FC Porto Estratégia é arrastar o processo para segurar Otávio

A estratégia da SAD portista para afastar o Al Nassr e outros clubes interessados em Otávio (são os sauditas os principais dinamizadores de uma transferência imediata do médio) vai mesmo passar por não dar condições para que o negócio se faça pela cláusula atualmente em vigor até ao dia 15, €40 milhões. Depois dessa data, a blindagem do médio passa para os €60 milhões, soma bem mais elevada que fará repensar o Al Nassr, até porque uma transferência desta natureza representaria um recorde na Liga saudita, esta época.

Como A BOLA noticiou, o número 25 dos dragões ficou tentado com as extraordinárias condições financeiras apresentadas pelo Al Nassr ao seu agente, Israel Oliveira - um ordenado que, com todas as regalias incluídas, atingirá os €15 milhões líquidos.

Numa primeira fase, o Al Nassr não admitia chegar aos €40 milhões, porque traduziria considerável esforço orçamental e os alvos do clube não se esgotam no portista, apesar de Otávio ter o carimbo de prioritário. A questão que se levanta é como se evita que um clube pague a cláusula? Não se evita se for a pronto pagamento, como aconteceu quando o PSG contratou Vitinha ao FC Porto. Os parisienses propunham pagar o montante em três prestações, mas no final tiveram de recorrer a um contrato de factoring para financiar a operação, pagando €1,525 milhões em juros. Sucede que esse mecanismo financeiro não acontece num estalar de dedos. Tem trâmites legais que demoram tempo. O tempo suficiente para a cláusula voltar aos €60 milhões.

Mesmo sendo um dos quatro clubes adquiridos pelo Fundo de Investimentos Públicos (PIF) da Arábia Saudita, o Al Nassr funciona com qualquer outro clube, ou seja, tem de apresentar garantias bancárias e percorrer rotas de financiamento enquadrados nos parâmetros internacionais. Em suma, as normais burocracias.  

RENOVAÇÃO É HIPÓTESE, MAS...

Na negociação que levou à renovação do contrato de Otávio até 2025, a descida da cláusula foi acordada pelas partes e os dragões sabiam que no período em que valor da blindagem fosse mais baixo o jogador estaria exposto ao interesse de bolsas recheadas. São as regras do jogo. Como o tempo se encarregou de demonstrar, a decisão de manter Otávio foi correta, mesmo que dispendiosa - € 16,9 milhões. Um investimento com forte retorno desportivo e cujo impacto não diminuiu. Não há plano B para Otávio. Há para Uribe e para um número 8, porque eram cenários antecipados por força do final de contrato do colombiano e da despromoção de Bruno Costa à equipa B.  

No horizonte está a possibilidade de a SAD contra-atacar e apresentar a Otávio proposta para renovar, mesmo sendo já dos jogadores mais bem pagos do plantel - € 4 milhões brutos. Um passo arrojado, mas talvez inevitável. Isso, claro, se Otávio quiser.