13 abril 2025, 09:57
O Benfica também já tem o seu 'penta'
FC Porto alcançou a proeza no final do século passado em séniores masculinos; as águias acabaram de conquistá-lo em femininos
Benfica sagrou-se pentacampeão feminino a três jornadas do final e a técnica esmiuçou a temporada, entre êxitos e insucessos; saída de jogadoras importantes, com destaque para Kika Nazareth, obrigou a reformulação, mas nega desinvestimento no plantel
O Benfica conquistou o título nacional a três jornadas do fim da Liga e sagrou-se pentacampeão feminino, fazendo história no clube. Como caracteriza esta campanha?
Não podemos fazer grandes balanços porque, além destas jornadas que faltam, ainda falta a meia-final da Taça de Portugal e a final, se tudo correr bem e se formos competentes. Acho que só estamos em condições de fazer balanços no final da época.
Já tive a oportunidade de o dizer no final do jogo com o Valadares, após a conquista deste campeonato e quando nos conseguimos sagrar pentacampeãs, que acho que a palavra que marca muito este plantel este ano é a palavra caráter. É a melhor palavra que define este grupo de trabalho e falo das atletas, staff, equipa técnica, toda a gente, porque é preciso muito caráter para lidar com o insucesso.
Quando se refere a insucesso, refere-se ao início da temporada?
Temos de marcar o nosso início de época como um insucesso, senão não estaríamos nesta casa. É um insucesso não ganharmos a Supertaça e não passarmos à fase de grupos da Liga dos Campeões e o difícil numa equipa vencedora não são os momentos em que se ganha, são os momentos em que se perde, que têm esse insucesso e a capacidade que as equipas têm de dar a volta a esses momentos.
Acho que é preciso muito caráter e uma mentalidade competitiva de grande nível para, nesses momentos, perceber o que é que é preciso fazer e dar um bocadinho mais para dar a volta à situação.
À luz das várias vicissitudes no início da época como saídas importantes e lesões, este título nacional foi dos mais difíceis em comparação com os anteriores?
Está a ver como voltamos a falar de momentos? Podemos dizer, ou pode parecer, que foi o mais difícil mas, se calhar, pelo que me recordo, não sei se não foi aquele que foi resolvido mais rapidamente. Já viu como são as coisas? No entanto, podemos falar de dificuldades de arranque, de dificuldades de reconstrução, porque faz parte e tivemos de nos reconstruir outra vez e isso leva o seu tempo. Há também que acreditar no processo que estamos a fazer e continuar a fazê-lo.
A saída de jogadores com peso como, em especial, Kika Nazareth, mas também Jéssica Silva, entre outras, obrigou a mudar algo na ideia da equipa?
Acho que temos de olhar para esta reconstrução de plantel que tivemos. Se foi a época em que tivemos de reconstruir mais a nossa equipa? Sim, possivelmente, mas não foi por uma jogadora ou não só pela Francisca Nazareth, por muita importância que a Francisca possa ter para nós, porque a teve e sempre terá, mas pela quantidade de jogadoras que acabaram por sair.
Estamos a falar de uma jogadora, acabamos por ter a saída da Francisca, da Jéssica, temos a saída da Seiça, da Sílvia Rebelo, uma capitã de balneário e isso tem um grande impacto e uma grande importância, a saída da Valéria, da Daniela Silva, da Paige Almendariz, da Amélia Silva e os empréstimos da Beatriz Nogueira, da Daniela Santos e da Marta Salvador. Já viu? Não pára. Falamos aqui, se calhar, de um lote de 12, 13, 14 jogadoras. Isto requer uma remodelação.
Em função dessas saídas, como se escapa a uma ideia de desinvestimento no plantel?
Aqui é que temos de começar a focar, que é - as nossas jogadoras são cobiçadas porque a verdade é que nós, com jogadoras que se calhar não eram consideradas jogadoras de topo para a Europa, conseguimos depois torná-las jogadoras de topo da Europa. Portanto, o processo que o Benfica está a fazer é inteligente e bem feito, não podemos falar de desinvestimento.
Podemos falar é que dentro da nossa casa, com o nosso orçamento que temos à disposição, com o que o Benfica quer fazer, estamos a conseguir pegar o nosso produto, desenvolvê-lo, e mesmo que saiam, conseguimos continuar a desenvolver outras jogadoras e ter plantéis competitivos todos os anos. E que realidade é essa? Saídas de Cloé Lacasse, Ana Vitória, Seiça, Jéssica, Francisca Nazareth, Mimi Alidou, saídas constantes de jogadoras importantes, mas o plantel continua a dar resposta. E se continua a dar resposta, então o Benfica tem de estar a fazer alguma coisa bem.
O primeiro insucesso foi a derrota com o Sporting, para a Supertaça. Essa derrota acabou, no fim de contas, por ter uma repercussão positiva? Pode ter sido uma chamada de alerta?
Costumo dizer que o futebol é feito de momentos e eu acho que esse é mais um momento do futebol, porque para mim foi dos jogos até mais bem conseguidos da nossa parte nos jogos que já tivemos contra o Sporting esta época.
O Sporting não passava do meio-campo, estávamos a remetê-los constantemente ao seu processo defensivo quando ainda estava a perder 1-0 e, no entanto, em cinco segundos o jogo muda, há um golo da equipa adversária e depois estamos a balancear-nos muito para a frente, porque não queremos chegar aos penáltis ou ao prolongamento e acabamos por sofrer o segundo.
Portanto, acho que é demonstrativo de que o futebol é feito de momentos. Não estávamos mal, não estávamos num mau momento, mas não caiu para nós porque o futebol por vezes é feito desses momentos.
Como a equipa deu a volta a esse resultado adverso?
O que diferiu foi a capacidade que tivemos de refletir e olhar para aquele momento e entender se o nosso processo está bom ou não, se está certo ou está errado, porque acho que aí é que define o resto da época, é se temos a capacidade de olhar e perceber: temos o que é preciso para lá chegar ou não? Temos. Então, se temos, aquilo fez parte do processo, não podemos ganhar sempre e a realidade é esta, ninguém ganha sempre, mas é lidar com esse tipo de situações.
Portanto, disse-me com razão - pode ter sido algo positivo. Depende de como olhamos para as coisas, se retiramos algo positivo ou se nos prendemos no negativo e eu acho que essa tem sido a nossa capacidade, retiramos sempre algo positivo dali e de como conseguimos transformar a partir dali. Acho que foi isso que fizemos ao longo da época.
13 abril 2025, 09:57
FC Porto alcançou a proeza no final do século passado em séniores masculinos; as águias acabaram de conquistá-lo em femininos