«Este balneário dá um sentimento de poder»

Seleção «Este balneário dá um sentimento de poder»

SELEÇÃO30.06.202323:30

Chegaram as férias com a Seleção num momento de sonho. Quatro jogos, quatro vitórias, 14 golos marcados e 0 sofridos. Perante isto, Roberto Martínez, o selecionador, não poderia deixar de fazer balanço francamente positivo.

«O balanço é muito positivo, estou satisfeito com os valores que encontrei. Os jogadores criaram uma equipa com valores de compromisso, de luta, de querer melhorar, de respeito. Precisamos de tempo para sermos uma equipa que pode ganhar um grande torneio internacional, mas ganhar estes jogos é importante», começou por dizer em entrevista ao Canal 11.

Frente à Islândia o golo solitário  de Cristiano Ronaldo — quem mais? — no último instante. Mesmo assim, Roberto Martínez garante que nunca sentiu que as coisas pudessem correr mal: «Não, eu sou uma pessoa muito positiva, tenho um sentimento de acreditar no trabalho dos jogadores. Temos uma mistura de miúdos com talento e experiência. Este balneário dá um sentimento de poder. De poder ganhar jogos, de sofrer, que é muito importante. Temos pessoas que conhecem o sentimento de jogar pela Seleção e isso é muito importante.»

O jornalista do Canal 11 recordou a determinado momento que flexibilidade e tática foram as palavras que Martínez mais utilizou na primeira conferência de imprensa que deu enquanto selecionador. «E compromisso», acrescentou o técnico espanhol, mostrando a base do seu otimismo: «Acredito que num balneário como o de Portugal, com muito talento, se temos compromisso e flexibilidade tática temos muitas opções de ganhar.»

Se há crítica que foi feita a Martínez foi no momento de fazer substituições — a defesa é simples: «No estágio temos um período muito curto, dois ou três treinos.É importante ver o momento do jogador e o que o jogo precisa. Não é possível ter substituições preparadas, pensar que um avançado joga 60 minutos e o outro 30. Não é o que o jogo precisa. Isso é importante. A Islândia jogava com um bloco mais baixo e nós precisávamos de frescura e clareza em algumas situações e naquele momento Gonçalo Inácio, Vitinha e Otávio eram os futebolistas que nos poderiam dar o que precisávamos. Há diferentes substituições: as que o jogo precisa, as que nós precisamos e as outras, para jogadores terem oportunidade de participarem, de serem parte da memória.»

Se causou polémica a queixa de João Mário no momento em que deixou de estar disponível para a Seleção por só ter jogado um minuto frente ao Luxemburgo, nesta entrevista Martínez sublinha que não é esse o fator que mais se deve valorizar.

«É uma forma de trabalhar diferente de um clube. Jogar pela Seleção é um orgulho, uma recompensa. Jogar pela Seleção tem um significado importante. Um jogador que jogue um minuto, não valoriza jogar esse minuto, mas é jogar, é estar, é participar. Gostaria de dar a todos os jogadores oportunidade de estarem no relvado, mas não é possível. Não é estarem 2, 3 ou 10 minutos que conta... É uma recompensa, é um significado. É uma situação de orgulho e um momento único.»

Outra ideia do selecionador é que não há portas fechadas na Seleção.

«Não. É importante ter a porta aberta. É o sonho de qualquer jogador português e é fundamental que a porta esteja aberta. Mas agora trabalhamos com grupo mais reduzido porque precisamos de melhorar, de ter dinâmicas que com os jogos melhoram. Mas seguimos todos os jogadores que podem estar na Seleção. Ter espaço para novas escolhas é sempre importante», acrescenta.

Com a caminhada segura, Portugal termina o ano em nono lugar no ranking FIFA. Subir seria bom sinal, mas não é uma obsessão

«Não temos o objetivo de subir no ranking. Isso será uma consequência de ter equipa consistente, que ganha de forma permanente. E ter jogadores com compromisso elevado. É consequência. Subir no ranking sem melhor nível de jogo não é importante», referiu ainda.

Para rematar há ainda referência às diferenças entre trabalhar na Seleção e num clube: «É totalmente diferente. Estive sete épocas na Premier League e depois sete a nível internacional e é totalmente diferente. No clube, o jogador procura melhorar para fazer o que o clube espera dele. Mas a seleção é orgulho, é recompensa para a carreira, é o concretizar de sonho de menino.»