Festa dos jogadores do Sporting, clube que conquistou o título de campeão nacional em 2024/25
Festa do Sporting, que conquistou o título de campeão nacional em 2024/25 - Foto: IMAGO

A cultura que vence campeonatos

O lado invisível é o espaço quinzenal de opinião de Rui Lança, diretor executivo de outros desportos do Al Ittihad, da Arábia Saudita

´When leaders realise tactics don't win championships, culture does.' Quanto mais trabalho em diferentes organizações, mais percebo que é a cultura que distingue os clubes mais fortes, regulares e robustos. É verdade que a cultura não marca golos nem pontos, não faz grandes defesas ou desarmes, mas é ela que permite que potenciais talentos surjam e encontrem condições para se afirmarem. É a cultura que cria mecanismos e procedimentos alinhados com a estratégia, que normaliza os bons comportamentos, que diferencia os clubes nos momentos de euforia ou de crise, e que possibilita a existência de comportamentos codificados com os valores vividos no dia a dia.

No que toca à cultura organizacional — especialmente no desporto de alto rendimento, onde os objetivos são quase sempre imediatos e focados no resultado final — há algumas verdades difíceis de ignorar. A médio prazo, a cultura é o fator mais impactante na predisposição das pessoas para lutarem por um objetivo comum. Quando alguém não está alinhado com a cultura existente ou com aquela que se pretende implementar (sabendo que a mudança cultural leva sempre tempo), essa pessoa deve ser afastada. A verdade é que os valores e comportamentos das pessoas demoram muito a mudar e, muitas vezes, nem há vontade para isso. E a cultura de grupo é o fator mais diferenciador nas organizações que vivem em permanente gestão de crise.

A pergunta que coloco é: para quem está de fora e não tem oportunidade de viver o seu clube ou de comparar o clube A com o B, como se pode avaliar? A resposta está na forma como os diferentes clubes reagem a situações semelhantes. Essa análise, comparativa e contextual, traz-nos mais e melhor informação do que imaginamos numa primeira análise.

Posto isto, com mais uma série de campeonatos de desportos de equipa a arrancar e decisões importantes a serem tomadas na Liga, na COP, etc., será a cultura organizacional a impor as suas regras, organização a organização, equipa a equipa. E num contexto tão específico como é o de Portugal, onde (infelizmente) nem sempre a meritocracia, a aposta na qualidade, a estratégia ou os projetos estruturados são reconhecidos e valorizados, coloca-se uma questão muito pertinente: não se trata apenas de discutir qual é a melhor cultura, mas sim qual é, num determinado contexto, a que proporciona os resultados esperados. Às vezes são os meios que justificam o fim, e outras vezes é o fim que justifica os meios. É assim!

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