VAR - perguntas e respostas
A proposta de hoje é lançar conjunto de perguntas e respostas sobre o VAR, como que em jeito de balanço do que se tem visto nos últimos tempos. Parece-vos bem? Vamos a isso.
1. A tecnologia do vídeo-árbitro é útil? Sim, é excelente e de inegável mais-valia para o apuramento da verdade desportiva. É um caminho sem retorno.
2. Aqueles que a manuseiam estão preparados para o fazer com competência e qualidade? Os testes começaram há dois anos e, além desses, os treinos a que foram sujeitos, em sala e no terreno, têm ajudado a apurar a utilização da ferramenta. Nem todos têm evidenciado sensibilidade e capacidade para dar o melhor apoio ao colega de campo. Ver imagens com olhos de ver, detetar infrações em segundos e passar informação ao árbitro, com serenidade e assertividade, requer competências pessoais e técnicas que nem todos têm. Como em tudo, há que filtrar.
3. Até agora, o Mundial da Rússia tem sido um êxito, em matéria de VAR? Não. Tal como não tem sido um fracasso. O balanço é o expectável para a (curta) maturidade do projeto e face à tenra experiência de alguns dos seus atores. Até à data, houve excelentes decisões (foram já vários os pontapés de penálti bem sugeridos pelo VAR), tal como houve erros, daqueles que nem o rigor protocolar consegue atenuar.
4. A FIFA precipitou-se ao introduzir o VAR em montra tão mediática? Penso que não. Desde a primeira hora mostrou-se firme defensora da tecnologia, utilizando-a na Taça das Confederações e no Mundial de Clubes (na altura, com risco bem mais elevado, porque a fase era de testes).
5. Como se justificam alguns erros que temos testemunhado, como, por exemplo, a falta de Diego Costa sobre Pepe ou o penálti, não assinalado, por carga de Boateng sobre Berg? Justifica-se pela inaptidão técnica, falta de coragem ou desconcentração absoluta dos vídeoárbitros em causa. Estamos todos cientes de que lances subjetivos, de intensidade duvidosa e que caiam na esfera de interpretação do árbitro, não podem nem devem merecer intervenção. Mas perante situações como essas, de claríssima infração, unânime aos olhos de qualquer leigo, a única resposta possível passa pela (in)competência ou inadequada sensibilidade para a função.
Importa recordar ainda que, na Rússia, estão 99 árbitros, de 46 países. Alguns só agora tomaram conhecimento prático desta ferramenta. Sem prejuízo das hipóteses anteriores, a inexperiência pode também explicar lapsos.
6. Até ao momento, as expectativas dos adeptos estão a ser defraudadas? Eventualmente estarão. Esperavam a diminuição radical de todos os erros graves, mas isso não tem acontecido. Isso apesar de sabermos que a tecnologia não termina com todos os erros, nem substitui o direito à interpretação (de lances dúbios) que o árbitro tem, em campo. Mas a verdade é que, neste momento, o balanço é apenas positivo, quando tinha tudo para ser brilhante.
O grande problema continua a ser o facto de ainda não se ter percebido que a finalidade deste ferramenta é, apenas e só, a de servir o futebol. Ajudá-lo a ser um jogo mais justo, com mais verdade. Não a de escudar-se num conjunto de argumentos protocolares e regulamentares para não o fazer.