Xavi e Zidane treinadores
Xavi finalizou a carreira de jogador esta semana e iniciou a de treinador, no Al-Sadd, do Catar, tendo aclarado que quer começar por baixo até ascender ao Barça. Campeão de tudo pelo Barcelona e pela Espanha, já era treinador enquanto jogador pelo que é fácil augurar-lhe sucesso na nova carreira, julgo. Mais ano, menos ano e estará, sim, em Camp Nou. E vai ser melhor do que Zidane. É arriscado, talvez até repreensível, dizer que Xavi, que nem começou, vai ser melhor treinador do que Zidane, que em três anos na função ergueu pelo Real Madrid três Champions, dois Mundiais, duas Supertaças Europeias, uma liga e uma supertaça em Espanha, contudo estou mesmo convencido de que vai. Aponto duas razões.
Primeiro, Zidane ganhou como treinador mas beneficiou de equipa feita e liderada por Ronaldo, na qual teve o mérito de mexer pouco. O trabalho que tem agora pela frente num Real Madrid às aranhas provará se é profissional para se manter entre elites.
A segunda razão flui dos estilos que tinham como futebolistas, que não sendo fatalmente transmutável para o que são como técnicos pode ajudar a visualizar as posteridades. Ambos jogavam e faziam jogar, em todo o caso há estéticas diferentes que não consigo ignorar. Zidane era cintilante, Xavi também, mas mesmo com marcas na história que em termos de conquistas podem considerar-se equivalentes, o que parece claro é que um, o francês, deixou marca pessoal enquanto o outro, o espanhol, a deixou coletiva. Xavi conduziu equipas que mudaram o futebol, deixaram um estilo, um legado. Zidane deixou-se maravilhosamente apenas a ele e a não ser que um treinador algum dia tenha de treinar-se a ele próprio creio que Xavi, no final das décadas, acabará mais vencedor e significante do que Zidane. Em Zidane vejo os passados e em Xavi os futuros.