FC Porto: A história de Gonçalo Ribeiro, o guarda-redes «que vai ser uma estrela»

Foi assim que Pinto da Costa falou sobre Gonçalo Ribeiro na cerimónia de recandidatura; o nome escapou-lhe, mas conhece bem o valor do guardião; dos primeiros passos no Pedroso até ser descoberto num torneio de futebol 5

No anúncio da recandidatura de Pinto da Costa a um 16.º mandato no FC Porto, no Coliseu, o líder azul e branco anunciou aos apoiantes, entre a obra feita, a «renovação com o guarda-redes que vai ser uma estrela.» Por nunca utilizar cábulas, escapou-lhe o nome, mas conhece muito bem o valor de Gonçalo Ribeiro, de 18 anos, nascido em Pedroso, Gaia, que recentemente renovou até 2028, ficando blindado com cláusula de €30 milhões. 

26 janeiro 2024, 19:40

Mercado FC Porto (oficial): Gonçalo Ribeiro renova até 2028

Tem 18 anos, é considerado valor seguro, e faz parte do lote de guarda-redes que trabalham com a equipa principal

A BOLA fez uma viagem ao passado daquele que muitos consideram ser o futuro sucessor de Diogo Costa. Há 12 anos no FC Porto, passou por todos os escalões jovens e subiu à equipa B na última época, tornando-se o mais jovem guarda-redes de sempre a alinhar na II Liga. Sérgio Conceição puxou-o para a equipa principal e incluiu-o na lista para a Liga dos Campeões. Não o fez por especial favor: o técnico reconhece ali talento para altos voos. 

José Pinto Ferro, primeiro treinador de Gonçalo Ribeiro no Pedroso, explica como por mero acaso o miúdo se casou com as redes. «A família vive a 500 metros do campo, ele ia lá muitas vezes assistir aos treinos do irmão mais velho, o  Diogo, e a mãe dizia sempre que lá em casa o Gonçalo era o guarda-redes de serviço. Foi desafiado por um colega meu que treinava os guarda-redes a experimentar e ele acabou por ceder. Começou quase como uma brincadeira», recorda José Pinto Ferro. 

Foi num torneio de futebol de rua, na Praça D. João I, que captou a atenção do FC Porto. «Era um torneio de futebol 5, o Pedroso chegou a uma fase avançada e apanhou o FC Porto. Perdemos por 1-0 ou 2-1, já não me lembro, mas a partir daí o FC Porto passou a segui-lo. Quando ia entrar no campeonato sub-10, o FC Porto deu-me cabo de um guarda-redes», sorri, a brincar. «Levou-o para lá. Esteve connosco dois anos, começou no Pedroso com seis anos», completa o treinador.  «Ele tem capacidade para mais do que a equipa B», sustenta José Pinto Ferro. «Tem uma excelente base familiar, vejo-o um dia como titular da Seleção e do FC Porto, sem dúvida. Para estar como terceiro guarda-redes na Liga dos Campeões isso diz muito sobre o seu  talento, acho um crime não jogar na equipa B, embora compreenda as questões das hierarquias», sintetiza. Do Pedroso e das mãos de José Pinto Ferro saíram outros craques, como o avançado Jorge Gonçalves, que também saltou para o FC Porto e fez carreira no Leixões, Vitória e Feirense, entre outros emblemas.

O orgulho do presidente

O nosso jornal falou com o presidente do Pedroso, Sebastião Oliveira. Apesar de estar há seis meses no cargo, conhece bem a história de Gonçalo e reconhece que para a instituição a que preside, Gonçalo funciona como um grande embaixador. «Acho que em termos de imagem para o exterior, no prestígio, o Pedroso já ganhou alguma coisa. Se no futuro render milhões e nos puder ajudar, melhor para nós, mas como adepto do FC Porto prefiro que fique lá muitos anos», assume o dirigente, lembrando a parceria que o Pedroso tem com o FC Porto, ao disponibilizar espaço físico para as camadas jovens dos dragões treinarem enquanto não se ergue a Academia.

Reconhecimento internacional

Em outubro passado, o jornal inglês The Guardian apresentou os jogadores da «Next Generation», resumidamente, uma lista que reúne os jovens mais promissores do futebol mundial. Nessa lista estão dois portugueses: Gonçalo Ribeiro e o lateral-direito Martim Fernandes, ambos do FC Porto. A escolha dos jogadores portugueses que integram esta edição da «Next Generation» foi assumida por Nuno Travassos, jornalista de A BOLA.