Antigo presidente do FC Porto faleceu este sábado, vítima de doença prolongada
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1937-2025 O jogo que deixou Pinto da Costa com uma dor intensa no peito

NACIONAL16.02.202512:30

Jorge Nuno Pinto da Costa morreu este sábado, aos 87 anos. Recordamos aqui histórias da vida do ex-presidente do FC Porto, muitas pelas suas próprias palavras

A vitória na Taça UEFA

Muita coisa complicada logo aos cinco minutos da final da Taça UEFA de 2002/2003: entrada de Thompson sobre Costinha e o médio portista a sair lesionado pouco depois. Mais tarde, seria Jorge Costa a sair em dificuldades físicas. A tudo resistiu o FC Porto. Mas a final de Sevilha acabou por ser uma das mais empolgantes dos últimos largos anos: Derlei marcou em cima do intervalo, Larsson empatou mal as equipas regressaram das cabinas, Alenitchev recolocou o dragão em vantagem pouco depois, Larsson voltou a empatar três minutos volvidos, dando sequência a espantosa entrada em cena das equipas a seguir ao descanso. Finalmente, já no prolongamento, Derlei marcou o 3-2 final e deu a Portugal a primeira vitória na Taça UEFA.

Maio de 2003

Dor no peito

A seguir ao terceiro golo do FC Porto na final de Sevilha, o presidente portista ficou com algumas dificuldades físicas, tal era a emoção. «Senti dor muito intensa no peito e tive de ser assistido pelo médico», referiu Pinto da Costa.

Maio de 2003

27 de Maio de 1987, 26 de Maio de 2004

Dezassete anos menos um dia depois da sua vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus, o FC Porto tentava vencer a mesma prova, agora denominada Liga dos Campeões. As equipas mais poderosas da Europa tinham ficado, sucessivamente, pelo caminho e quando o jogo decisivo chegou, a turma das Antas tinha de defrontar o Mónaco. O francês Didier Deschamps conseguira formar belíssima equipa, apesar de não ter grandes nomes. O mais sonante era, por certo, o avançado espanhol Fernando Morientes, ainda ligado ao Real Madrid.

José Mourinho apostou num onze formado quase em exclusivo por portugueses: apenas Derlei e Carlos Alberto não podiam, por exemplo, ser utilizados na selecção portuguesa. Um ano depois da final de Sevilha da Taça UEFA, o treinador portista manteve aposta idêntica: o mesmo guarda-redes (Vítor Baía), a mesma defesa (Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho e Nuno Valente), quase os mesmos médios (Costinha, Maniche, Pedro Mendes e Deco em Gelsenkirchen; Costinha, Alenitchev, Deco e Maniche em Sevilha), ligeira diferença nos avançados (Derlei e Carlos Alberto agora, Capucho e Derlei há um ano).

Era, pois, onze bem consistente e muito experiente. Além disso, o favoritismo pendia para os portistas, fruto de duas campanhas brilhantes. Assim foi: o FC Porto teve sempre o jogo controlado, raramente dando o Mónaco a sensação de que poderia incomodar a equipa portuguesa. Carlos Alberto marcou ainda no primeiro tempo e quando o capitão Giuly se lesionou e foi substituído por Prso logo aos 23 minutos, os monegascos ficaram amputados de parte significativa das suas armas atacantes. Depois, foi tempo de gerir a vantagem. Mais tarde, quando Deco soltou o génio, o resultado aumentou em apenas quatro minutos: 0-2, Deco (71 m); 0-3, Alenitchev (75 m). Todos os portistas jogaram em alto nível, mas é justo dizer-se que Ricardo Carvalho e Alenitchev estiveram um degrau acima dos restantes. E Pinto da Costa vencia a sua segunda Taça/Liga dos Campeões.

Maio de 2004

O faxe de Luigi del Neri

«Quando o Mourinho saiu, nós não esperávamos que ele saísse e tentámos que não saísse, mas compreendemos que era inevitável, atendendo aos valores que estavam em causa», confidenciou Pinto da Costa. E apostou em Victor Fernández já depois de ter apostado em Del Neri. «Depressa entendi que o italiano não tinha mentalidade para o rigor do FC Porto. Como pessoa era excelente, como treinador podia ser muito bom, mas não se enquadrou na disciplina do FC Porto. Um dia, por ter problemas pessoais, resolveu dar três dias de folga para ir a Itália. Tinha uma reunião marcada comigo e enviou um fax a dizer que só ia no dia seguinte. Pus ponto final rapidamente».

Agosto de 2004

Segundo título mundial

Sem escala, entre Porto e Yokohama, a comitiva azul-e-branca esteve 13 horas a viajar pelos céus do Mundo para defrontar o Peñarol para a Taça Intercontinental. O jet-lag era violento (12 horas) e, por isso, era preciso ter cuidado com a diferença de horas. Os médicos do FC Porto asseguraram todos os pormenores e nada correu mal ao dragão.

O Once Caldas não se mostrou interessado em tentar a vitória durante o tempo regulamentar, tendo sido apenas o FC Porto a querer evitar as grandes penalidades. Estavam cerca de 13 graus centígrados e, por isso, os dragões conseguiram colocar em campo a sua superior capacidade técnica. Mandaram quatro bolas aos postes mas a bola nunca entrou. O jogo foi pobre e, no final, ganhou o FC Porto. Maniche falhou a sua grande penalidade e Pedro Emanuel, muito concentrado, teve a honra de marcar o castigo decisivo. Segunda Taça Intercontinental para a sala de troféus dos portistas.

Aos 102 minutos, o jogo parou. Na grande-área azul, Vítor Baía agachou-se, fez sinal de que algo de anormal de passava e caiu no relvado. Recuperou, mas teve de ser substituído pelo suplente Nuno. «Quebra de tensão e alguma taquicardia», explicaram depois os médicos do FC Porto. Baía foi ao hospital e voltou, quase completamente recuperado.

Dezembro de 2004

Sai Del Neri, entra Fernández (A BOLA)

Vigo e a rescisão com Fernández

A seguir à saída de Luigi del Neri, veio Victor Fernández, «muito conhecedor de futebol e excelente treinador», disse Pinto da Costa. «Porém, acho que teve complexos de estar a treinar campeões europeus e aquilo era um bocado roda livre. Um dia, soubemos que alguns jogadores tinham quebrado o regulamento disciplinar e, embora sendo três indiscutíveis, foram suspensos e não jogariam no jogo seguinte. Tinham ido a Vigo para um espaço noturno e tinham voltado diretos para o treino. Porém, estranhamente, estavam os três na convocatória para o jogo com o Braga. E eu disse: ‘Mister, parece que não percebeu a nossa conversa’. Resposta dele: ‘Presidente, estarem convocados é uma coisa e jogarem é outra’, disse ele. Fiquei descansado. Começa o jogo com o SC Braga e estão os três em campo. Nenhum deles se mexia. Perdemos e no final do jogo ele disse-me: 'Presidente, tinha razão'. E eu disse-lhe: 'Amanhã, às 15 horas falamos.’ Ele estava no meu gabinete e eu disse-lhe: 'Os jogadores sabem o que se passou, os jogadores sabem a nossa conversa, sabem o que se passou, entendo que o senhor não tem condições para continuar'. E ele: 'Sim, de facto o senhor tem razão e não devia ter feito isto'. Acordámos e rescindimos o contrato.»

Janeiro de 2005

Passeio de bicicleta de 70 km

Pinto da Costa chegou a dizer que Co Adriaanse foi das pessoas mais interessantes que conhecera no futebol: «Tinha uma cultura completamente diferente da portuguesa. Um trabalho que, por vezes, parecia um exagero. Disciplina e inflexibilidade tremendas. Num estágio na Holanda, o trabalho era terrível e os jogadores estavam todos mortos e, num dia de folga, quando os jogadores pensavam que iam passar o dia a dormir, a folga foi fazer um passeio de 70 km de bicicleta. Mas o rigor deu frutos, pois a equipa rendia muito e fomos campeões em 2005/2006 a jogar só com 3 defesas».

Julho de 2005