Os coveiros do Rui!...

OPINIÃO05.01.201903:00

Este é o primeiro artigo do ano de 2019, um ano cheio de incógnitas em todos os aspectos da vida social, politica e desportiva. Não valerá, pois, a pena fazer muitas conjecturas sobre o mesmo. Também é tempo de balanço de 2018, um ano cheio de acontecimentos, em grande parte maus para o meu clube, e que me encheram de tristeza, mas que para mim terminou, a nível pessoal, de uma forma sensacional: fui avô!
Neste tempo de transição de ano, mas dentro da época desportiva de 2018/2019, com o mercado de transferências em funcionamento, mas ainda sem grandes novidades quanto àquelas, a grande notícia foi a cessação do contrato de trabalho do treinador do Benfica, Rui Vitória -  forma elegante e simpática de dizer que foi posto na rua. E ainda que a notícia possa ser grande, não foi inesperada.
Na verdade, soube-se, já na parte final deste ano, que, no final de 2017, começaram a fazer a cama a Rui Vitória. Perdido o penta e com Jesus fora do Sporting, começou uma lenta, mas clara, cova para enterrar quem não gosta de ser comido de cebolada, mas com couscous dá um jeito! É tudo, como temos dito, uma questão de tempero, que, em alguns casos, se confunde com personalidade!...
Há umas semanas foi despedido, como todos sabemos, mas voltou a ser readmitido. Luís Filipe Vieira, preocupado com a toupeira que, como se sabe, vive no escuro, viu subitamente uma luz que lhe apontou o caminho da readmissão ou marcha atrás no despedimento. Quanto a mim, essa luz de cor amarela, como nos semáforos, veio das arábias e queria apenas dizer que esperasse até haver sinal verde para Jorge Jesus fazer as malas para Lisboa.


Contudo, Luís Filipe Vieira, com aquele ar sério e grave, com que aliás procede à leitura de discursos nas Casas do Benfica, veio dizer que, a menos que algo de imprevisível acontecesse, Rui Vitória seria o treinador do Benfica até ao final da época em curso. Houve quem acreditasse, como há muita gente que ainda acredita no Pai Natal. Para mim, algo de imprevisível seria a previsível rescisão de Jorge Jesus, pois é claro, apesar de tudo o que se passou, que o namoro voltou após um divórcio litigioso.


Se se verificar o que desde então se passou, se houve alguma coisa que não era previsível, foi exactamente um Benfica ganhar uma série de jogos, já que o jogar mal era uma previsão tão evidente como um meteorologista dizer, debaixo de uma trovoada, que está a chover. Tal como era previsível a enxurrada de golos ao Braga, dado o demérito normal deste diante do Benfica.
Sobretudo, era absolutamente previsível, como aliás disse várias vezes e muita gente concordou, que, à primeira derrota, previsivelmente voltariam os lenços brancos e o pedido de demissão de Rui Vitória.


Ao fim e ao cabo, muita coisa era previsível, mas nada que estivesse relacionado com Rui Vitória. Com este nada de imprevisível aconteceu como terá dito a luz que iluminou Vieira! Só que o desejo de o ver pelas costas era tão grande que iluminou - e de que maneira - o pé de Rúben Dias e a cabeça de Jardel. O clarão foi tão grande que até nos permitiu ver Luís Filipe Vieira de telemóvel na mão a mandar mensagens previsíveis ou... imprevisíveis! Para não falar das mensagens gravadas dos amigos que o rodeiam, que se vêm aliás revelando previsíveis!
Bastaria certamente um autogolo - o de Rúben Dias - para se verificar o acontecimento imprevisível para que Rui Vitória não chegasse ao final da época; mas Rúben Dias permitiu que um segundo acontecimento imprevisível - um segundo autogolo - resultasse de uma cabeçada de Jardel.
Não posso acreditar que estes sejam os acontecimentos imprevisíveis de que Luís Filipe Vieira falou como pressuposto de Rui Vitória não chegar ao final da época como treinador do Benfica. Seria ridículo! Mas o que é certo é que estes foram os imprevistos que ditaram o despedimento de Rui Vitória. E por uma razão simples, que é sem dúvida da responsabilidade do treinador Rui Vitória, como seria aliás de qualquer treinador de qualquer clube: não treinou os jogadores para não meter golos na própria baliza!!!


Luís Filipe Vieira deveria assumir a responsabilidade total do que está a acontecer no Benfica, como tem o direito de se vangloriar do que de bom fez, e que toda a gente lhe reconhece, ainda hoje com muitas interrogações. Na verdade, fez tudo para fragilizar o seu treinador do seu projecto, designadamente, abriu a cova para o enterrar e só não assinou a certidão de óbito porque não foi Deus que o iluminou, Jesus não o ajudou e o Espírito Santo agora é um Novo Banco. E depois ficou a aguardar que algo imprevisível justificasse o enterro definitivo.
Nenhum jogador fica indiferente a marcar um golo na própria baliza, mas não pesará na consciência, uma vez que se trata de um gesto involuntário. Mas os autogolos de Rúben Dias e Jardel ficaram marcados na consciência destes, ainda que tal não tenha resultado da sua vontade. Foi Luís Filipe Vieira que lhes pôs essa marca: os coveiros do Rui Vitória!...