Estoril e Moreirense empataram 3-3 - Foto: Rodrigo Antunes/LUSA
Estoril e Moreirense empataram 3-3 - Foto: Rodrigo Antunes/LUSA

Com esta malta dá gosto ir ao futebol (crónica)

Estoril e Moreirense foram protagonistas de um daqueles jogos de domingo à tarde que toda a gente gosta de ver. 3-3 foi o resultado final

Ainda se estavam alguns adeptos a sentar e já Diogo Travassos estava a tirar o primeiro coelho da cartola. O lateral transformado em extremo, mostrando que que sabe bem como fazer magia em terrenos dianteiros, abriu a contagem com um golaço, ao minuto 3.

O primeiro golo é uma boa apresentação daquilo que o Moreirense mostrou no primeiro tempo: Foi uma jogada de ataque muito rápida, que começou na esquerda. A bola chegou, depois até Schettine, que, no meio, fez a ligação entre as duas alas e lançou Travassos. Na direita, o craque emprestado pelo Sporting puxou a bola para dentro e rematou sem hipótese para dentro da baliza de Joel Robles. Pareceu simples.

Os forasteiros entraram melhor. Era como se o mister Vasco Botelho da Costa estivesse a jogar em casa. E, analisando bem a coisa, até estava. Não foi por acaso que o treinador foi muito aplaudido pelos adeptos estorilistas - ele que deixou a sua marca nos sub-23 do clube, ao vencer duas vezes a Liga Revelação e outras duas a Taça Revelação, em 2021 e 2022.

Sem Guitane (a representar a Argélia na Taça Árabe) e Holsgrove (suspenso por acumulação de cartões amarelos), os canarinhos acusaram alguma desinspiração, no ataque. Mas até foi Patrick de Paula, que substituiu o médio escocês no 11, a restabelecer a igualdade. Foi uma grande finalização em 'voley', após uma belíssima jogada coletiva.

Tudo empatado ao intervalo, com um Estoril em crescimento, a reagir a uma entrada mais forte dos cónegos. De facto, a equipa da linha voltou para a segunda parte inspirada e marcou dois golos, em quatro minutos. Primeiro, por Ricard Sánchez. Depois, por Begraoui.

Mas o Moreirense não se ficou a rir e marcou logo a seguir. Após um início frenético dos da casa, para os últimos 45 minutos, o jogo entrou noutra fase e os forasteiros voltaram a estar melhor, com um Estoril mais intranquilo, a procurar gerir a vantagem.

A equipa orientada por Ian Cahtro estava em claro sofrimento e o ponto gatilho chegou com um golo ao cair do pano, numa jogada construída por dois jogadores que Vasco Botelho da Costa tinha lançado no decorrer da segunda parte. O menino Afonso Assis (o melhor em campo para A BOLA), de 19 anos, isolou Luís Semedo que não tremeu e fez o 3-3 final.

No final, o empate acabou por ser o resultado justo, já que nenhuma equipa foi claramente superior à outra e, tendo ambas praticado um futebol positivo, seria muito ingrato alguma delas sair deste jogo sem pontos. É que com esta malta dá mesmo gosto ir ao futebol.

O melhor em campo: Afonso Assis
Saiu do banco para dar alento aos Cónegos. Foi a jogo quando o Estoril tinha acabado de marcar o 3-1. Mal entrou, fez o 3-2. Ao cair do pano fez um passe refinado para Luís Semedo, que viria a fazer o 3-3. O craque de 19 anos, formado no Moreirense e filho do ex-jogador Nuno Assis, deu outra alegria ao meio campo da equipa de Vasco Botelho da Costa. Mais do que o golo, a assistência foi a cereja no topo do bolo da 'curta, mas larga' exibição de Afonso Assis.

As notas dos jogadores do Moreirense (4x3x3): André Ferreira (5); Dinis Pinto (7); Michel (5); Gilberto Batista (5); Francisco Domingues (5); Stjepanovic (5); Vasco Sousa (6); Alan (5); Travassos (7); Landerson (6); Schettine (6); Kiko Bondoso (5); Luís Semedo (7); Afonso Assis (8); Benny (6); Rodri (-)

A figura do Estoril: Ricard Sánchez
Tal como Afonso Assis, também o ala espanhol fez um golo e uma assistência, na tarde deste domingo. Num toque delicioso, de primeira, após ter sido lançado na frente, Sánchez serviu Patrick de Paula no golo do 1-1. No arranque da segunda parte, foi o ex-Granada a marcar o golo da reviravolta, ao aparecer na área do Moreirense e a não vacilar no frente a frente com André Ferreira. O jogador internacional jovem por Espanha tem-se vindo a afirmar na equipa de Ian Cahtro.

As notas dos jogadores do Estoril (3x4x3): Joel Robles (5); Tsoungui (5); Bacher (5); Boma (5); Ricard Sánchez (8); Patrick de Paula (7); Jandro Orellana (6); Pedro Amaral (5); João Carvalho (7); André Lacximicant (5); Begraoui (7); Pizzi (5); Ferro (5); Tiago Parente (5); Pedro Carvalho (5) e Alejandro Marqués (-)

O que disseram os treinadores:

Ian Cathro, treinador do Estoril

Parece que teos de marcar quatro golos para ganhar um jogo de futebol. Enquanto isso for assim, vamos ter muitas dificuldades para prosseguir o nosso crescimento (...) A equipa começou mal e acabou mal, mas acho que entre esses dois momentos mostrámos qualidade. Estamos a passar por uma fase em que temos muitos jogadores fora e a voltar de lesões. Obviamente que isto complica mais alguma coisa... mas, mesmo assim, não podemos sofrer três golos.

Vasco Botelho da Costa, treinador do Moreirense

Acho que merecemos não sair daqui com a derrota. Do ponto de vista ofensivo, acho que fizemos um jogo muito bom, mas não consigo vir aqui dizer que merecíamos ganhar o jogo, quando cometemos os erros que cometemos no segundo e terceiro golos. Tivemos respeito ao Estoril, não podíamos pressionar de qualquer maneira, porque sabíamos que eles estavam muito estimulados a procurar os espaços por dentro e conseguimos ser muito eficazes em evitar que o Estoril conseguisse chegar à nossa baliza.