Ticha Penicheiro: «Parece que fui ontem para os Estados Unidos»

Basquetebol Ticha Penicheiro: «Parece que fui ontem para os Estados Unidos»

BASQUETEBOL31.08.202300:13

Com os renovados courts de basquetebol do Art Dunk Moinho do Penedo, na serra de Monsanto, em Lisboa, assinalou-se também a passagem de Ticha Penicheiro a embaixadora da Liga Betclic feminina, destaque que Neemias Queta já tinha no campeonato dos homens.

No entanto, ao contrário do poste dos Kings, a antiga campeã pelas Sacramento Monarchs nunca ali havia jogado. «Acho que a única vez que havia vindo aqui foi para uma entrevista, mas nunca joguei cá», declara a base eleita, há duas épocas, uma das 25 melhores jogadoras dos primeiros 25 anos da WNBA.

Enquanto a imagem a meio-corpo de Queta ocupa praticamente todo o terceiro campo do local, a de Ticha está logo no primeiro court desenhado e pintado pela dupla do Projeto Ruído Draw & Contra. «Já havia ouvido muito falar deste campo e das suas vistas, só nunca tive a oportunidade de jogar cá. E agora já não tenho idade para isso... Vim só mandar umas bolas», brinca a quatro vezes All-Star natural da Figueira da Foz que, juntamente com Neemias, fez uns lançamentos e assistências para inaugurar os cestos e captação de imagens e à noite tinha marcadas filmagens no local para anúncios do patrocinador.

Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF

Razão que fez com que vinda a Portugal tivesse sido antecipada – chegara de manhã dos Estados Unidos – de forma que tudo fosse possível antes de Queta ter de viajar para a Califórnia a fim de começar os treinos de preparação para a pré-temporada.  

Para si também não é uma estreia ter um campo que lhe é dedicado. Tem ideia quando já são? «Bem, tenho um em Cascais, outro na Figueira [da Foz] e agora este. Ah, e ainda um em Norfolk, na Virginia, que foi onde estudei na universidade [Old Dominion].

E o que ainda significam estas iniciativas passados 11 anos de ter deixado a competição? «Que as pessoas ainda se lembram do que fiz, que a minha carreira marcou os portugueses e a juventude. É um motivo de orgulho e uma grande honra, principalmente quando acontece na capital do país. É icónico pode cá vir e ver não só a minha cara, mas também partilhar este espaço, que é incrível, com o Neemias. Espero que muita gente venha a tirar proveito destas condições para jogar basquete», salienta a atual agente de jogadoras da WNBA e na Europa. Profissão que abraçou mal terminou a carreira de basquetebolista.  

E vai voltar a aparecer uma portuguesa com qualidade para jogar na WNBA? «Sim, espero que sim. Ninguém me tocou com uma varinha mágica. Houve muito trabalho, dedicação, sacrifício, querer… e também um bocadinho de sorte, que é preciso», começa por analisar quem, juntamente com Mery Andrade, foi a única lusa a atuar na principal liga feminina do mundo.

«Acho que temos jogadores que têm esse desejo, mas primeiro têm de acreditar que podem lá chegar e depois trabalhar para que aconteça. Neste momento falo da Clara Silva que tem tido uma prestação incrível em Espanha e jogou agora pela Seleção sub-18. Em princípio, para o ano vai para uma universidade nos Estados Unidos. Acho que pode a próxima a conseguir lá chegar. Vamos esperar que tenha oportunidade, as coisas corram bem e entre na WNBA», diz, esperançosa.

Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF

Noto que, apesar de ter deixado a carreira de basquetebolista há já alguns anos, quando surge nestes eventos continua a ser muito profissional em tudo: momento de fotografia, de jogar, falar, sorrir… Parece-lhe que foi ontem que deixou de jogar? «[risos] Mais ou menos. Parece que foi ontem que fui para os Estados Unidos. O tempo passa rápido…»

«Daqui a poucos dias [18 de setembro] faço 49 anos. Quando digo alto o número até me assusto. O tempo passa mesmo muito depressa. Penso que tive uma carreira incrível, se calhar nunca pensei viver, nem mesmo nos meus sonhos mais atrevidos, mas agora ao olhar para trás e olho o que consegui tendo esta idade parece que foi ontem. Mas também parece que não foi…», acrescenta.

Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF

Quando diz esse número alto é a sua parte psicológica a reagir. E a parte física, sente que tem [quase] 49? «Não! Aí tenho 19. Ou 29. Essa está bem», termina rindo-se