Um dos tais...

Nas últimas linhas percebe-se quem ele é (e que não é a Juventus que nada joga, afinal...)

FOI no Napoli que se lhe descobriu o jeito para o futebol - e o espírito que haveria de o tornar no que é: quando andava pelos 10 anos, mesmo jogando contra quem tinha o dobro, não se preocupava com rasteiras que lhe faziam ou as boladas que lhe davam, se lhas faziam ou lhas davam, retribuía na mesma moeda, valente e atrevido.
Quando nasceu, o pai achou que se lhe pusesse nome de cientista, talvez o fosse. Não lhe pôs um, pôs-lhe dois - os «mais bonitos» que descobriu pelas enciclopédias que lia até à exaustão: Kléper Laveran. Treinando-o no Napoli, deixou de ter dúvidas que outro seria o seu destino. Imaginando-o avançado, passou a tratá-lo não pelo nome dos cientistas, mas pelo nome de um ponta esquerda que o encantara no Santos e no escrete: «Tinha chute tão forte que muitos goleiros tinham medo - e eu queria que meu filho chutasse como ele. Na época era fraco, mas fui insistindo…»
Jogando de chuteiras velhas, numa loja da cidade encantou-se com modelo da Umbro. Para comprá-las o pai teve de pedir a uma colega que lhe emprestasse cartão que permitiu que as pagasse em 15 prestações - e a história de tão emotiva virou, depois, anúncio da marca. Percebendo que era muito melhor como defesa do que seria como avançado, o pai já o atirara primeiro a lateral e depois a central. Para ajudar a família sem ter de deixar de estudar ou de jogar futebol montou, nas traseiras de casa, viveiros de peixes e pássaros e criação de galinhas. Vendia-os pelas ruas, o que ganhava entregava à mãe.  Aos 16 anos assinou o primeiro contrato profissional - e quando tinha tudo acordado com o Marítimo, a cinco minutos do último jogo pelo Corinthians Alagoano, entrada brutal partiu-lhe o tornozelo. Veio mesmo assim para o Funchal. Dito só assim talvez se não saiba quem é. Dizendo que foi, pela sua classe e o seu ardor, que esta Juventus pareceu jogar pouco ou nada, percebe-se quem ele é. É, é o Pepe (que tal como vários outros portistas...) jogou muito e com tudo (da cabeça aos pés...)