Muito mais do que mestre de judo: «Davam-me como acabado e fui campeão olímpico»
Nuno Delgado. Telma Monteiro. Jorge Fonseca. Patrícia Sampaio. É fácil associar Kiyoshi Kobayashi às quatro medalhas olímpicas conquistadas pelo judo português. Contudo, ele teve também intervenção determinante no primeiro título olímpico português: o de Carlos Lopes, na maratona de Los Angeles, em 1984.
Porque, lá está: o Kobayashi era muito mais do que apenas um mestre de judo. E uma das suas principais atividades era a de médico. A medicina oriental em que se formou mesmo com a participação na 2.ª Guerra Mundial pelo meio.
«O mestre Kobayashi teve uma importância muito grande na minha forma de estar. Devolveu-me a tranquilidade, ao aliviar a minha dor, quando me davam como acabado para o atletismo. Tive um problema no tendão de Aquiles durante dois anos e ninguém me dava garantia de poder voltar a correr», recorda o antigo atleta, a A BOLA.
Salvou-o a sugestão do então presidente do Sporting, João Rocha. «Eu já tinha recorrido a tudo e o João Rocha disse-me para ir ter com o mestre. Ele viu-me e disse: ‘o teu problema tem cura, mas demora muito tempo’. Mas eu não queria saber, só queria voltar a correr», acrescenta.
Voltou, e de que maneira. Como nunca correra antes. Mas foi duríssimo.
«Fiz dois anos de tratamentos, entre 1977 e 1979. Duas ou três vezes por semana, lá estava eu em casa do mestre. Não foi nada fácil, era dor e sofrimento tremendos, mas com fé e força de vontade conseguir ter forças para fazer o que nunca tinha feito», reconhece, dando parte do mérito ao mestre.
«A minha medalha de ouro tem parte do Kobayashi. Eu treinei e corri. Mas sem ele, não teria sido o que fui. Não sei se teria voltado a correr. Foi ele que me permitiu cumprir o sonho de ser campeão olímpico», resume.