A estranha queda da águia

EDITORIAL A estranha queda da águia

OPINIÃO26.10.202309:45

O Benfica substituiu cirurgicamente quem saiu. O problema é que a cirurgia correu mal

Roger Schmidt no rescaldo do traumático jogo do Benfica com a Real Sociedad  percebeu que era preciso dar uma explicação. Não tinha sido, apenas, uma questão de noite de azar em que tudo corre mal. Adeptos do clube e gente em geral que aprecia futebol e viu o jogo percebeu, sem precisar de qualquer curso de treinador, que há um problema estrutural nesta equipa. E o que menos entende é como se tornou possível que a um Benfica demolidor, pressionante, a jogar um futebol moderno e eficaz tenha sucedido, com o mesmo treinador, numa equipa vazia, mole, desgarrada, não conseguindo arrumar os seus jogadores nos espaços convenientes, parecendo, por vezes, um bando de miúdos à solta a jogar à bola.

Pressionado a dar explicações públicas, Schmidt optou pelo argumento mais fácil e mais desculpabilizante. Disse ele que o Benfica está longe de atingir o patamar competitivo da época passada porque perdeu jogadores nucleares. Qualquer adepto de bancada lhe diria que, sim, é verdade, mas por isso gastou um dinheirão para contratar novos jogadores, que dariam todas as garantias de qualidade.

Prevendo essa inevitável resposta, o treinador alemão juntou uma nova justificação: os jogadores novos ainda não se adaptaram.

Vejamos, então, o problema do Benfica pela ótica de Roger Schmidt. Que jogadores influentes perdeu o Benfica da época passada para esta. Perdeu Vlachodimos, mas manda a verdade que se diga que só faltou um funcionário do clube ajudá-lo a entrar no avião. Schmidt estava ciente de que com Trubin a baliza ficava melhor guardada. E é bem possível que tenha razão. Daí para a frente, tudo se complica. O Benfica fez sair o seu habitual lateral direito, Gilberto, e deixou cair André Almeida. Tinha melhor: Bah e, se fosse preciso, recorreria a Aursnes, um todo o terreno polivalente. Na esquerda, foi tudo raso. Saíram Grimaldo (era inevitável) e Ristic. Entraram, cirurgicamente, Jurásek e Bernat. A cirurgia correu mal e o doente não melhorou. No meio campo saíram Draxler e Weigl. Entraram Aursnes e Kokçu, além da confirmação de João Neves. No ataque saiu o goleador, Gonçalo Ramos, mas entrou Arthur Cabral para ser alternativa a Musa. Além destas contratações, entrou ainda uma estrela: Di Maria. Afinal, quem falhou? Schmidt diz que é preciso esperar. Esperemos.