Uma questão de exercício de autoridade
Seria impensável, numa competição da UEFA, o comportamento de dirigentes e técnicos que vemos na Liga. Respeito e falta dele...
EM Portimão houve mosquitos por cordas entre Paulo Sérgio e Sérgio Conceição, uma espécie de cereja no topo do bolo da indisciplina fora das quatro linhas, que tem marcado a presente temporada do futebol português.
É verdadeiramente terceiro-mundista, de facto, a forma como os bancos, uns mais do que outros, procuram entrar em jogo protestando por tudo e por nada, como se o pudor que impedia alguns comportamentos públicos se tivesse desvanecido. Pergunta-se: porque o fazem? A resposta é simples e direta: porque os deixam. É na simplicidade desta conclusão que se encerra, aliás, a complexidade suprema da questão. Porque os mesmos protagonistas que na Liga são irreprimivelmente agressivos e conflituosos, quando chega a hora dos jogos da UEFA transformam-se em pacatos e ordeiros profissionais, que acatam as recomendações e não põem pé em ramo verde.
A única coisa que difere entre ser lobo ou ser cordeiro é o ambiente onde se desenrola a cena. Porque a UEFA não brinca em serviço, e é por isso que jogadores e treinadores optam por comportamentos mais comedidos, enquanto que a disciplina da Liga portuguesa, para este tipo de insurrectos, é amigável e quase contemplativa. Com a UEFA, dura lex, sed lex, por cá, com multas de trocos, é sempre bar aberto.
E quem vier dizer que a culpa é dos árbitros, que se desengane. A culpa, todinha, reside nos regulamentos, que como se sabe, não se fazem sozinhos. Se os treinadores e dirigentes podem fazer tudo e mais um par de botas quando estão no banco, e depois são punidos com cócegas, o que urge emendar é a moldura punitiva subjacente. Quem optar por ficar à espera de um despertar de consciências, bem pode esperar sentado. Sendo esse um problema sempre dinâmico, não é o cerne da questão. Se assim fosse, os treinadores e dirigentes comportar-se-iam da mesma forma tanto nas competições europeias como nas nacionais. Como não o fazem, e o que difere, sobretudo, entre umas e outras, é o nível dos castigos, é por aí que deve ser encontrada a solução. Se quem de direito, quem tem poder para alterar regulamentos, nada faz, a conclusão é clarinha como água: é porque acha que assim está bem. Depois, não se queixem nem digam que a culpa é do árbitro...
ÁS – ANDRÉ SILVA
O ponta de lança português, que mantém o mediático Luka Jovic sentado no banco, já marcou 21 golos nos 26 jogos que a Bundesliga leva, dividindo a segunda posição entre os artilheiros (o primeiro é Lewandowski...) com Haaland, coqueluche do futebol internacional. Pé quente e segue-se a Seleção Nacional.
ÁS – RÚBEN AMORIM
Mais uma jornada, mais uma vitória, título nacional cada vez mais perto. Mas numa fase em que o maior perigo vem da euforia que pode tirar o foco do essencial, o jovem técnico dos leões está a mostrar uma inteligência emocional afinada: por um lado põe água na fervura, por outro dá moral aos jogadores...
DUQUE – JOSÉ MOURINHO
A derrota em Zagreb deve ter doído muito ao treinador de Setúbal, que via na Liga Europa um ótimo meio de acesso à Champions. Mas, provavelmente, pior do que perder em casa do Dínamo por 3-0, foi a forma como o Tottenham se arrastou pelo campo, indolente, insolente, irreconhecível. Vida difícil, Zé...