Imagem de Pedro Proença a dicursar na manhã de segunda-feira, 3 de fevereiro, durante a apresentação da sua candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Futebol. «Unir a comunidade do futebol» é o que se lê em pano de fundo
Pedro Proença é candidato à presidência da Federação Portuguesa de Futebol (Foto: ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA)

Unir a comunidade do futebol

OPINIÃO04.02.202508:00

O poder da palavra é o espaço de opinião semanal de Duarte Gomes, antigo árbitro internacional de futebol

Ontem, a Cidade do Futebol — a escolha do local foi muito feliz — testemunhou a apresentação formal da candidatura de Pedro Proença à Presidência da Direção da Federação Portuguesa de Futebol. O evento, que teve casa cheia, contou com convidados dos mais diferentes quadrantes do desporto e sociedade portuguesas: árbitros e ex-árbitros, dirigentes associativos e federativos, responsáveis de clubes e de Sad's, jogadores e ex-jogadores, treinadores e antigos selecionadores, sindicatos e associações de classe, políticos e empresários e muitos outros ilustres da nossa praça.

O título desta crónica não foi obra do acaso. É um dos lemas escolhidos pelo ainda Presidente da Liga Portugal para o mandato que se propõe vencer no próximo dia 14: a união de todos, em torno de objetivos comuns. Estamos a falar de um novo modelo de governação (mais inclusivo, segundo o próprio), de um Plano Nacional de Arbitragem (diz-se que o setor passará por uma profunda transformação, da base ao topo), de reformas substanciais nas áreas da disciplina e da justiça (pretende-se que atuem com maior celeridade e eficácia), de uma maior sustentabilidade e de uma distribuição mais justa de receitas.

As promessas são ambiciosas e colocam sobre os seus ombros uma responsabilidade que, diga-se de passagem, o ex-árbitro internacional está habituado a lidar: para além das quase três décadas na arbitragem, onde alcançou o estatuto de melhor do mundo, Proença aceitou um desafio impossível ao assumir uma Liga de Futebol em pré-falência, revitalizando-a dos pés à cabeça. A sorte dá muito trabalho, de facto. Hoje a casa do futebol profissional tem uma roupagem nova e é um mundo à parte. Nem a soma de todos os ódios pode negá-lo. E é precisamente essa faceta, a de gestor rigoroso (às vezes com mau feitio) que lhe confere condições de exceção para realizar um trabalho mérito à frente daquela que é hoje uma das maiores marcas portuguesas.

Não é segredo para ninguém (nunca fiz questão que fosse) que entendo que ele é, de longe, muito de longe, a escolha certa para liderar os destinos do futebol em Portugal. A opinião, que assumi neste espaço há mais de sete meses (ainda não existiam candidatos oficiais) não é contra ninguém. É a favor dele, da sua competência, da sua capacidade profissional. Estou convicto que a lista concorrente e todos os que compõem os respetivos órgãos, é composta por pessoas sérias, capazes e de bem, que têm a legitima pretensão de fazerem coisas boas no nosso futebol. Apenas sinto que Proença fará melhor.

Parafraseando o que disse ontem o seu candidato a Presidente da Mesa da Assembleia Geral: «Pedro Proença é uma das melhores pessoas da sua geração.» De facto, é. Não é perfeito, não é infalível, nem é o super-homem. É só diferenciado.

O futuro encarregar-se-á de provar a profecia.

Independentemente da escolha que os delegados farão em breve, é absolutamente certo que a atual Direção da Federação Portuguesa de Futebol cessará agora funções.

E nesta hora de despedida, é da mais elementar justiça reconhecer a qualidade exemplar do trabalho que foi feito ao longo dos últimos anos. Haverá sempre um antes e um depois do mandato do Sr. Dr. Fernando Gomes, pessoa que sempre primou pela elevação, respeito, discrição e sobretudo educação, quer em público, quer em privado. A ele — e também à equipa que meritoriamente escolheu — cabe um elogio do tamanho do mundo. O futebol português é hoje um produto reconhecido além-fronteiras, fruto das muitas vitórias obtidas, do reconhecimento internacional de muitos dos seus atores e da valorização imensurável de áreas antes negligenciadas (sobretudo no futsal, futebol de praia e futebol feminino).

O futuro tem tudo para ser fantástico, venha quem vier. Vença quem vencer.