Treinador do FC Porto salienta o papel do médio na equipa, ao ocupar uma nova posição
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Respeito pelos adeptos, «mudar pequenas coisas» no sistema tático e Arouca: tudo o que disse Martín Anselmi

NACIONAL28.02.202514:10

Treinador do FC Porto fez a antevisão do encontro com o Arouca, agendado para amanhã, às 18 horas

Martín Anselmi projetou o encontro contra os lobos da Serra da Freita na sala de imprensa do Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia, no Olival.

— O que espera deste Arouca, uma equipa que já não perde há oito jogos? É mais uma oportunidade para o crescimento da equipa com as suas ideias?

— Sim, é uma equipa que tem feito as coisas bem, não perde há oito jogos. Esteve bem contra as equipas grandes. Jogam em casa. Mas, ainda assim, temos de estar preparados para ir buscar os três pontos e quebrar a série deles. A estatística, como sempre digo, fala do passado. Claro que diz que o Arouca está num bom momento. Sabemos que é uma equipa que joga bem, tem jogadores de qualidade, sabe trocar a bola. Gosto da proposta do treinador rival. Parece-me que têm coisas interessantes. Gosto de defrontar um rival assim porque significa que teremos de estar no limite.

— Está no FC Porto há sensivelmente um mês. Nesta fase, o que já aprendeu do futebol português? Isto obriga-o, até tendo em conta os resultados, a rever a sua ideia base?

— Fez várias perguntas... Quer que comece por qual? A ideia? A pergunta vem em que sentido? O meu trabalho como treinador consiste, principalmente, em tomar decisões. E, para tomar decisões, tenho de ter fundamentos. E esses fundamentos têm de partir de entender um porquê. E o porquê vem da análise que fazemos, da análise profunda de um jogo, de três jogos. Também me perguntou sobre o futebol português. Essa análise que fazemos é o contexto, o rival que defrontámos, o que funcionou, o que não funcionou, o futebol português como um todo. E, a partir daí, vamos encontrando fundamentos que nos façam entender se há algo a mudar ou não. Mas tendo em conta a pergunta, parece que isso só se faz através do resultado. Posso fazer 50 remates à baliza rival e não marcar. Há coisas que não têm nada a ver com a forma como defendemos. A jogada mais perigosa que o adversário teve no jogo passado, foi uma bola que era nossa. Perdemo-la, golo do adversário. Se me perguntarem a nível de intensidade, pressão, recuperação após a perda. Dá para ver se o FC Porto está a defender bem ou mal. Temos recuperado a bola rapidamente. Mas claro que o rival também joga. Mas é isso que quero ver. Uma equipa que pressione, que recupere a bola o mais rápido possível. Isso é o que quero. Como quero fazer isso? Pode variar. Se defendemos com cinco? Se quiserem, metemos aqui a imagem e vemos com quantos jogadores defendemos. Às vezes com cinco, outras vezes com três, com dois. 'Saltamos' ao rival de acordo com o que faz. Se me disserem que temos de mudar o sistema? Não. Pressionamos como queremos, roubamos a bola como queremos roubar. Não podemos controlar tudo no jogo, claro. Mas há que analisar os porquês. Gosto de analisar coisas que nos enriqueçam, entender esses porquês. Ofensivamente, podemos não ter a quantidade de remates que o FC Porto queria. E nesse caso, tenho de analisar o que está a falhar. Estamos a errar o último passe antes do remate? Mas e se o jogador tomar a decisão correta na mesma? Perceber se estamos a insistir por um lado e temos de tentar pelo outro. Como fizemos o golo contra a Roma? A pressionar. Contra o Vitória? Igual. Houve um lance em que faltou um passe e ficava 2-0. E claro que, quando analisamos o resultado, não vemos tudo isto. Vemos o empate. O meu trabalho é melhorar. A minha obrigação como treinador é fazer com que o FC Porto melhore, independentemente do resultado. O resultado é o fim. Mas como vamos ganhar? Temos de trabalhar nisso. Eu trabalho no como. E nesse como, há toda uma análise. E quando encontro algo que não está a funcionar, mudo. E no que está a funcionar, temos de melhorar. Não mudar tudo, pequenas coisas.

— Se houver perda de pontos no jogo de amanhã...

— Futurologia...

— O que faz mais sentido para um treinador que chega a meio de uma época, adaptar a estratégia aos jogadores ou o contrário?

— Como terminou o FC Porto o ano passado no campeonato? Por que razão me contrataram?

— De que forma mexe com a equipa ter agora uma sequência de jogos fora de casa? Na última conferência, disse que os adeptos sabiam qual o caminho que o FC Porto estava a percorrer, mas no final do último jogo ouviram-se assobios. Teme que os adeptos percam a esperança?

— Também disse que, antes de ser treinador, fui adepto. Sei o que é ir ver o nosso clube a outro país, ir apoiar, chorar pela nossa equipa, o ganhar, o perder. Os adeptos, no geral, são o mais importante que há no futebol. Sem eles, não existiria o futebol. Há jogadores, os treinadores saem. Mas sem gente que esteja a consumir o futebol, não há futebol. Respeito-os muito. Depois, há o contexto e o caminho. Entendo os adeptos, mas também é preciso entender que o nosso trabalho dará essas alegrias. E temos de ser firmes. Eu sei o que estamos a fazer, vamos conseguir transmitir o que estamos a trabalhar.

— O FC Porto, em sete jogos, tem oito golos sofridos. A consistência defensiva é a sua maior preocupação?

— Não é a minha maior preocupação. Quero marcar golos. Mas se me deixa muito feliz não sofrer golos? Parece-me que, para uma equipa ser campeã, é preciso sofrer poucos golos. No final das contas, podes ganhar os jogos todos por 1-0. Sim ou sim para ganhar. É muito importante terminar com a baliza a zeros e trabalhar para que o FC Porto sofra menos golos, sim. Não é o que mais me preocupa, mas é algo que me ocupa. Que trabalhemos para que isso aconteça.

— Como é que um treinador vê um jogo que estava quase resolvido para, num erro primário, acontecer um empate? Como treinador-adepto, como analisa isto? E como sente o tardar desta revolução anímica que o FC Porto precisa?

— Temos de aprender a resolver os jogos. No primeiro jogo na Sérvia, passámos por uma situação de 1-0 e conseguimos vencer. Mas o Maccabi criou ocasiões... Ou tivemos sorte, ou conseguimos defendê-las. Não é assim que gosto de ganhar. Com o Farense, talvez tenha acontecido menos, mas também conseguimos ganhar. Outra vez não da forma que gosto. Se fizéssemos tudo bem, ganharíamos todos os jogos. E temos muitíssimas coisas para melhorar. Essa é a análise que faço. Não tem a ver com o sistema, há outras coisas. Espaços, pressão. E para mim, nesse sentido, há que entender como defender com bola. Passar a controlar o jogo com bola. Para depois, podermos ganhar e ampliar uma vantagem. Porque no final das contas, sem bola, o adversário não vai empatar o jogo. Cinco ou seis minutos antes do golo do Vitória, houve uma falta no mesmo lugar. E saímos a jogar curto, ficámos com a bola. Defender com bola é cuidar dela. Num cruzamento, dividir a bola... Até poderíamos ser nós, porque estávamos em superioridade numérica, mas estávamos a ganhar o jogo. Era preciso ficar com a bola. E há que aprender nesse sentido, para conseguirmos fechar os jogos como gostamos.