As análises de Duarte Gomes aos jogos que o Sporting se queixa de João Pinheiro

A BOLA recuperou as apreciações ao desempenho do árbitro após intervenção do presidente leonino, Frederico Varandas, que visou o internacional da AF Braga

Sporting, 2-Rio Ave, 3 (4.ª jornada da Liga - 31/08/2019)

As primeiras queixas leoninas aconteceram em agosto de 2019, num jogo em Alvalade em que o Rio Ave ganhou por 3-2 com três golos de penálti. Coates foi expulso. 

Análise de Duarte Gomes

Jogo incrivelmente difícil, com arbitragem não isenta de erros, mas corajosa e personalizada

4’: Penálti bem assinalado a favor do Rio Ave: Coates esticou a perna e derrubou Taremi. O árbitro entendeu que, ao disputar a bola, o central argentino cortou golo iminente, razão pela qual exibiu cartão amarelo. Fez bem.

83’: Coates, na passada, tocou com a sua perna esquerda no pé, também esquerdo, de Taremi, fazendo-o cair. Novo lance quase impercetível – o toque foi subtil, na sequência da mudança de direção do avançado e aconteceu após pequeno puxão do central na camisola do iraniano, esse sim, sem consequência – mas, quanto a nós, foi suficiente para ser considerado faltoso. Pontapé de penálti difícil de detetar, mas bem assinalado. 

90’: Penálti bem assinalado, por nova falta (esta mais evidente) de Coates. O defesa falhou a interceção, com a perna, derrubou o seu adversário (aparentemente sobre a linha ou já mesmo dentro da sua área). Nova boa decisão de João Pinheiro. O segundo amarelo deveu-se à anulação ilegal da jogada de golo.    

FC Porto, 2-Sporting, 2 (22.ª jornada da Liga – 11/2/2022)

O jogo com o FC Porto na Liga 2021/2022, 2-2 no Dragão, que terminou com enorme confusão, também mereceu duras críticas dos leões, nomeadamente devido a expulsão de Coates, ainda com o resultado em 2-1 para os verdes e brancos.

Análise de Duarte Gomes

Pinheiro teve pela frente um jogo vergonhoso, onde poucos foram inocentes e muitos foram culpados

28’: Coates não faz falta (pelo contrário, foi pisado) sobre Taremi. O amarelo tinha que ser exibido, mas ao avançado do FC Porto, nunca ao central do Sporting.

43’: Na sequência de um canto, Evanilson saltou à bola, acertando com o braço de forma antidesportiva, no pescoço de Ugarte. A infração (impossível de ver in loco) devia ter valido advertência para o brasileiro.

49’: Coates, viu o segundo amarelo após contacto ligeiro, mas suficiente para desequilibrar Evanilson. A falta não foi negligente, mas cortou ataque prometedor. A expulsão por acumulação ficou ferida de morte pela má decisão no primeiro cartão.

71’: Amarelo mal exibido a Palhinha, que não cometeu sequer falta sobre Uribe (tocou apenas na bola). Decisão errada do árbitro. 

Sporting, 0-FC Porto, 2 (Final da Taça da Liga – 28/1/2023)

Outro jogo com os dragões, final da Taça da Liga 2023, que os azuis e brancos venceram por 2-0. Queixam-se os leões sobretudo de dualidade de critérios.

Análise de Duarte Gomes

Ficaram cartões vermelhos por exibir a Wendell, a Tanlongo e a Matheus Reis

33’: Otávio pontapeou o pé de Paulinho ao tentar cortar a bola que estava jogável. Apesar da tentativa em disputar o lance, a infração parece mais negligente do que imprudente. João Pinheiro fez leitura distinta. 

53’: Pepê saltou após passar por Coates, aparentemente por ter tropeçado no relvado. O aparato na queda foi evidente e despropositado, tendo todo o desenho de simulação. 

62’: Wendell derrubou Edwards perto da sua área de penálti. A infração devia ter sido sancionada com pontapé-livre favorável ao Sporting. 

65´: João Mário devia ter sido advertido após impedir Fatawu de forma antidesportiva (e que também cortou jogada prometedora). 

67’: Pedro Gonçalves provocou Wendell, incorrendo em comportamento antidesportivo. O jogador do FC Porto, provocado, reagiu com gesto agressivo e intencional (atingiu, com a mão, o peito/barriga do adversário). Lance passível de cartão vermelho direto, da responsabilidade maior do VAR. 

90+5´: Tanlongo, sem ser provocado e com bola distante, atingiu com a mão o peito de Otávio, fazendo o mesmo mais abaixo (joelho na coxa daquele). Não há meias agressões no futebol, onde até a tentativa é punida. Vermelho por exibir. O comportamento posterior de Matheus Reis em relação ao árbitro (encostou a cabeça deliberadamente à sua) só poderia ter caminho idêntico. Mal a equipa de arbitragem. 

Sporting, 2-Benfica, 2 (33.ª jornada da Liga – 21/5/2023)

Foi no 2-2 da Liga na época passada, em Alvalade, que os leões se queixaram de falta sobre Coates no segundo golo encarnado. 

Análise de Duarte Gomes

Árbitro perto de realizar um trabalho a roçar a perfeição, num jogo que tinha tudo para não correr bem

90+4’: O segundo golo dos encarnados merece esclarecimento técnico minucioso: Florentino tende a ocupar posição de ‘bloqueio’ (proibidos no futebol) em bolas paradas que são cruzadas para a área encarnada. A estratégia só é legal se não impedir a progressão dos adversários. Neste caso, o médio encarnado impediu, com o corpo em rotação, a movimentação de Coates para o interior da sua área. Não parece haver um bloqueio puro, mas a verdade é que o jogador encarnado estava adiantado irregularmente e tomou parte ativa no jogo ao interferir (com contacto físico) na ação do seu adversário. Foi motivo suficiente para justificar a anulação do golo. 

V. Guimarães, 3-Sporting, 2 (13.ª jornada da Liga 9/12/2023)

Penálti mal assinalado e expulsão de Ricardo Mangas, eis as queixas leoninas no encontro de sábado passado.

Análise de Duarte Gomes 

O árbitro bracarense recebeu o apoio, à distância, de Hugo Miguel (desempenhou a função de vídeo árbitro)

5': João Pinheiro 'geriu' sem cartão lance que devia ter valido o primeiro amarelo do jogo, no caso para Borevkovisc. O central croata agarrou ostensivamente a camisola de Gyokeres, impedindo-o de entrar com perigo na área do Vitória.

45+3': Adán saiu à bola de joelhos e de forma visivelmente ponderada, demonstrando que não queria infringir. Na verdade, não o fez. Ricardo Mangas iniciou a queda quando tocou na bola e bem antes de contacto (joelho do GR no seu pé esquerdo), que existiu. Em lance subjetivo - o fumo no estádio afetou a qualidade das imagens -, entendemos que o pontapé de penálti foi mal assinalado e que o mais certo é que o jogador do Vitória tenha procurado ludibriar o árbitro. A ter sido assim, teria que ver o segundo cartão amarelo e consequente vermelho. 

VAR – Sporting, 1-FC Porto, 1 (5.ª jornada da Liga – 11/9/2021)

Em setembro de 2021, João Pinheiro foi VAR no 1-1 com o FC Porto, em Alvalade, para a Liga. Queixou-se o Sporting que passou em claro agressão de Pepe a Coates.

Análise de Duarte Gomes

Nuno Almeida esteve mal disciplinarmente e os jogadores mereciam valente puxão de orelhas

32’: Após a marcação de pontapé de canto, Coates puxou o braço direito de Pepe. Na sequência da falta não assinalada, o central do FC Porto acertou com a mão no pescoço/rosto do adversário. O VAR terá entendido que isso aconteceu porque o defesa tinha o braço preso (e ao soltar-se atingiu o uruguaio). O nosso entendimento face ao desenho do incidente – punho fechado, dentes cerrados e causa/efeito evidentes – é que o jogador azul e branco fez mais do que o suficiente para ser expulso.