Final da Taça: virar a página do Jamor
Paulo Bento, do Benfica, tenta fugir a José Dominguez, do Sporting na final da Taça de Portugal de 1996 que os encarnados venceram por 3-1 (A BOLA)

Final da Taça: virar a página do Jamor

OPINIÃO23.04.202509:28

A final da prova rainha, quando no Jamor, engloba coisas que mais nenhum jogo tem. Incluindo o próprio dérbi eterno. Desde logo, a mais óbvia: um campo neutro, o que significa que não há uma superioridade territorial

O mais do que previsível Benfica-Sporting da Taça de Portugal tem de ser a maior festa do futebol português. Ninguém pode apagar o que aconteceu em 1996, mas todos podem mostrar que uma final no Jamor entre dois rivais históricos pode dar-nos uma memória diferente.

O que suceder no campeonato vai ter todas as implicações na final da Taça de Portugal. O modo como se encontrar o campeão, como as coisas se vão passar no Benfica-Sporting da Liga, na Luz, o que for dito e não dito até 25 de maio vai alimentar um duelo tenso por natureza.

A final da prova rainha, quando no Jamor, engloba coisas que mais nenhum jogo tem. Incluindo o próprio dérbi eterno. Desde logo, a mais óbvia: um campo neutro, o que significa que não há uma superioridade territorial - a exceção poderá ser quando uma equipa da área de Lisboa defronta uma de outra região. Depois, a famosa mata do Jamor, que possibilita piqueniques, grupos de amigos em festa, mesmo que de clubes diferentes ou de um mesmo clube, mas com vizinhança que pode ir do adepto neutro ao rival do dia. Claro que pode sempre haver uma (tentativa) de divisão em zonas diferentes, por adeptos, pela organização mas um Benfica-Sporting muda todo este cenário.

Há toda uma naturalidade na ida ao Jamor. Prepara-se a festa de véspera, se possível, vestem-se as camisolas, pára-se o carro num baldio qualquer e vai-se com quem quer ir, alguns sabendo que não vão entrar no Estádio Nacional, nem querem. Se há adeptos que precisam de um mapa ou uma app para chegar ao Jamor, os de Benfica e Sporting conhecem todos os caminhos para lá entrar. E isso é um problema. De organização, de segurança, porque é muito mais difícil controlar todas as ruas do que a chegada de autocarros.

A hipótese Jamor está, por princípio, correta, olhando ao desejo da globalidade dos adeptos, treinadores e jogadores. E, por princípio, o nome dos clubes que ali chegam para tentar ganhar a Rainha não deveria colocar nada em causa. Mas este será um Benfica-Sporting (seria o maior escândalo da História se o Tirsense virasse na Luz um 5-0 negativo), com tudo o que foi descrito antes e, portanto, esta não pode ser mais uma final. Ela tem de ser um monumento ao nosso jogo.

Os adeptos de Benfica e Sporting têm de exigir o melhor dos seus clubes, dos seus dirigentes, da organização da FPF e da PSP, mas também de si mesmos. Têm de estar à altura da dimensão da rivalidade dos emblemas que amam e da grandeza de uma final no Jamor. Porque se se conseguir virar essa página, a questão do palco da final da Taça de Portugal deixa de existir. A questão, aliás, até se poderia começar por colocar ao contrário. Não faltarão jogos ao Jamor numa edição da Taça de Portugal? Ainda que haja alguém que possa defender a unicidade da final, de modo a não se vulgarizar o espaço e o misticismo da coisa, talvez não seja de todo mal pensado alargar a experiência a outros adeptos.

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