Wayne Rooney, o jogador
A Igreja de Inglaterra, pelo bispo Alan Smith, julgou Wayne Rooney por este ter aceitado transferir-se do DC United para o Derby County ao abrigo de um acordo com a casa de apostas 32Red. Rooney escolheu até o número 32 para a futura camisola. «Está a influenciar mal os fãs», apontou o bispo ao Guardian.
Parece-me fácil criticar, em todo o caso também me parece fácil compreender Rooney. Note-se que as casas de apostas patrocinam 17 dos 24 clubes do Championship - além de 9 na Premier League, e isto contando só a Inglaterra - e que a dimensão do negócio das apostas online e em direto implica uma canalização para este meio, descerrando, pois, espaço para o crime e a máfia. Ocorre que Rooney é, então, mais vítima do que culpado e, além disso, assinale-se que é franco ao promover algo de que garantidamente gosta… «Perdia e apostava mais para recuperar. Até que os jornais souberam e essa exposição fez-me perceber a dimensão, chocante, do dinheiro que perdera, fui estúpido», detalhou na autobiografia My story so far, de 2006. Lembro-me de ler em O Jogador, de Dostoiévski, que como escritor e pensador foi bem mais influente do que Rooney e, talvez por isso, já prevenia há cento e tal anos: «Só os jogadores sabem como ficar 24 horas a olhar para as cartas que seguram, sem olhar para o lado direito ou esquerdo».
Rooney fê-lo pelo dinheiro? Sim; e aproveito para elencar meia dúzia de atletas, porque há mais, que segundo a Forbes ganham mais a vender produtos do que em salários: Federer, LeBron James, Tiger Woods, Stephen Curry, Kevin Durant ou Nadal. Além de outros nos quais o salário e o patrocínio são equivalentes, como Ronaldo ou Messi. Rooney foi o primeiro, mas, paradoxalmente, não fez nada de novo.