Isaac Nader, a luz ao fundo do túnel!

Opinião Isaac Nader, a luz ao fundo do túnel!

OPINIÃO19.06.202323:19

De repente, uma luz ao fundo do túnel. Enquanto o Portugal futebolístico discutia se os assobios a Otávio foram mais merecidos que os assobios a João Mário e se os decibéis da Luz foram superiores ou inferiores aos de Alvalade, desprezando-se na Opinião Pública, por exemplo, o aterrador retrato sobre tráfico humano no futebol português que redescobrimos nos últimos dias, um menino de 23 anos colocou-nos à frente a luz ao fundo do túnel.

Talvez Isaac Nader, algarvio de gema, nascido em Faro em 1999, filho de mãe portuguesa e pai marroquino, seja, por enquanto, desconhecido da esmagadora maioria dos portugueses.

Não é, porém, das pessoas que gostam mais de desporto que da medição da potência dos assobios de sportinguistas, benfiquistas ou portistas.

Há quase 20 anos que não se via algo assim no tão afamado (nos anos 80 e 90 do século passado) meio-fundo português: 3.31,67 segundos nos 1500 metros.

É uma marca tão fantástica que nos remete para o imaginário do princípio do Século XXI, quando o ainda mais fantástico Rui Silva fazia marcas, no quilómetro e meio, que rondavam os três minutos e trinta segundos.

Apenas por seis vezes o medalha de bronze dos 1500 metros de Atenas-2004 fez melhor que a marca de Isaac Nader: 3.30,88 em 1999; 3.30,36 em 2001; 3.30,07, 3.30,07 e 3.31,22 em 2002; 3.30,90 Bruxelas em 2004!

A seguir aparecem os fabulosos 3.31,67 de Isaac Nader em 2023 em França.

O recorde nacional de Rui Silva (3.30,07), até agora considerado inacessível por quase todos os amantes de atletismo, tornou-se agora quase acessível.

Um segundo e sessenta centésimos é ainda complicado de ultrapassar para o jovem (23 anos) atleta do Benfica? Sem dúvida.

Mas para quem progrediu quase cinco segundos em apenas um ano (3.36,50 em 2022 para os atuais 3.31,67) nada é verdadeiramente impossível de alcançar.

O futuro passa por aproximar-se do recorde nacional de Rui Silva. Vai ter, primeiro, de tornar-se consistente abaixo de 3.33, por exemplo.

Rui Silva desceu dez vezes deste tempo, Isaac Nader, para já, apenas uma.

O futuro, sob a forma de luz ao fundo do túnel, chama-se agora Isaac Nader.

Ouviremos falar muito mais dele.