgio Conceição pode ainda conquistar o quarto troféu e igualar registo de Otto Glória e José Maria Pedroto, os maiores vencedores. Inevitavelmente marcado pelas declarações de Varandas, que seja sim um duelo até... rebentar.