CR7 ainda vai a tempo de ser ele próprio

OPINIÃO05.12.202205:30

A Suíça marca, para Portugal, a fronteira entre o modesto e o aceitável; as ‘meias’ seriam excelentes, e na final faríamos história

ENQUANTO os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo do Catar estão a decorrer sob o signo da previsibilidade (dentro de padrões elevados de qualidade), já estão definidas duas partidas de mão cheia nos quartos-de-final, um excitante Argentina-Holanda, que já foi final (1978) e meia-final (2014) do Mundial, e um histórico e clássico Inglaterra-França, confronto de seleções que ostentam estrelas de campeão do Mundo. Se a lógica continuar a prevalecer, a chave pode ficar fechada com um sempre mítico Portugal-Espanha, a que acresce o Brasil- Croácia, um sempre candidato, desta feita ao hexa, e o vice-campeão em título. Mas, há que referir que, a este nível e com a competitividade presente, a lógica vale o que vale e o que mais importa é a atitude dentro das quatro linhas. Até agora, a França (que já perdeu com a Tunísia) e a Argentina (que já perdeu com a Arábia Saudita) têm apresentado o futebol mais sedutor, reconhecendo-se, contudo, um altíssimo potencial ao Brasil (com Neymar é outra coisa), que já perdeu com os Camarões, e um crescimento sustentado, em futebol e confiança, à Inglaterra, recheada de grandes jogadores.
 

P ORTUGAL, não obstante algumas peripécias dispensáveis, e uma derrota que deve ser enquadrada no contexto do apuramento prévio para os oitavos-de-final, pode ter uma palavra importante a dizer neste Mundial. A Suíça marca a fronteira entre o modesto (ficar nos dezasseis melhores) e o aceitável (ficar nos oito melhores) e será teste exigente à saúde, sobretudo psicológica, da equipa. Do ponto de vista físico não há danos irreversíveis, do prisma tático Fernando Santos deu, nos três jogos disputados, sinais de mais alguma ousadia relativamente a campanhas anteriores, ficando a dúvida sobre a coesão e a solidariedade do grupo, no meio do turbilhão que tem sido Cristiano Ronaldo, da entrevista a Piers Morgan à lamentável saída de campo contra a Coreia do Sul.

Não sei se chegam a Ronaldo os ecos da insatisfação que a sua prestação (e atitude) tem causado em Portugal, como se viu na auscultação feita em abola.pt sobre a sua titularidade (30% SIM e 70% NÃO). Portugal, repito, precisa do Cristiano Ronaldo que põe os interesses da Seleção à frente de tudo o resto. O outro, de mal com ele próprio e com o Mundo, nem por isso.  
 

ÁS – PAULO BENTO 

Sexto treinador, na história dos Mundiais, a vencer o próprio País, e seleccionador com mais tempo ao serviço da Coreia do Sul, onde chegou em agosto de 2018, Paulo Bento construiu uma equipa séria e trabalhadora, que foi feliz ao cair do pano na partida com Portugal. Segue-se o Brasil. Boa sorte, Paulo. 
 

ÁS – FREDERICO VARANDAS 

Renovar com Rúben Amorim, treinador cobiçado nos Big Five, foi não só uma lança em África, mas sobretudo um sinal de ambição. Varandas foi capaz de dar a Amorim a garantia de que este terá meios para atacar os desafios do novo formato das competições europeias, a partir de 2024, de olhos postos no pelotão da frente. 
 

ÁS –  DIOGO DALOT

O lateral direito do Manchester United agarrou com as duas mãos a oportunidade que teve contra a Coreia do Sul, e justifica plenamente a titularidade, amanhã, no mata-mata com a Suíça. Já João Cancelo, que está a recuperar a confiança, deverá ocupar o lado esquerdo da defesa, onde atua mais vezes pelo City.