Benfica: saída da Champions pode obrigar a venda em janeiro
João Neves, médio de 19 anos do Benfica (SOPA Images/IMAGO)

Benfica: saída da Champions pode obrigar a venda em janeiro

NACIONAL10.11.202320:46

Quebra de receitas da UEFA tem implicações fortes nas contas da SAD; €65 milhões do PSG por Gonçalo Ramos não devem chegar; pouca margem para outras receitas ou para cortes

A saída precoce da Liga dos Campeões 2023/2024 poderá obrigar Rui Costa a vender pelo menos o passe de um jogador em janeiro se a SAD quiser apresentar resultados positivos até 30 de junho, quando terminar o atual exercício. 

As águias deverão precisar de realizar cerca de 90 milhões de euros em vendas para equilibrar o orçamento e para já só estão garantidos os €65 milhões que o PSG tem de pagar pelo passe de Gonçalo Ramos (€20 milhões no último defeso pelo empréstimo e €45 milhões da cláusula de compra obrigatória que pode ser acionada ainda nesta temporada).

Isto quer dizer que o risco de sair uma das joias de coroa é real. António Silva e João Neves afiguram-se como os possíveis  candidatos a uma transferência, que num cenário ideal para os encarnados passaria pela venda efetiva em 2023/2024, mas com o adeus só no início de 2024/2025. Pouco provável, ainda assim possível para um comprador que encare o negócio a longo prazo. 

Outra das hipóteses poderia passar pelo aumento de outras receitas, mas neste capítulo a margem de crescimento é muito reduzida e o modelo de negócio do Benfica (e dos outros grandes em Portugal) depende muito de capitais exteriores (60 por cento, no caso das águias)_nomeadamente vendas, contratos de patrocínio e prémios da UEFA.

Em setembro, por altura da divulgação do relatório e contas do ano 2022/2023, os encarnados anunciaram ter alcançado dois recordes: receita de corporate e bilhética (total de €33,9 M, aumento de 34,3%) e prémio de desempenho na Liga dos Campeões (€74,3 milhões). Mesmo assim, se não fosse a venda de passes de jogadores, a SAD teria apresentado um prejuízo de quase €60 milhões. 

Sequência positiva desde 2013

Mesmo com receitas de €89 milhões em transferências, o saldo final em 2023 cifrou-se num lucro de €4,2 milhões. Porque os gastos operacionais (sem incluir contratações) atingiram os €246 milhões. 

Não se prevendo uma redução significativa nos custos (já incluindo salários do plantel e equipa técnica) e tendo em conta que o Benfica irá receber cerca de €30 milhões a menos de prémios da UEFA comparativamente à temporada anterior, a perda de um dos anéis a curto prazo poderá ser a resposta para manter a sequência de resultados positivos que vinha desde 2013 e apenas interrompida pelos anos da pandemia.