As culpas de Schmidt e o futuro do Benfica
Não deve ser um golo de penálti (num lance muito discutível) no sétimo minuto de compensação que deve condicionar qualquer decisão que a administração da SAD do Benfica venha a tomar sobre a continuidade, ou não, de Roger Schmidt. Por acaso, o golo permitiu evitar uma segunda derrota seguida fora. Mas até poderia ter dado a vitória, ou até poderia ter sido para o Moreirense — nenhuma avaliação deve centrar-se num, ou ser alterada por, um lance daqueles.
O que tem de estar em causa nas próximas horas nos gabinetes da Luz é perceber porque raio o Benfica joga tão pouco. Será culpa do treinador? E se é, como é que alguém que há dois anos, quando chegou, pôs a equipa a jogar tanto pode agora mostrar-se satisfeito com a atual qualidade exibicional da equipa (continua, de forma incrível, a elogiar atuações como a desta sexta-feira, o que só por si já poderia justificar despedimento por justa causa...)?
Para a primeira pergunta, diria que a resposta é afirmativa. Schmidt não é o único culpado, mas tem falhado no que lhe compete. A equipa do Benfica não mostra uma identidade em campo. O treinador vai mudando ao sabor do vento, parecendo procurar uma fórmula qualquer que resulte, sem que mostre convicção no que está a fazer — e é ele quem está com os jogadores todos os dias, talvez devesse estar em melhores condições para perceber o que vai ou não resultar.
Quanto à segunda pergunta, talvez a explicação seja tão óbvia que todos quiseram ignorá-la: nos primeiros seis meses na Luz, Schmidt teve Enzo Fernández. Nos últimos 18, não.
Estará o futebol de Schmidt tão dependente da qualidade de um 8 (João Neves ou Kokçu nunca chegaram perto do que o argentino fez naqueles seis meses)? Não deveria estar, mas parece — a entrada, ontem, de Renato Sanches, e até o Moreirense ajustar-se, trouxe os únicos bons momentos de uma nova noite má. Mas ir buscar um 8 de exceção nesta altura seria quase impossível (independentemente de questões financeiras, até acertar num 8 de exceção, que encaixasse bem no futebol, chamemos-lhe assim, de Schmidt, parece utopia atendendo ao passado recente do Benfica no mercado), Olhando para o futuro, a SAD encarnada tem de avaliar os jogadores do plantel e perceber se outro treinador tiraria mais deles. Já nem falando da cada vez mais relação insustentável entre Schmidt e os adeptos, começa a parecer que não seria difícil encontrar um.
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