O 'mister' de A BOLA do Casa Pia-Sporting: Vitória justa por linhas tortas

Liga O 'mister' de A BOLA do Casa Pia-Sporting: Vitória justa por linhas tortas

NACIONAL20.08.202315:26

1. Realidade
De modo simplista, mas factual, nos últimos 3 anos, o Sporting passou pela euforia, na conquista do campeonato, pelo otimismo de um 2.º lugar exatamente com o mesmo número de pontos obtidos na época anterior e pelo incomodo da impossibilidade de lutar por um lugar na Liga dos Campeões. Esta via descendente, no mínimo, teve um efeito positivo. Entender que toda a realidade é dinâmica e complexa, pois existem mais 17 equipas que pretendem atingir os seus próprios objetivos. Para tal, é determinante alterar estratégias, relativamente às decisões a tomar na conceção de um plantel mais consentâneo e assertivo. Aceitando pagar valores de transação que não eram comuns no passado. E, em simultâneo, dotar a equipa de ideias e conceitos de jogo ajustados, tirando o máximo das capacidades dos jogadores na direção de um coletivo eficaz.

2. Espiralidade
Todas as equipas de futebol são organizações multiniveladas, sendo na base representadas por três níveis de desempenho: individual, setorial e coletivo. Estes diferentes níveis estão interligados entre si. Não existe oposição entre o individual e o coletivo, em virtude do coletivo conter o individual sendo este que lhe atribui identidade. Contudo, a existência desta circularidade pode ter consequências negativas na evolução da equipa, daí que se coloca uma perspetiva de espiralidade. Enquanto a visão de ciclo é voltar ao ponto de partida, começando, porventura com os mesmos problemas e vícios. A espiral cresce e conquista território, mesmo que se desenvolva por onde já passou, fazendo-o progressivamente mais afastada, emancipando-se paulatinamente. Regressa, mas está cada vez mais longe do ponto de partida. Sendo compatível com o que se pretende, isto é, a evolução transformativa da equipa.

3. Complementaridade
O Casa Pia é uma equipa estruturada e uma funcionalidade bem sincronizada e calibrada, tanto na fase ofensiva como defensiva. Estes atributos obrigam qualquer adversário a descobrir ou a reinventar espaços entre linhas, bem como, variar o jogo exterior e interior de modo a desequilibrar, nem que seja por instantes, a sua organização. Este terá sido, porventura, a melhor arma estratégico/tática do Sporting neste confronto. Apesar de uma 1.ª etapa de construção lenta, sob forte pressão dos gansos, as ligações defesas, em especial com os avançados no jogo na profundidade (Gyokeres) ou entre linhas (Edwards), promoveu a possibilidades de chegada às zonas de finalização com criatividade, mas reduzidas oportunidades de golo iminente. Mas tal facto é da total responsabilidade positiva do Casa Pia. Do referido, tais movimentações poderão ser consideradas conjunturais, pois estamos no início da época e ainda haver algum desconhecimento da forma de jogar de cada equipa. Mas o que não parece conjuntural é a complementaridade entre Gyokeres e Paulinho. O primeiro nas ações de profundidade arrastando a defesa adversária para o seu reduto defensivo e o segundo aproveitando e explorando os espaços criados pelo seu colega. Salienta-se ainda a ação de Pedro Gonçalves e Nuno que múltiplas vezes exploram o lado esquerdo, compactando a necessidade evidente da equipa jogar com 2 avançados, retendo os 3 centrais do Casa Pia, obrigando Larrazabal e Lelo a formar um setor de 5 defesas como rotina de jogo da equipa.  

4. Variedade
Da análise sempre subjetiva de uma partida, poder-se-á arriscar neste comentário que o Sporting não terá um plano alternativo de caráter estrutural, mas sim, a variação de um plano de jogo, cuja funcionalidade poderá alterar em função da sincronização dos jogadores, bem como, se optar por outros, cujas particularidades e competências sendo diferentes possam ser utilizadas em determinada partida ou durante o seu desenvolvimento. Mantendo os pressupostos do modelo de jogo da equipa. Altera-se sim, o momentum do jogo, isto é, volume de jogo multiplicado pela velocidade de decisão/ação. Se tal facto for real. O processo de treino do Sporting será otimizado, gerindo-se melhor o tempo e o esforço dos jogadores, mantendo as similaridades entre cada método de treino durante a sessão de trabalho. Treina-se o que é realmente essencial e não se perde tempo com o acessório. Cria-se deste modo uma especificidade ampliada de efeitos de ordem estratégica, tática, física e psicológica numa dimensão de integralidade com critério e objetividade. Toda a organização baseia-se na redução de custos e amplificação máxima dos seus efeitos.