Portugal na terra do fogo e do gelo

Seleção Portugal na terra do fogo e do gelo

SELEÇÃO19.06.202322:04

Portugal aterrou na Islândia. A terra do fogo e do gelo onde a natureza é quem impera. É fácil adivinhar, logo à chegada, que é possível esperar uma aventura épica memorável. Tudo parece saído de uma cena de filme. Mas é difícil resistir às armadilhas do turismo. Todos nos querem levar a algum lado. Os telhados de Reiquiavique, capital onde se concentram mais de um terço da população geral, multicoloridos amenizam o tom monocromático da cidade do gelo.

A beleza, força e estranheza da paisagem contrasta com grande parte dos homens robustos a quem é complicado arrancar um sorriso. Cidade pequena, organizada, ideal para descobrir a pé, não quebra rotinas com a presença de Portugal. Sente-se, porém, algo diferente no caminho para o estádio Laugardalsvollur, um dos nomes, imagine, mais fácil de pronunciar nas muitas indicações que percorrem a cidade. A agitação e os sorrisos das crianças indicavam que algo especial se preparava para acontecer. Algo assim, contam-nos, só mesmo quando Bjork (cantora compositora islandesa que fez furor nos anos 90) ou Hafpor Bjornsson, ator islandês de 2,06 metros e 190 kg, antigo campeão do mundo do The World’s Strongest Man e uma das figuras da série televisiva Game of Thrones, o famoso Montanha protagonizado por Gregor Clegane, aparecem em algum evento.

Desta vez, a atração era com as cores portuguesas. Com Cristiano Ronaldo quase a fazer de Hafpor Bjornsson, como o futebolista mais forte do planeta. Que curiosamente, em terras islandesas, se prepara conseguir algo que nunca nenhum conseguiu: somar impressionantes 200 jogos com a camisola de Portugal. Tudo gira à volta do craque português. Como quase sempre. Exagero? Na Islândia tudo parece ser maior. Nem é preciso sair do centro da cidade onde se situam as zonas ainda mais geladas, inóspitas, apenas ao alcance de guias especializados.

A todo o instante somos obrigados a parar. Para absorver tudo aquilo que nos é oferecido. Para os islandeses a presença de Portugal é apenas mais um atrativo da cidade. Até porque o futebol, juntamente com o andebol, são os desportos dominantes. O histórico Europeu 2016 foi o clique que o país mais seguro do mundo, segundo um estudo recente, precisava. E a partir daí nada foi igual. Foi uma nação (com pouco mais de 300 mil habitantes) que esteve com os seus heróis.

Ver Cristiano Ronaldo no treino, a euforia gerada, fez recordar o passado recente dos islandeses. E pouco importa o resultado de amanhã, pois todos colocam a equipa de Roberto Martínez num patamar inalcançável. Até porque na terra do gelo e do fogo, Portugal chega à Islândia a justificar essa denominação. Portugal, nesta qualificação para o Europeu, tem sido um gelo a defender, pois ainda não sofreu um único golo, e um fogo a atacar, pois só sabe golear. 13-0 são os números. Que devem aumentar amanhã. Com Ronaldo a ser cabeça de cartaz. E a dar o exemplo, pois foi ele, quase sempre com Rúben Dias e Pepe ao lado, a liderar todos os exercícios. Serão neles e muitos outros que estão centradas as atenções amanhã. Num jogo onde Portugal não quer ver beliscado o seu percurso triunfante nesta fase. E onde, claro está, pretende derreter o sólido bloco glaciar islandês que vê neste jogo uma oportunidade única para voltar a sentir o clique que teve em 2016.