Lesões, críticas às arbitragens e a saída de Viana: tudo o que disse Varandas

Lesões, críticas às arbitragens e a saída de Viana: tudo o que disse Varandas

Regime competitivo e carga de jogos:

«Fui ver o que é oficial, das equipas que jogaram os play-off, e quais os lesionados que declararam oficial. PSV 5, Feyenoord 10, Aston Villa 6, Juventus 5, Real Madrid 5, Benfica 5 ou 6... É isto. Do ponto de vista científico, com esta mudança o número de lesões aumentaram. Teremos de analisar. A UEFA terá de analisar. Não é só no campeonato e nas nossas ligas. É também a nível de seleções. Acho que se calhar é abdicar de competições como Taça da Liga. Temos de encarar de maneira diferente. Queremos estar na Champions, acho que tem de ser... São muitos clubes com muitas lesões e todos disputam a Champions.»

Entrada de Rui Borges:

«Acaba de entrar, não fez pré-época, não tinha um plantel para o sistema de jogo, com o número de lesões não consegue fazer treinos. Continuam a jogar e mesmo eles queimam um dia ou dois para jogar. Temos de queimar estas etapas. Morita é um exemplo. Veio de lesão, recuperou, clinicamente está apto, mas não tem condição física ideal e fez nova lesão. O departamento de performance existe para tratar, mas não evita lesões. O Arsenal perdeu de repente Havertz, Saka, Gabriel Jesus... O que eu vejo, cai um ou dois, mas continuamos lá. Se o processo estiver correto, eu continuo a acreditar em mantê-lo. Há dois anos acabámos em quarto e eu acreditava que o processo do treinador estava correto. Se vão condicionar a época? Para mim não. Pela fibra e qualidade que temos. Não há dúvida que olho, enquanto presidente e ex-diretor clínico, e são semanas em que vamos ter de lutar. Resistindo a estas semanas, aquele grupo vai festejar o campeonato mais saboroso de todos.»

Papel de cada departamento / lesão de Pote:

«É uma área que já existia mas não tínhamos recursos para tal. A unidade de perfomance. Unidade essa que tem dos melhores profissionais e foi tendo desde 2019, nada em falta em termos de aparelhos, gestão. Pertence à direção clínica, a equipa técnica recebe o jogador pronto para treinar e jogar. Nunca houve um ruído desde 2019. Os profissionais são os mesmos. Depois muita gente fala e diz-se muita asneira. Existe muito rumor e telenovelas. O diretor clínico escolhido por mim, Dr. João Pedro Araújo, é diretor clínico desde 2018, é um médico referenciado a nível nacional e internacional. Pertence a uma rede de médicos da FIFA. Depois abaixo temos o responsável da fisioterapia, o coordenador, que, neste verão, recebeu uma proposta de um clube grande inglês. Não vou revelar. São essas pessoas que estão no Sporting. Existem lesões traumáticas que não se controlam. A vida umas vezes dá e outras tira. Estas lesões... Nuno Santos com lesão gravíssima no joelho, Bragança também. João Simões com uma lesão grave do pé. A lesão do Pote, muito se falou, é uma lesão muscular grave. O Havertz sofreu a mesma lesão do Pote, o Arsenal informou que não joga mais. Akanji igual. O Nuno Mendes sofreu a mesma lesão, esteve parado mais de 4 meses. Não há milagres. Existem duas formas de encarar, as coisas que controlámos e as que não controlámos. Começar a disparar, quem é culpado, é bruxedo, é culpa do médico, da relva, botas, treino... Existe outra forma: com calma e de forma racional, reagir e adaptarmo-nos. Está a ser duro para o treinador? Está. Neste momento, aquele grupo, ontem viemos da Alemanha com mais duas lesões. Este grupo não se rende e é unido. Eles são campeões e não será fácil para nenhuma equipa tirar-lhes o título.»

Muitas lesões:

«A lesão existe no desporto, é um facto. O Sporting, nestes últimos... Temos tido épocas com poucas lesões. Não quero estar a falhar. Daniel Bragança há dois anos, até lá lesões como todos os clubes têm. Poucas lesões traumáticas e musculares. O que é que acontece este ano? Temos tido muitas lesões traumáticas. Cinco são lesões traumáticas, três graves, e três musculares. Começámos em novembro e começámos com uma vaga de 3 ou 4 lesionados. Temos dois problemas logo. Não contamos com eles e os jogadores disponíveis não vão poder rodar. Não há milagres e os jogadores são sobrecarregados. Lesões trazem mais lesões. É normal termos um ou dois jogadores lesionados. Tivemos lesões pesadas em jogadores nucleares, para mais num ano em que estamos em todas as frentes, novo modelo da Champions, fomos à final four da Taça da Liga, estamos na Taça de Portugal, primeiro lugar no campeonato, jogadores internacionais nas datas FIFA. Tudo somado leva a uma situação muito complicada de gestão. Há coisas que não se controlam.»

Gyokeres: «Não vou... O Gyokeres, no verão, há um ano, há um ano e meio atrás... O Gyokeres ia sair. Fomos campeões e já se ia embora. Em janeiro era impossível e ficou. Não vou alimentar, já é demasiado mediático, por mérito dele e não vale a pena falar no mercado de verão. Os jogadores têm mercado e cláusulas.»

Saída de Kovacevic:

«Foi um jogador que não teve um início fácil, não se adaptou e da forma mais crua e transparente, não correspondeu às expectativas e daí a vinda do Rui Silva. Guarda-redes era prioridade. Tentámos não... É um mercado difícil. Trazer jogadores com qualidade inquestionável, não temos capacidade para isso.»

Saída de Edwards:

«Decisão da administração. É um ativo que é nosso, tem talento e acreditamos nele. Obviamente temos de ser melhores para trazer o melhor Edwards e ele tem de ser melhor para dar o melhor de si. É nosso e acreditamos que o melhor era emprestar.»

Sporting contratou Biel e Rui Silva...

«Certo. Mas se pudesse tínhamos mais jogadores. De quem é a responsabilidade se o Sporting não for campeão? Sou sócio do Sporting desde que nasci. Sempre ativo na vida do clube. Tenho 45 anos, quando cheguei não tinha 40. 21 anos de Gamebox, acompanhei sempre o Sporting. Nestes meus quase 40 anos, celebrei dois títulos nacionais. Lembro-me. Dos melhores dias da minha vida. Já celebrámos esses mesmos dois, fora taças e títulos das modalidades, desde que estamos aqui. Esta responsabilidade é desta direção. De tudo. Mas primeiro temos de ir atrás. A palavra bicampeonato pertencia ao imaginário no Sporting. É preciso recuar quase 70 anos. Não sei se vamos ser bi, tricampeões. O que sei é que o Sporting existe e é considerada uma equipa a ganhar. Hoje o Sporitng, ainda vi uma conferência antes do Arouca, e vi o meu treinador a ser questionado. Estamos em quarto ou quinto lugar? Não, estamos em primeiro e se olharmos para a camisola dos jogadores, vejo o símbolo de campeão nacional e isto é trabalho desta direção. Um Sporting que não contava. 40 anos em que dois clubes ganhavam, depois o Sporting ganhava uma vez. Fico feliz pela palavra bicampeão existir no dicionário do Sporting.»

Falta de investimento em janeiro:

«O esforço que o Sporting fez, não vender titulares e investir mais 65 milhões em jogadores. Não é por ter lesões, que vou ter mais capacidade de investimento. Quem me dera. O Pote lesiona-se, há dinheiro para investir em janeiro? Não, não há. É um mercado extremamente difícil, caro. Basta o exemplo do City que pagou 60 milhões por um Nico González. Quanto custa um Pote? Os clubes não têm interesse em vender os principais ativos. Ou então jogadores sem tanto peso. É um mercado que obriga a ir buscar jogadores a outros mercados, como sul-americano, e é preciso uma adaptação. Neste mercado, mais uma vez, recusámos vender jogadores. Podíamos ter vendido jogadores. Não há uma capacidade ilimitada, um bolso sem fundo. Vejo o City, com um dos planteis mais caros e ricos do mundo. O que lhes aconteceu? Uma vaga de lesões, dois ou três nucleares, e estão arredados da Champions, Premier League difícil. O Sporting está na luta, em primeiro. Tenho de dar mérito à estrutura, jogadores, treinadores. Quem me dera reforçar a equipa com mais 20 ou 30 ou 40 milhões. Quem me dera, mas não é possível.»

Mercado:

«O Sporting começa a preparar a época ainda antes de acabar a anterior. Traçámos um objetivo ambicioso, mas realista, que exigiu que a SAD fosse a um limite a que nunca tinha ido. Foi-nos pedido isso e fazia todo o sentido. Não vendemos um único titular. Uma equipa que não foi apenas campeã, fez a melhor época dos últimos 70 anos a nível de performance. Não vendemos um titular. A SAD investiu cerca de 60 milhões de euros em jogadores que entraram. Maxi Araujo, Debast, Harder, Kovacevic, Rui Silva, Biel... Foi um esforço muito grande. Basta recordar, posso dar estes números, quando chegámos aqui em 2018, o orçamento de investimento andava nos 30 milhões. Desde que esta direção está aqui, foi o ano em que vendemos menos. Fizemos uma aposta consciente, mas arrojada do ponto de vista de investimento. Como é óbvio, e tudo o que se passa, então o mercado de janeiro? Quem me dera a mim dizer que temos a saúda financeira de um City ou PSG. Imagine a época anterior, tivemos poucas lesões. Imagine que o Gyokeres tem uma lesão grave que o impossibilita de jogar até ao fim da época. Tinha mais 20 milhões para ir buscar um jogador em janeiro? O Sporting ia ser campeão? Se calhar não. Não é por haver duas ou três lesões, que há aqui uma gaveta onde tiro fundos ilimitados.»