Beraldo e Marquinhos, os dois brasileiros do PSG, procuram vencer pela primeira vez a Champions
A orelhuda já é brasileira
JAM Sessions é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, jornalista e correspondente de A BOLA no Brasil
Em ano de morte de Papa, o campeão europeu é inglês: quando Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI morreram, os campeões foram o Liverpool, o Nottingham Forest, os reds outra vez e o Manchester City, respetivamente. Francisco faleceu no dia 21 de abril mas o Arsenal, cujos adeptos haviam sido, dos pubs à internet, os principais disseminadores daquela teoria simpática aos seus desejos, afinal de contas caiu nas meias-finais no Parque dos Príncipes.
Quem vai disputar a final de Munique é então o Paris Saint-Germain, clube ainda sem título europeu. E quando o jogo decisivo da principal prova do Velho Continente é na casa do Bayern, seja no Olímpico, seja na Allianz, andam agora a espalhar os torcedores parisienses, dos bistrots às redes sociais, o campeão é-o sempre pela primeira vez: o mesmo Forest, o Marselha, o Borussia Dortmund e o Chelsea.
Se no dia 31 de maio o PSG ganhar mesmo ao Inter de Milão, além de prevalecer a teoria dos campeões inéditos na Baviera, vence também Portugal por intermédio dos internacionais Nuno Mendes, Vitinha, João Neves e Gonçalo Ramos. E o Brasil, dos centrais Marquinhos, capitão de equipa, e Lucas Beraldo, reserva do primeiro. Se forem os italianos a levantar a orelhuda, o sotaque português fica a cargo apenas do discreto lateral brasileiro Carlos Augusto.
Ou seja, esqueça o Papa, esqueça Munique, esqueça as tradições ou superstições e concentre-se nos factos: ganhe quem ganhar, o autointitulado país do futebol estará representado. Aliás, neste século houve brasileiros em todas as finais da Champions: a última vez sem eles foi a célebre, de 1998/1999, entre Manchester United e Bayern Munique, em Barcelona, ganha no fim pelos red devils. E a única do século XXI sem um jogador canarinho campeão foi a de 2004/2005, quando o Liverpool de Gerrard e Benítez bateu o Milan de Dida, Cafu, Serginho e Kaká nos penáltis, após aquele célebre 0-3 transformado em 3-3, em Istambul.
No entanto, outro Liverpool, o de Salah e Klopp, contribuiu com Alisson, Fabinho e Roberto Firmino para a final mais brasileira de sempre frente ao vencedor Real Madrid de Ancelotti mas também de Militão, Casemiro, Vini Jr e Rodrygo (e Marcelo ficou no banco…).
O Brasil é o maior exportador de talento futebolístico do planeta, logo é natural que fabrique finalistas e vencedores de Champions anualmente. Mas também é o país com mais católicos no mundo e continua sem eleger um Papa.