Rogério Azevedo concorda com a decisão de abrir o Dragão à homenagem ao antigo presidente.

A indignação de Villas-Boas

A ausência de manifestações de condolências de Benfica e Sporting pelo falecimento de uma figura histórica como Pinto da Costa fez o líder portista perceber que na capital não moram parceiros, como tanto desejava, mas sim rivais; 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa

A indignação do FC Porto com a ausência de manifestações de condolências dos rivais de Lisboa pelo falecimento de uma figura histórica como Pinto da Costa, a juntar às palavras de Villas-Boas na véspera do funeral do antigo presidente, em que atirou para os rivais a responsabilidade de, pelo menos, se fazerem representar no serviço fúnebre, poderá abrir novo capítulo, não necessariamente saudável, na relação entre os três grandes.

Se nem uma nota de condolências mandaram, era improvável que alguém do Benfica e/ou Sporting surgisse na escadaria da Igreja das Antas, chorando o desaparecimento de uma personagem que, decididamente, não estimavam. No clássico contra o Sporting, a 7 de fevereiro, Frederico Varandas esteve na tribuna do Dragão com o homólogo do FC Porto. Villas-Boas foi criticado por essa abertura destinada a normalizar as relações em nome de um bem comum, a valorização futebol português enquanto indústria.

Da parte do Benfica não há sinal de que Rui Costa se tenha incompatibilizado com o líder portista. Uma palavra de solidariedade entre presidentes seria um gesto adequado e, até, esperado. Podia ser algo à antiga, como um telegrama ou uma carta, evitando assim os comentários indignos que inundaram as publicações de outros clubes que expressaram solidariedade. Até um pombo-correio servia.

Talvez a deceção de Villas-Boas resida no facto de ter aberto um novo e decisivo capítulo na vida do FC Porto, e percebido que há coisas que nunca vão mudar. Somos uma Liga com uma pequenez atroz e gente mesquinha.