Benfica ‘preso’ entre emoção e razão
Depois da ‘débacle’ no dérbi, Jesus conseguiu o milagre da regeneração. Os clássicos que se seguem irão escrever o próximo capítulo...
DEPOIS da penalizadora derrota caseira com o Sporting, o Benfica recompôs-se, garantiu vagas nos oitavos de final da Liga dos Campeões e na final four da Taça da Liga, e carimbou duas goleadas nas partidas da Liga, frente a Famalicão e Marítimo. Ou seja, vai atacar o duplo desafio com o FC Porto numa situação de muito maior estabilidade do que aquela em que se encontrava imediatamente após a desfeita frente aos leões. Não significa esta constatação, porém, que a questão de fundo, que tem trazido a casa encarnada em sobressalto, esteja ultrapassada. A situação continua, no mínimo, fluida, à espera do que vai acontecer nas próximas duas quintas-feiras no Estádio do Dragão. E mesmo Jorge Jesus, que está no olho deste furacão que tem abanado o Benfica, tem procurado gerir com pinças os avanços públicos do Flamengo, mantendo uma diplomacia ativa na frente carioca, ao mesmo tempo que jura estar apenas focado no Benfica.
O gelo em que o clube da Luz e o seu treinador patinam é demasiado fino para que possam achar que estão em segurança e do que for o cenário pós-Dragão dependerão as decisões de fundo.
É evidente que, em condições normais, que não integrassem um passado mal resolvido, a questão do treinador nem se colocaria.
O que Jorge Jesus fez este ano na Luz deve ser considerado suficientemente positivo, especialmente na frente europeia, onde melhor era impossível (para não falar dos 54,3 milhões que já entraram nos cofres); e mesmo no âmbito interno, continua em todas as competições, e depois de um arranque fulgurante e de um apagão significativo, dá agora sinais de ter de novo a equipa a carburar bem e sob controlo.
Se fosse só a razão a mandar, poucas dúvidas subsistiriam de que, independentemente do que acontecesse em casa do FC Porto, a estabilidade não seria beliscada e Jorge Jesus continuaria, sem contestação, pelo menos até ao final da temporada.
Porém, um homem é ele e as suas circunstâncias, e a de Jesus comporta uma decisão de risco, tomada a meias com Luís Filipe Vieira, que resiste de forma débil às contrariedades competitivas.
Colocadas todas estas alíneas em perspetiva, aguardemos pelos resultados dos Clássicos, na certeza de que o futuro próximo do Benfica não lhes será indiferente.
NEEMIAS QUETA
Graças ao jogador dos Sacramento Kings nascido no Barreiro, Portugal tornou-se no 35.º país europeu a ter presença na NBA. Desde que, a partir do início da década de 90 do século passado, o melhor basquetebol do Mundo passou a apostar na universalidade dos jogadores, já vai em 600 o numero de estrangeiros na NBA...
JOÃO CANCELO
O lateral-direito do Manchester City assinou um golo de autor na vitória dos citizens em Newcastle, reforçando um estatuto que o coloca no topo do mundo. Longe vão os tempos em que saiu do Seixal a preço de saldo, por entre muitas dúvidas da cúpula encarnada quanto à sua solidez emocional. Como se vê, enganaram-se.
TIAGO MARTINS
Ora aqui está, para quem ainda tivesse dúvidas, como um magnífico VAR pode não passar de um árbitro de campo com demasiadas insuficiências. Em Tiago Martins encontra-se o exemplo perfeito para defender a separação de carreiras, um caminho que certamente será trilhado logo que haja condições para implementá-lo.