Vivà Seleção! 

Adio tema bem aliciante: perspetivas para a próxima época de Benfica, FC Porto, Sporting. Este é um tempo da Seleção Nacional, sendo muito importante falar-se dela, impondo-a à torrente de clubismos.

Discordo de Fernando Santos. Percebo, e, por regra, até saúdo, o seu pragmatismo avesso a teorias, mas… desta vez, Portugal é mais do que candidato; deve assumir-se favorito à conquista da Liga das Nações. Porque, caramba, é campeão da Europa. Também porque, nesta nova competição, venceu o seu grupo, batendo Itália e Polónia. Mais: disputará a meia-final e, desejavelmente, a final em sua casa, no Dragão. Acima de tudo: possui estupendo lote de futebolistas, nada inferior - quiçá pelo contrário… - ao do título europeu.

Portanto, máxima ambição. Primeiro, frente à Suíça - sim, foi árduo superá-la rumo ao recente Mundial. Depois, perante Holanda ou Inglaterra, ambas em muito evidente escalada de rendimento. Da Holanda, sempre com jogadores de elite, o que não se entende é tanto ter falhado nos últimos anos!; agora, acertou agulhas e, tal como o Ajax seu campeão, joga muito! E da Inglaterra, intensamente rejuvenescida, tem-se visto estar, enfim!, no caminho de regresso à ribalta.

E Portugal forte não continua sendo? Agora sem Nani - precioso no Europeu -, João Mário, André Gomes - este apesar da sua importância no Everton de Marco Silva - e André Silva, mas com Bernardo Silva (Guardiola teceu-lhe babados elogios e, num plantel repleto de estrelas, adeptos elegeram-no o melhor jogador!), injeção de sangue novo como João Cancelo (Juventus), Nélson Semedo (Barcelona), Rúben Dias (Benfica), Gonçalo Guedes (Valência), Rúben Neves e Diogo Jota (cruciais no Wolverhampton de Nuno Espírito Santo, grande surpresa da Liga inglesa) e… surgindo Bruno Fernandes, Pizzi e Rafa com esplendorosa forma que não tinham no tempo do Europeu e do Mundial. Sim, Seleção potencialmente mais forte do que a campeã da Europa.

QUE onze? Rui Patrício intocável. Logo à sua frente, parece óbvio: Cancelo-Pepe-Rúben-Guerreiro. Alternativas: Nélson Semedo, José Fonte - campeão da Europa como titular nos 3 jogos finais - e Mário Rui que, nos últimos 2 anos, várias vezes saltou do Nápoles para titularidade na Seleção. Está por explicar nova ausência de Anthony Lopes - muito bem em França - como suplente de Rui Patrício. E ficaram de fora desta convocatória, na sombra de Cancelo e Semedo, 3 defesas direitos que bem poderiam lá estar: Ricardo Pereira (jogou no Mundial e, esta época, foi o melhor do Leicester, segundo votação dos colegas), André Almeida (estupenda temporada no Benfica, claramente o melhor defesa direito em Portugal) e Cédric, campeão europeu e titular no Mundial. Por aí, problema terá sido escolher 2 no fartote de 5…

Meio campo: mesmo deixando de fora André Gomes e João Mário, qualidade não falta. Dores de cabeça terá Fernando Santos para decidir. Desde logo, quanto ao esquema tático (tem andado de 4x3x3 para 4x4x2 e vice-versa) e sua consequência na escolha dos intérpretes.
Face ao rendimento nesta época, dá vontade de pedir linha média com Pizzi e Bruno Fernandes, tendo, nas costas, proteção de Rúben Neves. Porém, não acredito que Fernando Santos vá por aí… Gosta de ter dupla na zona central do meio campo que lhe dê mais segurança na recuperação da bola. Portanto, Rúben Neves-João Moutinho (patrões no Wolverhampton), ou Rúben-William, como nos mais recentes jogos. Se 4x3x3, palpita-me que cairá… Pizzi (Bruno à frente da tal dupla, qual n.º 10, aproximando-se do ponta de lança e rematando como tão bem sabe). Aliás, mesmo em 4x4x2, vida (injustamente) difícil para Pizzi, pois não poderá ir para a direita, propriedade de… Bernardo Silva. Em 4x4x2, aposto num meio campo Bernardo-Moutinho (ou William), Rúben-Bruno (embora goste mais de ver Bruno na zona central). Que parceiro de Ronaldo na frente? Dyego Souza, se recuperado de quebra bracarense… (puro ponta de lança, é quem melhor pode libertar Ronaldo, um pouco, da pressão dos centrais). Outras boas hipóteses para acompanhar Ronaldo, ficando este mais fixo: Diogo Jota (velocidade na meia esquerda e forte instinto de golo), João Félix (interessantes combinações/derivações com Bernardo…), ou Gonçalo Guedes (poderoso também no remate). Rafa - em grande nesta época - será o menos adequado a 2.º ponta de lança num 4x4x2. Estando os flancos preenchidos pelos indiscutíveis Bernardo e Bruno…

Trunfo extra de Fernando Santos: a versatilidade destes jogadores permite-lhe mudar esquema tático durante o jogo, até sem substituições.