Reino Unido 45 dias depois, primeira-ministra Liz Truss apresenta demissão
A primeira-ministra britânica, Liz Truss, apresentou esta quinta-feira a demissão, pouco mais de um mês depois de ter tomado posse. Foram 45 dias. «Não posso cumprir o mandato», afirmou, depois de um dia verdadeiramente alucinante no parlamento na véspera, e de lá ter declarado «Sou uma lutadora, não uma desistente».
Truss enfrentou várias dificuldades desde o início, marcado, de resto, pela morte da rainha Isabel II, dois dias depois de a convidar a formar governo no Palácio de Balmoral. Teve de recuar em várias medidas que havia anunciado e nos últimos dias deputados do Partido Conservador manifestaram publicamente o desejo que Truss se demitisse, na sequência da instabilidade no Governo - com várias saídas, incluindo o ministro das Finanças há dias e ontem, Suella Braverman, ministra do Interior - e relatos de confusão numa votação no parlamento, com deputados a serem 'obrigados' a votar a favor do governo.
Liz Truss sucedeu a Boris Johnson como primeira-ministra a 6 de setembro, depois de derrotar Rishi Sunak na disputa pela liderança do Partido Conservador, e será o governante com mandato mais curto na história do Reino Unido (o mais breve era George Canning, com 119 dias, até morrer de tuberculose em 1827). Truss disse em Downing Street que já notificou o rei Carlos III.
O líder do Partido Trabalhista, Keir Stamer, pediu a realização de eleições gerais, bem como a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon.
Eis o comunicado de Truss:
«Assumi o cargo num momento de grande instabilidade económica e internacional. Famílias e empresas estavam preocupadas com o pagamento das contas. A guerra ilegal de Putin na Ucrânia ameaça a segurança de todo o nosso continente e o nosso país foi retido por muito tempo pelo baixo crescimento económico.
Fui eleita pelo Partido Conservador com mandato para mudar isso. Definimos uma visão para uma economia com impostos baixos e alto crescimento – que tiraria vantagem das liberdades do Brexit. Mas reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador.
Portanto, falei com Sua Majestade o Rei para notificá-lo de que renuncio ao cargo de Líder do Partido Conservador. Esta manhã estive com o presidente da Comissão 1922 [Grupo parlamentar do Partido Conservador], Sir Graham Brady, e concordámos que haverá eleição para a liderança na próxima semana. Isso garantirá que continuemos no caminho para entregar os planos fiscais e manter a estabilidade económica e a segurança nacional de nosso país. Permanecerei como primeira-ministra até que um sucessor seja escolhido.»