Benfica sem receio do fecho da Luz
O Benfica não teme represálias da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), depois de ter anunciado segunda-feira, em comunicado, que «estará indisponível para acolher jogos da Seleção Nacional enquanto não prevalecer a verdade desportiva nas competições nacionais». Em causa poderá estar o incumprimento do artigo 72.º do Regulamento Disciplinar, que prevê «interdição de um a três meses de jogar no seu recinto».
Os encarnados, no entanto, não acreditam que haverá conflito com a FPF. Desde logo porque, cedo ou tarde, haverá diálogo sobre as queixas e exigências do Benfica. E, em último caso, não está excluída a possibilidade de as águias apresentarem outros argumentos para evitar que a FPF possa usar a Luz.
No mesmo artigo, aliás, pode ler-se que a sanção apenas se aplica caso o clube recuse «injustificadamente» ceder o estádio à FPF «para nele se realizarem jogos das seleções nacionais ou jogos marcados pela FPF enquanto recinto desportivo neutro».
No comunicado publicado segunda-feira, justamente no ponto em que anuncia a indisponibilidade do estádio para os jogos da Seleção Nacional, o Benfica «exige que a próxima temporada seja decidida em campo, de forma transparente, o que não sucedeu na época desportiva que agora finda». Sublinham os encarnados que assumem as respetivas responsabilidades e pedem que «quem tutela e rege o futebol português também assuma as suas».
A interdição de um a três meses, como tal, só poderá acontecer se a FPF, conhecendo a posição do clube, requisitar a Luz e não forem acolhidos eventuais argumentos do Benfica para justificar a recusa da cedência. Cenário que dificilmente acontecerá, até porque poderia provocar reação negativa dos adeptos dos encarnados.
O CFO e vice-presidente do Conselho de Administração da SAD, Nuno Catarino, defendeu a posição do Benfica, ontem, na 3.ª Conferência Bola Branca, da Rádio Renascença.
«Não fechámos as portas à Seleção Nacional, os nossos jogadores continuam a ir à Seleção Nacional», começou por dizer, para passar, depois, ao ataque: «Merecemos mais respeito das instituições que tutelam o futebol nacional.»
Nuno Catarino manifestou a esperança de que a situação possa mudar, assinalando que será com essas instituições que os encarnados terão de «interagir». O comunicado, como tal, reflete a posição do Benfica «neste momento e neste contexto», ou seja, a indisponibilidade do Benfica para receber jogos da Seleção Nacional.
«Vamos esperar até que haja de facto algumas mudanças. Há coragem do lado do Benfica, veremos se há coragem também de outros lados», atirou o dirigente, num apelo claro à FPF, que neste momento aguarda contacto do Benfica.