O verão quente do Benfica
Faltam pouco mais de dois meses para as eleições do Benfica e o embate entre os candidatos aquece como o verão. Além das declarações do protocandidato Luís Filipe Vieira — que numa recente entrevista largou um conjunto de bombas sobre «bandalheiras» no clube, a FPF, o rival Sporting e treinadores — há uma grande discussão sobre o voto eletrónico.
Noronha Lopes diz não existirem condições para esse tipo de voto. Um dos mais fortes candidatos não quer «chapeladas» e parece ter razão. As eleições passaram a ser polémicas. Nos Estados Unidos, Trump afirma que venceu as eleições de 2020 e continua a não aceitar a derrota para Biden. E ao contrário do que muitos escrevem, Hilary Clinton também não tinha aceite o resultado das eleições de 2016, com a mesmo argumento: havia fraude.
Ora, se isto acontece nos Estados Unidos, também pode acontecer no Benfica. E no Benfica o lugar de presidente é deveras desejado e estas eleições são muito importantes para o futuro do clube. Por isso, é fundamental que não restem dúvidas quanto ao seu resultado.
O voto eletrónico é uma matéria complicada porque, aparentemente, há mais possibilidades de fraude do que no voto em urna. Ou, visto de outra forma, no voto em urna, mesmo nas eleições nacionais, aceitamos que possa haver pequenas falhas, ou pequenas fraudes, mas sabemos que estas não afetam o resultado global das eleições. Essa consciência de que quem governa foi mesmo eleito, é essencial para a democracia seja em nações, seja em entidades desportivas.
Os estatutos do Benfica são a lei que rege o clube. E estabelecem, no seu artigo 48, n.º 2, que o voto é feito em boletim físico e que pode haver «a possibilidade de voto eletrónico desde que decidido por unanimidade dos representantes das listas». E o n.º 3 do mesmo artigo determina «sempre que a opção for voto eletrónico os resultados do voto eletrónico têm de ser verificados pelos votos em urna fechada, contados por uma Comissão Eleitoral». Esta norma está correta e não deixa dúvidas: voto eletrónico só por acordo unânime das listas. E não há esse acordo, logo não há voto eletrónico. A vantagem do voto digital entende-se: se pudermos votar no telemóvel haverá mais votantes.
Mas a legitimidade e legalidade visível para o público das eleições é mais importante: dai a norma dos estatutos. Numas eleições renhidas como estas, onde se espera que nenhum candidato tenha mais de 50 % dos votos à primeira volta, a legitimidade é critica. Uma coisa os benfiquistas podem ter a certeza: há centenas de casas do Benfica espalhadas por todo o país, não vão faltar locais para os sócios votarem!
No meio desta quente disputa eleitoral e de entrevistas inusitadas, o Direito ao Golo vai para o Benfica e para João Félix: a época começou bem para o vice-campeão nacional pois ganhou a Supertaça diante do rival de sempre, o Sporting. Mais, Rui Costa não conseguiu contratar João Félix, o que também parece ser uma boa noticia para o clube devido aos elevados gastos que a operação ia comportar. E o internacional português vai ganhar €35 M na Arábia Saudita. Líquidos, claro, porque no país do petróleo não se pagam impostos. É um real poço sem fundo!