Vamos, Portugal
1 - 45 minutos é metade do tempo de um jogo de futebol. No livre 45 num Mundial de futebol, Cristiano Ronaldo marcou um golo do outro mundo. Ao livre 45 marcou pela primeira vez de livre. E empatou uma partida que teve alternância no resultado e domínio espanhol no tempo e controlo do jogo. Mas em que Cristiano Ronaldo foi impressionante, notável, diria extraordinário - e outros disseram que foi fenómeno por um dia. Eu diria, nós diríamos, fenómeno uma vez mais. Portugal tem de lhe agradecer este empate. Mas a nossa seleção tem de crescer como coletivo face a Marrocos. Se mereceu na classificação de Fernando Santos seis no jogo frente a Espanha, tem de chegar a sete face a Marrocos e a oito no derradeiro jogo desta fase de grupos. E, depois, crescer, crescer, crescer. A seleção e alguns dos seus excelentes jogadores terão que ultrapassar o nervoso miudinho de uma primeira presença num Mundial. Mundial que é a emoção global em estado puro. Mesmo que alguns intelectuais não apreciem esta emoção e este verdadeiro estado puro! Mas o livre do nosso capitão percorreu o Mundo e suscitou uma unanimidade planetária: Fantástico! E, assim, com estes três golos Cristiano Ronaldo deu-nos alma e faz-nos acreditar: Vamos Portugal!
2 - A Islândia tem cerca de 334.000 habitantes. É a seleção que expressa o País com menor número de habitantes que participa neste Mundial. Ontem empatou frente à Argentina e mostrou que não é a imensa posse de bola que faz ganhar jogos. E Messi, ao contrário de Cristiano, falhou uma grande penalidade. Cerca de vinte por cento da população islandesa assistirá, ao vivo, pelo menos a um jogo neste Mundial. Impressionante! O que implica, também, que os preços das viagens não sejam tão desproporcionais como alguns que se escutam em Portugal. É que é mais barato comprar pacotes para a Rússia fora de Portugal do que… em Portugal. Talvez seja tempo de olhar para certos monopólios que condicionam o nosso Portugal. Talvez seja tempo de o ativo poder político meditar, também, acerca dos preços conexos que condicionam, e porventura limitam, o nosso futebol. Mesmo que seja seduzido, agora, por praças gigantes que agregam milhares no seu amor à seleção e que vivem cada jogo numa emoção em verdadeiro estado puro! Praças cheias de selfies!!!
3 - O Irão ganhou a Marrocos. Carlos Queiroz bem mereceu ser levantado pelos seus jogadores. Foi uma vitória suada. Foi uma vitória contra meio mundo. Contra as grandes marcas do futebol - Nike e Adidas - que boicotaram a seleção iraniana em razão das sanções americanas. Foi uma vitória de um selecionador empenhado e que não se sente devidamente acompanhado por parte da estrutura federativa iraniana. Foi uma vitória que evidencia, para quem tenha dúvidas, que a FIFA não consegue afastar - ao contrário do que, por vezes, proclama - a interferência da política no futebol. Foi uma vitória de um grande Senhor do futebol mundial, sempre assumidamente português, e que não deixou de recordar, com justiça, e no momento desta emblemática vitória, um grande Senhor do futebol português: José Torres! E como no nosso Cristiano Ronaldo uma vez disse «a experiência leva-te a perceber que jogar em equipa e ser solidário conduz a maiores êxitos»! E a imagem daquele grupo iraniano a levantar no ar Carlos Queiroz no final da segunda vitória da sua seleção em Mundiais - a primeira foi em 1998! - mostra o respeito e a confiança numa liderança que sabe que a solução mais simples é sempre as mais eficaz! Como se pode ler num interessante livro de Gabriel Garcia de Oro com o sugestivo título ‘Pensar com os Pés!’.
4 - Na próxima quarta-feira defrontamos, em Moscovo, e à hora do almoço - 13 horas! - a seleção de Marrocos. Será um jogo determinante para o nosso futuro próximo neste Mundial. A seleção de Marrocos é uma seleção duplamente estrangeirada! Dos 23 só dois jogam em Marrocos. Dos 23 jogadores deste seleção - que acaba, uma vez mais, de perder a organização de um Mundial de Futebol - oito nasceram em França, cinco na Holanda, dois em Espanha, um no Canadá e outro na Bélgica. Ou seja só seis são originários de Marrocos. É uma interessante opção da Federação de Marrocos, que, com inteligência e sagacidade, busca a segunda geração e o seu regresso às origens familiares. Daí que os clubes de origem dos jogadores de Marrocos sejam, na sua maioria, espanhóis, holandeses ou até turcos. Mas estamos convictos que uma vez Cristiano Ronaldo assumirá que sendo um Mundial necessariamente uma dificuldade extraordinária é, também, uma oportunidade de pessoas extraordinárias. Como é o seu caso! Também frente a Marrocos. Onde na Cave Real viveremos, acredito, instantes reais! Da nossa seleção! Vamos Portugal!
5 - A Oliveirense conquistou na sexta-feira, e pela primeira vez, o título nacional de basquetebol. Foi uma conquista bem merecida. Foi um título justo. Assumo que é uma modalidade que muito me diz. No então Liceu Nacional de Viseu - hoje Alves Martins - integrei uma equipa de luxo que muito conquistou em termos de desporto escolar. Depois integrei o Comité de Auditoria da então Liga de Clubes de Basquetebol. Sempre vibrei com as conquistas do Benfica e, permitam-me, também a segunda do Queluz! Agora pressinto a alegria que contagiou os fiéis adeptos da Oliveirense, os seus apaixonados - sim só uma paixão intensa é tão resistente! - patrocinadores, as estruturas diretiva e técnica do clube e os seus dedicados jogadores. Foi um sonho concretizado. Foi uma conquista bem merecida. E permitam-me uma saudação a um adepto especial que nunca deixou de nos dizer que «a Oliveirense vai ganhar a Liga de basquetebol»: O Dr. Hermínio Loureiro! Também ele sabe que só vale a pena se é difícil!
6 - O meu Amigo Igor Kapyrin é um grande diplomata russo. Verdadeiro Amigo de Portugal. Falando português e conhecendo bem, tal como sua Mulher, a nossa História, a nossa gastronomia, o nosso futebol, o meu Benfica. E levando-me, com entusiasmo, a conhecer e a entender a história russa e a sua águia bicéfala: olhando sempre para Ocidente e para o Oriente! Ajudei-o a traduzir para português a Constituição Russa e impulsionei-o para publicar em russo a nossa Constituição. Assim aconteceu na então Revista Polis! Na noite da passada sexta feira recebi uma sua entusiasmante mensagem: «Que grande jogo do grande jogador»! Eu direi, assim reforçado, «vamos Portugal»!