João Neves: «Atacar é bom, mas tirar a bola aos adversários...»
João Neves tornou-se rapidamente um dos favoritos do PSG (Imago)

João Neves: «Atacar é bom, mas tirar a bola aos adversários...»

Palavras do internacional português em entrevista ao 'The Athletic'. Jogar sem bola, o estilo de Luis Enrique ou a vida em Paris foram alguns dos temas abordados pelo médio do PSG, que joga esta terça-feira com o Arsenal

A época de estreia de João Neves no PSG tem sido, a todos os níveis, muito positiva. Além dos 3 golos e 8 assistências no campeonato, que já conquistou, é um autêntico pulmão no meio-campo, que partilha com o compatriota Vitinha. Em entrevista ao The Athletic, o internacional português, que joga esta terça-feira as meias-finais da UEFA Champions League frente ao Arsenal, deixou claro que, apesar de gostar do momento ofensivo, é sem bola que se sente mais feliz em campo.

«Atacar é muito bom, mas o sentimento de tirar a bola ao adversário... Muitos jogadores não percebem, mas o sentimento é 'não temos a bola, então temos de a recuperar'. Mesmo quando estamos a atacar, temos de pensar: 'Se perdermos a bola, o que posso fazer?' Há muita gente que não dá importância a esse lado do jogo, mas se queres passar mais tempo a atacar, tens de recuperar a bola», explicou João Neves, titular em 13 dos 14 duelos do PSG na Champions.

O médio tem sido um dos preferidos do treinador Luis Enrique, muito por uma questão de partilha de mentalidade. «Naqueles cinco a 10 segundos em que perdes a bola, tens de dar 120% porque é a melhor maneira de voltares a atacar. Para a equipa contra quem jogas, é muito difícil recuperar e depois perder logo a seguir. Essa parte é muito satisfatória», adicionou o jogador, que gosta de «ver a frustração e até o pânico» nos adversários: «Quanto menos tempo tiverem para respirar, melhor!» E é exatamente isso que o treinador quer. «Luis Enrique quer uma equipa que dê 100% a atacar e 120% a defender. É por isso que estou aqui e é por isso que estou a gostar tanto», explicou.

O contacto entre ambos, diz João Neves ao The Athletic, foi logo meio caminho andado para que a transferência andasse para a frente. «Disse-me que queria uma equipa que defendesse e atacasse com 11 jogadores. Adorei que me tivesse dito isso», começou por dizer o jogador, que até já jogou a lateral. «Dá-me muita informação. Posso jogar a central, a ala, a lateral, a médio ou a avançado e não há diferença, porque toda a gente sabe o que todos fazem. Nos treinos, trocamos muito de posições, às vezes jogo a lateral que vem para o meio. Às vezes, o treinador chama-me ao gabinete para me mostrar algumas imagens. Aquilo que fiz bem, o que fiz mal. Sabe que lateral não é a minha posição preferida, mas é muito compreensivo e gosto da forma como faz as coisas», adicionou.

Apesar dessa ligação, João Neves não escondeu que não foi fácil, ao princípio, assimilar as ideias do espanhol, que prevêem com muita fluidez no ataque. «No início, é um pouco confuso porque às vezes estás perto da bola e dás a linha de passe, mas não é para ti, então tens de ir arranjar outro espaço. Há sítios em que tem de estar alguém e, se não estiver, podes ser o mais próximo dessa zona», confessou. Ficou, ainda assim, uma ressalva: «No final, é divertido porque jogas em relação com os teus colegas. Às vezes, há um golo, não marcas, não assistes nem fazes nenhum dos passes. Mas se não fazes o que é suposto, o golo não acontece. Todos temos importância na construção do golo.»

Então, para João Neves, a parte mais divertida do jogo é... quando acaba: «Quando estás a jogar, não te focas em divertir-te. Focas-te em dar o teu melhor, em tomar as melhores decisões e em fazer o que é preciso. No final, lembras-te e concluis que te divertiste.»

Luis Enrique com alguns jogadores, entre eles João Neves e Vitinha
Luis Enrique com alguns jogadores, entre eles João Neves e Vitinha

Agora, o desafio é o Arsenal, uma equipa com quem o PSG já perdeu, na fase de liga, por 0-2. «Foram os médios do Arsenal que mais problemas me deram. Odegaard, Rice, Thomas Partey. São espetaculares.» Noutros clubes, o ex-Benfica também tem referências: «Para lançar a bola para o último terço, Joshua Kimmich. Com olho para fazer golo, Bellingham ou Musiala. Nessa posição ainda tremo um pouco, tenho de melhorar!»

A vida em Paris: a língua, a família e os croissants

Na mesma entrevista, João Neves abordou a forma como vive extra-futebol. «Sou o tipo de pessoa que gosta de estar calma e fazer as minhas próprias coisas», explicou o jogador, que deixou uma confissão sobre... o pequeno-almoço: «Quase todas as manhãs como um croissant. É impossível não comer!»

A língua foi, também, um dos fatores de evolução para o médio de 20 anos, segundo conta ao The Athletic. «Quando cheguei aqui, toda a gente falava para mim e eu pensava em inglês. Agora, já penso em francês. Adoro a língua. Gosto muito de aprender, compreender e falar francês. Tenho um amigo francês, então ele ajudava-me», afirmou.

Final da Champions? «O futebol é muito rápido...»

Quando questionado sobre a hipótese de jogar a final da UEFA Champions League, João Neves não deixou essa ideia de parte. «É a primeira vez que estou nas meias-finais, então já me posso considerar um sortudo. Só sou profissional há dois anos e meio, então isso já é uma grande conquista. Não me imagino a levantar o troféu, mas pode acontecer. Estou aqui e temos dois jogos para chegar à final. Se virmos bem, são três jogos, 90 minutos cada... O futebol é muito rápido», concluiu.

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