Uma novela com final feliz...
Chegou ontem ao fim a novela em torno de Jonas. Teve, como quase todas as novelas, um final feliz para os benfiquistas - os adversários dos encarnados farão, por certo, uma leitura diferente -, que depois de terem dado como perdido o seu melhor jogador dos últimos quatro anos assistem agora, felizes, a um volte-face que lhes garante a continuidade do brasileiro na Luz. Percebeu-se, durante um processo mais longo do que desejável face aos compromissos do Benfica neste arranque de temporada, que aos adeptos pouco interessa o BI ou questões físicas para as quais olham, sempre, de forma bem mais otimista do que fazem treinadores, departamento médico ou, até, presidentes.
Sim, Jonas tem 34 anos e problemas crónicos nas costas. O que, do ponto de vista (sempre implacável) da gestão, empresarial ou desportiva, desaconselharia uma renovação de contrato com substancial aumento salarial. O problema, claro, é que não estamos a falar de um jogador qualquer. Como escrevi neste mesmo espaço há uma semana, para a maioria (e acredito que grande..) dos benfiquistas vale mais Jonas com 34 anos e com as costas feitas num oito do que quase todos os outros de 20 e com as costas direitinhas como um cabo de vassoura. A sua possível saída para a Arábia Saudita provocou, por isso, um tumulto que ninguém previra, motivando, até, a criação de uma página no Facebook para reunir apoios a favor da destituição de Luís Filipe Vieira.
O presidente do Benfica, que não anda cá há dois dias, percebeu a mensagem e apressou-se a aproveitar a hesitação do avançado brasileiro a seu favor. Fez saber que propôs a Jonas a renovação de contrato, que faria dele o jogador mais bem pago do plantel, e encostou-o à parede, colocando do lado do brasileiro o ónus de uma eventual saída. O resto já se sabe: as partes entenderam-se e o avançado vai continuar no Benfica.
São boas notícias para todos: para Vieira, que encontrará sempre no desejo dos adeptos um escudo para uma pequena loucura; para Jonas, que se calhar nunca quis mesmo sair mas aproveitou uma proposta irrecusável para melhorar as suas condições na Luz; para Rui Vitória, que dificilmente encontraria no mercado um jogador como o atacante brasileiro - agora é encaixá-lo no onze, sendo certo que ter Jonas à disposição nunca poderá ser visto pelo treinador (por nenhum treinador...) como um problema.
BRUNO DE CARVALHO não descola. É como aquele conhecido - todos temos pelo menos um - de quem toda a gente se quer livrar ao fim de uns minutos de conversa e que, por uma questão de educação, vamos ouvindo (ou fingimos que continuamos a ouvir) até que se canse de falar para o boneco. É aquilo a que chamamos um chato. Para piorar as coisas, tem aquele problema de fazer-se sempre de coitadinho, como se tudo, desde o big bang, se tivesse conjugado numa enorme conspiração contra ele, eterna vítima de todos os males do mundo. Era, convenhamos, um traço da personalidade que já lhe conhecíamos, mas piorou bastante desde que os sócios com ele correram da presidência do clube de Alvalade.
Não foi ainda Bruno de Carvalho capaz de perceber que são já poucos os que lhe passam cartão. E serão menos ainda os que se importam se ele pode, ou não, ir a eleições. Um conselho para o primeiro presidente destituído da história do Sporting: às vezes quando se está ferido a melhor estratégia é fazer-se de morto e esperar pelo momento certo para contra-atacar. Vem nos livros: fazê-lo quando se está claramente por baixo é, só, o caminho mais rápido para a autodestruição. O problema, claro, é que Bruno de Carvalho sempre mostrou uma clara atração pelo abismo. É, sem surpresas, para lá que insiste em caminhar.