Porque escorregas tanto, Benfica?
Os jogadores do Lusitânia Careca e Bavikson Biai disputam a bola com o jogador do Benfica, João Mário (Eduardo Costa/LUSA)

Porque escorregas tanto, Benfica?

OPINIÃO20.10.202320:58

Regresso à muito mais exigente Liga dos Campeões, já na próxima terça-feira, deve servir para os encarnados meditarem sobre o futebol que estão a jogar

O Lusitânia dos Açores deu, na verdade, extraordinária réplica e soube impor alguns obstáculos ao Benfica, mas isso não pode explicar tudo sobre a pobre exibição do campeão nacional na estreia na Taça de Portugal 2023/24. 

Devemos reconhecer todo o esforço da equipa de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, que compete no Campeonato de Portugal (a quarta divisão do futebol português) para se tornar num adversário que foi tudo menos fácil para as águias.

Mas devemos reconhecer também que o Benfica esteve quase sempre longe de mostrar um futebol entusiasmante, suficientemente aplicado ou minimamente eficaz, apesar do resultado final parecer o contrário.

Chegou, aliás, a parecer absurda a facilidade com que a equipa de Roger Schmidt perdia a posse da bola, bem como, em demasiados momentos, a surpreendente dificuldade de conseguir sair a jogar da zona defensiva ou concretizar lances com princípio, meio e fim.

O opositor mostrou muita valentia, mas o valor da equipa açoriana não pode, por si só, justificar o futebol tão pouco fluído e tão pouco consistente jogado pelos encarnados.  

Foi ridícula, ainda, a quantidade de vezes que alguns jogadores das águias escorregaram e caíram no relvado encharcado, sem poderem, assim, dar a melhor sequência às jogadas ou, como foi o caso particular do brasileiro Arthur Cabral, de as finalizar.

E porque escorregaram tanto alguns jogadores encarnados? Por má escolha dos pitons das botas para um relvado que naturalmente pela quantidade de chuva não estava nas melhores condições? Não sei se foi pelos pitons ou não; mas escorregar tantas vezes não lhe fica nada bem! 

Dir-se-á que o Benfica jogou, agora, nos Açores, o suficiente para ultrapassar confortavelmente esta primeira eliminatória da Taça de Portugal. Mas numa equipa como a do Benfica, mesmo o suficiente tem de valer mais do que se viu no relvado do Lusitânia.

São difíceis de explicar tantos passes falhados, não é fácil aceitar tanta dificuldade na recuperação da bola, tanta previsibilidade, tanta falta de imaginação, tanta inadaptação ao relvado.

O Benfica dos Açores acabou, mais uma vez, por se valer muito do jovem João Neves e da determinação que outro jovem, Tiago Gouveia, aplicou na iniciativa individual que o levou a obter um belo golo e a fechar a contagem do jogo nos 4-1.

Além deles, e naturalmente da vitória, as únicas outras boas notícias para as águias talvez acabem na estreia a marcar do ainda inadaptado (e muito ineficaz) Arthur Cabral e nos minutos mais de competição a que voltou a ter direito o infeliz Gonçalo Guedes.

De resto, talvez se exija meditação á águia sobre o futebol que está a jogar, sobretudo agora que está de volta a Liga dos Campeões, com a Real Sociedad a visitar a Luz, já na próxima terça-feira).

Podem Roger Schmidt e jogadores considerar que está, afinal, tudo bem com a equipa. Mas se, porventura, se confirmar o contrário, não podem, pelo menos, dizer que não foram avisados!