Gyokeres operacional, Hjulmand riscado e pouco tempo para músicas bonitas: tudo o que disse Rui Borges
Treinador fez a antevisão do jogo com o Estoril realçando que vai haver mais adaptações. Alexandre Brito está em dúvida, Debast, muito elogiado, pode aparecer no miolo
- O que é que o Sporting pode fazer para contrariar o plano estratégico que Ian Cathro vai levar a Alvalade, numa altura em que o Estoril vem de uma série de oito consecutivos sem perder?
- O plano estratégico é olharmos muito mais para nós, aquilo que é o aumento da nossa confiança, o aumento de tentar ao máximo um entendimento cada vez melhor daquilo que são comportamentos individuais e coletivos, por todos os constrangimentos que temos tido, de lesões e castigos. Portanto, é muito mais focarmo-nos em nós do que propriamente muito no adversário, que está numa fase realmente muito positiva, com uma dinâmica de jogo muito boa, bem adquirida, confiante, não perde desde dezembro. É uma equipa que vai criar dificuldades, também tem que estar ciente de que vai enfrentar o primeiro classificado e também vai ter dificuldades em Alvalade. Passa por aí, focarmo-nos naquilo que podemos controlar, enquanto jogo, assimilar pequenos comportamentos que nos possam ajudar, claro que depois de uma forma estratégica, também anular o Estoril nesse processo, mas muito mais focados naquilo que nós poderemos continuar a fazer, aumentando índices de confiança, índices físicos, índices táticos, de entendimentos. Como digo, não há muito tempo e às vezes é muito mais importante focarmo-nos naquilo que é a nossa equipa.
- Hjulmand está disponível para o jogo?
- Não, o Hjulmand está fora.
- Chegou ao Sporting numa altura de transição e foi gerindo tudo isto, acrescentando onda de lesões e depois castigos. Já conseguiu ser o verdadeiro treinador Rui Borges ou ainda falta algo para isso? Considera que algumas das críticas que surgem são injustas?
- É um pouco isso. Não temos conseguido, claramente, aquilo que é a nossa ideia de jogo. Basta olhar para aquilo que foi o nosso trajeto enquanto equipa técnica, percebem claramente aquilo que é a nossa ideia de jogo. Tentámos fazer algo dentro daquilo que nos tem acontecido, mas não temos realmente muito tempo para treinar, mas mais difícil depois é não termos tido os jogadores disponível. E tudo isso, juntando tudo, claramente falam muitas vezes nisso, a equipa não está em termos daquilo que é características para aquilo que é o modelo ou a ideia de jogo do treinador Rui Borges. Foi feita para um estilo de jogo muito próprio do Ruben. Logo por aí já tínhamos que fazer aqui algumas adaptações, depois acrescentando a isso, é a falta de jogadores que temos tido por várias razões, castigos, lesões, que não leva a que a consigamos ter o que queremos. A falta de tempo para treinar, em termos de treino aquisitivo, tem sido um desafio, já disse isso várias vezes nas antevisões dos jogos, tem sido um desafio diferente para nós enquanto equipa técnica. Temos tentado aqui adaptar-nos também àquilo que nos tem acontecido, àquilo que é a disponibilidade também dos jogadores, de alguma forma, disse isso também na semana passada, claramente estamos longe daquilo que é a ideia do Rui Borges, só que a mim não me adianta estar aqui a lamentar, não me vou lamentar, o treinador não está aqui para isso, tenho é de arranjar soluções e tenho de ter capacidade de me adaptar ao contexto, ao momento, a tudo o que engloba treinar um equipa de futebol, por isso, tem sido bastante desafiante, acima de tudo. Essa parte de englobar tudo o que nos tem acontecido, o que é o nosso plantel, as nossas características, tem sido um bocadinho desafiante nesse sentido, mas acima de tudo faz-me crescer também como treinador, a mim e à minha equipa técnica, para o futuro estamos mais capazes ou melhores nesse sentido de adaptações, agora, não estamos perto daquilo que é a ideia do Rui Borges, claramente basta olhar para os jogos, basta ver a maneira de jogar das nossas equipas de anos anteriores para o Sporting atual e está longe em termos daquilo que é comportamentos adquiridos, que queremos e gostamos, mas é o que é. Em relação à crítica, faz parte, desde que optei por ser treinador de futebol sabia bem que vamos estar sempre expostos à crítica e isso não me belisca em absolutamente nada.
- Em relação à mensagem que Pedro Gonçalves partilhou nas redes sociais, em que falou na lesão num tendão, pode especificar?
- Ele falou do tendão, não especificou, mas foi claro. O Pote simplesmente partilhou algo para as pessoas não acreditarem no que estava a circular. Nem tinha a ver com a lesão, tinha a ver com outros fatores. Sentiu a necessidade de explicar para fora. Já disse que era uma lesão muito própria e que precisava da recuperação correta. Olho para a necessidade de se justificar, e bem, perante algo que estavam a partilhar e que nada tinha a ver com a lesão.
- Pode fazer um ponto de situação em relação a Gyokeres? Está recuperado para aguentar 90 minutos em campo?
- O Viktor está recuperado. Teve a lesão lá atrás, está recuperado. A gestão no último jogo, foi porque era de taça. Por isso é que ser treinador é muito desafiante, porque quem está desse lado, ou quem está de fora, diz sempre, eu punha este ou outro, eu punha aquele ou o outro, não sabe nada sobre o que se passa com os jogadores. As opções às vezes requerem muitos pensamentos, muitas leituras, e o Viktor tem sido um bocadinho por aí, e a gestão do Gil foi um pouco por aí, era um jogo de taça, poderia estender até aos 120 minutos, ele estava a vir de uma lesão, mas está recuperado, está a treinar normal já há algum tempo, sem qualquer problema ou condicionado. Já corremos risco no jogo com o Arouca, não estava previsto aguentá-lo até final. Demos 90, depois mais 90, depois fizemos uma pausa. Temos de ter algum cuidado, mas, sim, está preparado para mais 90 minutos.
- O Sporting já bateu o recorde de utilização de jogadores numa só época, são 37. É uma estatística agridoce por causa das lesões?
- É um pouco, mas dizemos sempre que a sorte de uns é o azar dos outros. Tem havido oportunidade dos miúdos para se estrearem na equipa principal do Sporting, de concretizar um sonho. Trabalham para isso, diariamente na equipa B, depois connosco também, em termos de aquilo que é treino, é o que é, é uma marca, 37 jogadores, muito honestamente, não olho muito para isso. É o concretizar do sonho dos miúdos, acima de tudo, têm tido essa oportunidade de se estrear, o resto é adaptar-nos às circunstâncias, àquilo que nos tem acontecido, e tentarmos ao máximo, ser o mais competentes possível no nosso trabalho.
- Mais uma jornada em que não consegue repedir o 11. Sem Hjulmand disponível e Maxi Araújo castigado volta a colocar a equipa numa linha de quatro? Que adaptações está a preparar?
- Adaptações tenho de fazer sempre, por isso é que digo que tem sido bastante desafiante. A linha de quatro e de cinco é muito subjetiva. Posso começar com linha de cinco e, de repente, estamos a pressionar a quatro, construir com linha de três que depressa se forma para uma de quatro. O mais importante é a disponibilidade. Não temos muito tempo para treinar comportamentos, a repetição para mim é muito importante. É ir ao conforto dos jogadores que temos disponíveis, dentro de algo que também já está na cabeça deles. Não fugir muito. Ir ao encontro de coisas que já têm no chip. Para tentarmos ser melhores, mais eficazes. Mais do que o sistema, olhar para a disponibilidade dos jogadores.
- Debast tem sido trabalhado no meio-campo. Para si, tem ali um médio para o futuro? Já falou com ele sobre a disponibilidade para isso?
- Falei com o Zeno nos primeiros dias quando cheguei. Tem um perfil e uma personalidade fantástica para um miúdo de 20 anos. Assim como disse do Simões, acho que o Zeno será facilmente um líder no futuro, um bom capitão. Depois, tem caraterísticas adaptáveis e percebe que a equipa precisa disso. Ele tenta, ajuda e ouve. Tem tido uma capacidade enorme, individual, de ouvir, querer aprender, de se adaptar, de não se queixar. E podia queixar-se, porque apesar de novo é internacional, titular na seleção do seu país. Poderia criar algum desconforto o facto de não jogar na sua posição no clube, mas nunca o demonstrou. Está sempre disponível, feliz no dia a dia. Os colegas olham para ele de forma diferente, no sentido de reconhecerem muita qualidade. Torna-se fácil a adaptação e está disponível para ajudar, independentemente da posição.
- Terá algum regresso frente ao Gil Vicente?
- St. Juste está fora, Hjulmand está fora, Geny já voltou no Gil Vicente, mas ainda está à procura da melhor forma. O Alexandre Brito está em dúvida, estou a dar uma notícia. Saiu com algumas queixas físicas.
- Quando chegou ao Sporting disse uma frase que, de alguma forma, se tornou um lema: 'Quando faltar inspiração, que não falte atitude'. Qual o prazo que define para os adeptos começarem a ver as duas coisas?
- Inspiração já viram em alguns momentos, curtos, mas viram. Não foi tudo mau... Atitude também houve. Faltou apenas e só neste jogo do Gil, na primeira parte. Disse-o claramente, foi a pior primeira parte que fizemos desde que chegámos enquanto equipa técnica. Prazo? Não há prazo. Precisamos de tempo para trabalhar, de ter todos disponíveis para assimilar. É o que é. Não me vou lamentar. A crítica passa-me ao lado, faz parte. Não me chateia em nada. Sei bem que, às vezes, vamos ganhar na atitude e eu quero é ganhar. Contra o Gil foi a atitude na segunda parte que deu a vitória. Essa tem de lá estar primeiro. Não estamos com tempo para fazer aqui músicas bonitas. Estamos com tempo de ser eficazes, competentes e depois, aos poucos, ganhar a capacidade de ter mais qualidade nos jogos durante mais tempo. Quero é ganhar. A atitude não pode faltar. Depois sim, a inspiração vai aparecer. Em momentos mais curtos, noutras alturas em momentos mais longos.
- Com Hjulmand fora das opções e Alexandre Brito em dúvida, que jovem das camadas jovens vê que esteja mais preparado para assumir um lugar no meio-campo?
- Estão todos, têm de estar, trabalham num grande clube, em que a exigência é grande, por isso, têm de estar, diariamente preparados porque, a qualquer momento, pode surgir uma oportunidade, como tem surgido e eles têm de a agarrar. A confiança do treinador têm porque jogam. Já jogou o Simões, o Brito, que nem estava a ser titularíssimo na equipa B. Às vezes é muito daquilo que é a leitura de cada um. O Edu [Felicíssimo] estreou-se, o Kauã também. O Manuel [Mendonça] também tem vindo, o [Henrique] Arreiol também. Passa muito por isso. O Esgaio também pode fazer a posição adaptado, é o que é, temos que arranjar solução. Disse que se acabarmos estes dois jogos com 11 tínhamos de ganhar, por isso, já que passamos um com 11, ganhámos, agora para amanhã é igual, começamos com 11, se acabarmos com 11, vamos ser competentes e vamos ganhar o jogo.