EDITORIAL Uma Bola de Ouro redundante
Messi é personificação do artista com bola. Cristiano é o maior monstro competitivo
A oitava Bola de Ouro de Lionel Messi não é um prémio, é um pleonasmo. Uma redundância. Não tem por causa uma época de futebol digna de Messi, mas apenas tem origem no mito e na lenda de um argentino que, por incrível que possa parecer, ultrapassou Diego Armando Maradona na admiração universal, numa época em que o futebol deixou de ter fronteiras.
Messi já seria, eventualmente, o melhor jogador de futebol de todos os tempos, sem a superlativa oitava Bola de Ouro. E não precisaria de marcar mais uma diferença premiada para Cristiano Ronaldo. Messi é um futebolista-artista único. Cristiano é um atleta do futebol de dimensão inigualável. É o mesmo jogo, mas concorrem em concursos diferentes. Um é a personaficação de um artista com bola nos pés;_o outro é o exemplo maior do monstro competitivo. Cada um terá o seu lugar na História do futebol. Tal como Pelé e Maradona. Eusébio e Bobby Charlton. Best e Cruyff. Todos eles foram geniais e todos eles merecem figurar numa galeria especial sem a injustiça da desgraçada mania que Homens têm de forçarem a hierarquização e comparação dos talentos.
Messi não merecia a vulgarização do prémio. E tal como costuma dizer Eduardo Marçal Grilo, a importância dos prémios não está em quem os atribui, mas em quem os recebe. Receber o mesmo prémio por oito vezes, sobretudo quando se trata de um jogo dinâmico como o futebol, é uma diminuição da sua importância e, já agora, uma desvalorização histórica, assumida em função de uma procura de uma desnecessária afirmação mediática.
Sabe-se que Cristiano Ronaldo se juntou ao coro de críticas pela atribuição do prémio àquele que considera ser o seu maior rival. Cristiano, percebe-se pela azeda reação nas redes sociais, ficou frustrado. Não por não constar pela primeira vez, desde há muitos anos, na lista dos melhores, até porque Cristiano sabia que ao escolher um campeonato árabe saía de cena dos palcos mais iluminados da Europa. Mas é natural que o português pense que é injustificável que Messi ganhe uma Bola de Ouro apesar da sua reforma dourada em Miami.
Vendo o episódio meramente à luz do futebol, o prémio da conhecida revista francesa desconsidera e desvaloriza os futebolistas da atualidade. Nenhum deles tem a dimensão de Messi ou de Ronaldo? Pois nunca irão ter.