Frederico Varandas
Frederico Varandas. Foto: Miguel Nunes

Dérbis à vista? 'Un día à la vez'

OPINIÃO24.04.202509:30

Benfica e Sporting vão defrontar-se duas vezes nas próximas semanas, para decidir a Liga e a Taça de Portugal. O interesse é grande, mas há quem não tenha muito jeito para o sustentar...

É cada vez mais difícil acompanhar o futebol português com interesse através dos protagonistas. Os jogadores só falam em flashs apressadas e com assessores ao lado que insistem naquelas frases cheias de nada. Os treinadores são os mais expostos, mas não parecem gostar muito disso (vi recentemente o documentário sobre Luis Enrique e este confessa que abdicaria de 25% do seu salário se não tivesse de responder a perguntas dos jornalistas). Já os presidentes sabem que quando falam, muito raramente, tudo pára para os ouvir. O mais expectável é que tenham algo para se queixar, mas também há uma tendência para o autoelogio quando as coisas correm bem, não vá alguém esquecer-se do quão importantes eles são.

Frederico Varandas decidiu falar aos jornalistas no final da vitória sobre o Rio Ave, que carimbou o passaporte do Sporting para a final da Taça de Portugal. Digo falar aos jornalistas, mas tratou-se mais de um monólogo com microfones à frente, uma vez que, a cada pergunta que tentava interromper a sua dissertação, o presidente dos leões sorria, não respondia e seguia em frente com o seu propósito. A mensagem a passar era um elogio ao plantel e ao treinador pelo superar de todas as adversidades esta época - tendo Varandas aproveitado a sua formação clínica para enumerar as lesões que afetaram a equipa - e ainda um apelo aos adeptos para um reforço do apoio nesta reta final onde tudo se irá decidir. Nada contra, mas para isto bastava um vídeo inspiracional nas redes sociais do Sporting.

Antes disto, já Bruno Lage tinha aproveitado a conferência de antevisão do encontro com o Tirsense para questionar um jornalista sobre os seus conhecimentos. Não é a primeira vez que o treinador do Benfica se antecipa às questões mais difíceis (neste caso, os amarelos forçados de Florentino e Di María), ou que se prepara para responder com um sorriso em forma de ataque. Nada contra o respeito pelo Tirsense e a concentração para a meia-final da Taça, mas os jornalistas não fazem as perguntas a pensar no foco de Lage ou do Benfica. Fazem-no para esclarecer, mesmo os adeptos que não gostam nada do nosso trabalho e que até aplaudem cada vez que algum protagonista brinca com este.

O que é certo é que vêm aí dois emocionantes dérbis e estamos focados, temos um plano e vamos trabalhar muito. Não adiantei nada de especial, mas estou só a entrar na onda. Um dia alguém há de perceber como tudo isto é desinteressante e afasta adeptos. Mas enfim, é como diz a sábia tatuagem: um día à la vez.