'Caso' Matheus Reis: à justiça o que é da justiça
Vai grande a confusão e o burburinho em torno de um erro clamoroso cometido pela equipa de arbitragem na final da Taça de Portugal.
Separemos desde já as águas desportivas das outras: o Sporting conquistou o campeonato e a Taça com mérito, tendo demonstrado ser a melhor equipa da época em Portugal. Nada garante que se a expulsão de Matheus Reis tivesse ocorrido o desfecho do jogo não fosse exatamente o mesmo. Poderia não ter sido, mas também poderia ter sido. É, por isso, demagógico (como sempre, que novidade em Portugal...) tentar colar umas coisas às outras.
Dito isto, Matheus Reis incorreu numa ação absolutamente reprovável, e de pouco lhe adianta dizer timidamente que não fez de propósito. As imagens são claras. Tão claras que se torna incompreensível a agressão não ter sido detetada pelo VAR.
Tiago Martins é um árbitro com uma carreira interessante, que por sinal está a finalizar, e perguntar-se-á deste então o que raio lhe foi acontecer naquele domingo. Mas aconteceu, e não tem justificação possível. Já foi penalizado ao não apitar um dos jogos dos play-off de subidas de divisão, veremos o que sucede a seguir.
Mas não foi só Tiago Martins a sair mal deste filme. Comecemos pelo Sporting: justo vencedor das duas mais importantes provas nacionais, cabe-lhe na sociedade portuguesa um papel bem mais abrangente que cavalgar a clubite ou o fervor das conquistas. E por isso devia, atempadamente, ter anunciado a instauração de um processo de inquérito a um jogador que fez o que fez com a camisola verde e branca vestida, a mesma que milhares de crianças pelo País fora vão vestindo com cada vez maior (e mais justificado) orgulho. Defender os nossos é obrigação, mas puni-los, quando prevaricam a sério, também. Cabia aos leões, pelo menos, investigar o tema.
O Benfica exagerou a toda a linha, começando pela pouca ponderação de Rui Costa nas palavras públicas e nas privadas que depois se tornaram públicas. O comunicado encarnado extravasa o bom senso. Uma coisa é exigir (e bem) responsabilidades a Matheus Reis (deixemos Maxi fora disto, por favor) e queixar-se às entidades competentes. Outra é aproveitar a onda para fazer ameaças de vária ordem e, sobretudo, saltar fora do processo de centralização dos direitos televisivos, que muito incomoda os encarnados.
Foi bem o Governo, esta quarta-feira, ao meter gelo no processo: afinal, ainda há coisas mais importantes que o futebol para discutir em Portugal.
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