Andrian Kraev apontou o golo que deu a vitória ao Casa Pia na receção ao Gil Vicente
Festa casapiana após o tento de Andrian Kraev que deu a vitória na receção aos gilistas. (Foto: Carlos Barroso/LUSA)

Casa Pia-Gil Vicente, 1-0 Bicada de ganso reforça ferida aberta dos galos (crónica)

NACIONAL22.02.202518:40

Andrian Kraev teve a cabeça que faltou a Andrew e apontou o único tento do desafio. Casapianos seguros no 6.º lugar, gilistas – com novo técnico - não conseguem sair da zona baixa

Começar esta crónica pelo minuto 50 não é engano, caro leitor. É, apenas e só, o sublinhado… do que ainda não foi escrito: a primeira parte não deixou saudades a ninguém.

Se tivermos em linha de conta que Carlos Eduardo não se esticou o suficiente para corresponder ao cruzamento de João Marques (7), que Rafael Brito apresentou-se com a mira desafinada (10’ e 35’), e que Larrazabal acertou na malha pelo lado de fora, após assistência de Henrique Pereira (23’), estamos conversados relativamente à tranquilidade vivida por Patrick Sequeira e Andrew até ao descanso.

Não se pense, porém, que a etapa complementar foi espetacular. De todo! Foi apenas (um pouco) mais intensa. Os artistas perceberam que a desinspiração não os levaria a lado nenhum e regressaram dos balneários com uma postura (ligeiramente) mais ousada.

E para que houvesse alguma vida nos segundos 45 minutos, em muito contribuiu a entrada forte do Casa Pia. Num lance decidido por duas cabeças – a que teve Andrian Kraev e a que faltou a Andrew (que saída tão desajustada dos postes…) -, os da casa abriram o ativo, com o médio búlgaro a antecipar-se ao guarda-redes brasileiro.

Estava definitivamente colocada à prova a capacidade de reação do Gil Vicente, não só por estrear um novo treinador – José Pedro Pinto -, mas também porque o risco da quinta derrota consecutiva passava a ser demasiado sério.

A desvantagem podia ter dado aso a uma alteração de estratégia, com os minhotos a preferirem um jogo de posse em detrimento das transições, mas tal não aconteceu. A equipa manteve-se fiel ao plano, com prejuízo evidente para as duas unidades mais criativas do coletivo, Fujimoto e Félix Correia. O extremo ainda tentou, mas Patrick Sequeira fez-lhe a mancha (58’). E apenas Sandro Cruz, já nos descontos, voltou a dar prova de vida dos gilistas, mas o tiro saiu ao lado.

Nessa fase, e com o conforto da vantagem, os casapianos foram adultos. Não arriscaram em demasia – Cauê dos Santos podia (e devia) ter sentenciado o encontro (64’) e Korede Osundina viu um golo ser-lhe (bem) anulado por braço na bola – e tiveram a maturidade necessária para controlar e garantir os três pontos que lhes permitem segurar o 6.º lugar.

A bicada do ganso reforçou a ferida (já bem) aberta nos galos, que terão de restabelecer-se o quanto antes para evitarem aflições ainda maiores na reta final do campeonato.

O melhor em campo: Andrian Kraev (7):

Ao pulmão que voltou a entregar à equipa nos duelos individuais no setor intermediário juntou também o oportunismo (e capacidade de impulsão) para ir lá à frente e, fazendo uso dos seus 194 centímetros de altura, apontar o golo da vitória. Que bela forma do internacional búlgaro assinalar a estreia a marcar pelos gansos. Decisivo.

A figura do Gil Vicente: Jesús Castillo (6)

Se Andrian Kraev teve (um) pulmão, Jesús Castillo teve… (o) outro. O jovem internacional peruano, de apenas 23 anos, também não deixou os seus créditos por mãos alheias na altura de pressionar os adversários na zona do miolo, tendo ainda o condão de tentar iniciar a fase de construção ainda no seu meio-campo defensivo. Desacompanhado.

Reação dos treinadores

João Pereira - Casa Pia

Desta vez, fica um sabor meio amargo porque a equipa estava muito estável em determinados momentos do jogo, mas vencemos o Gil Vicente pela primeira vez na história do Casa Pia e essa é mais uma marca que deixamos. Temos 36 pontos e os meus jogadores estão de parabéns. Acredito que o melhor Casa Pia ainda está por vir.

José Pedro Pinto - Gil Vicente

Do ponto de vista do resultado, não foi uma boa estreia. Mas a verdade é que definimos um plano para este jogo e a equipa procurou levá-lo à prática. Estou algo satisfeito. Simplesmente, houve um momento aparentemente inofensivo que acabou por ditar o resultado e a partir daí o próprio cariz do jogo também se alterou ligeiramente.

As notas dos jogadores do Casa Pia:

Patrick Sequeira (5), João Goulart (5), José Fonte (5), Duplexe Tchamba (5), Larrazabal (6), Rafael Brito (6), Andrian Kraev (7), Leonardo Lelo (6), Jérémy Livolant (5), Max Svensson (5), Henrique Pereira (6), Pablo Roberto (5), Cauê dos Santos (4), Miguel Sousa (5), Korede Osundina (5) e Iyad Mohamed (-)

As notas dos jogadores do Gil Vicente:

Andrew (3), Zé Carlos (4), Josué (5), Rúben Fernandes (5), Kazu (4), João Marques (5), Jesús Castillo (6), Kanya Fujimoto (5), Sergio Bermejo (4), Carlos Eduardo (4), Félix Correia (5), Sandro Cruz (5), Jonathan Mutombo (5), Jorge Aguirre (4), Tidjany Touré (4) e João Teixeira (-)

Notícia atualizada às 19.11 horas