Um clássico emotivo, vivo e digno
Uma dúvida que a todos assalta: até que ponto o flagelo de Covid-19 ainda irá influenciar as grandes decisões deste estranho Campeonato
C LÁSSICO vivo, cheio de casos e emoções, no Dragão. Não foi um espetáculo esplendoroso, um exemplo supremo de elevada nota artística, mas foi, essencialmente, um clássico digno. Porque o FC Porto resistiu bem ao desgaste da Choupana, sim, mas muito especialmente porque o Benfica apareceu, enfim, como uma equipa à sua própria dimensão, comprometida com o jogo, intensa e muito competitiva.
Nota alta para Jorge Jesus, que estudou e programou muito bem o jogo e conseguiu surpreender Sérgio Conceição com um onze talvez inesperado, mas à medida dos expectáveis desafios colocados pelo adversário. Por isso, durante toda a primeira parte, o Benfica conseguiu ser, de facto, superior ao FC Porto e, na segunda, depois da expulsão de Taremi, terá sido, mesmo, a equipa que esteve mais próxima de vencer.
Empate no clássico e empate, do Sporting, em Alvalade, no jogo com o Rio Ave. Desperdiçou, assim, o Sporting, uma excelente oportunidade para se distanciar na liderança, mas a verdade é que, pelo que se viu, a equipa de Rúben Amorim ainda não digeriu a eliminação na Taça. Assim, tudo como dantes na linha da frente e a solene promessa de uma entusiasmante luta pelo título.
E STE Campeonato ficará, para todo o sempre, na história, como o Campeonato Covid. Aconteça o que acontecer, seja quem for o campeão. A verdade é que a pandemia, que tudo e todos afetou, atingiu duramente o futebol e as suas competições profissionais. Sem público nos estádios, os grandes terão sido os mais prejudicados pela tragédia em que globalmente se transformou o Covid-19. Não apenas porque tiveram de reaprender a jogar nos seus imponentes templos vazios, como se tiveram de adaptar ao facto de não serem acompanhados por largos milhares de adeptos em todo o país. Também foi, é e será importante constatar os efeitos da doença diretamente nos jogadores. Para já, o Benfica segue, largo, na dianteira dos candidatos, com mais de uma dezena de casos na sua equipa. Mas a verdade é que ninguém escapa. Veja-se o FC Porto, que ficou impedido de contar com Otávio e Manafá, dois elementos nucleares na equipa de Sérgio Conceição; ou o Sporting, que perdeu, temporariamente, Sporar, Nuno Mendes e Neto. Os contágios são, nesta fase mais aguda da pandemia, um género de roleta russa e podem vir a ter influência decisiva nas contas finais.
O futebol francês está em mudanças. Não se trata de contratações de jogadores ou de treinadores, muito embora a recente contratação de Mauricio Pochettino pelo PSG, à módica mensalidade de 525 mil euros, net, por mês, esteja a causar escândalo. Mas o problema que está a ser discutido vai muito além de casos insólitos. No seu conjunto, o futebol francês chegou à conclusão de que se tornou insustentável e estaria a caminhar rapidamente para o abismo. Há propostas drásticas, como as que preveem tetos salariais, propostas estruturais, como a que propõe novos modelos competitivos, propostas mais quantitativas e que exigem um limite de profissionais por equipa. Depois da Mediapro se ter afastado do negócio e de se ter apurado que os 20 clubes franceses da Liga 1 gastaram, na época 2018/2019, qualquer coisa como 1,58 mil milhões de euros no total da massa salarial dos seus jogadores, houve um estridente soar do alarme, que criou uma rara oportunidade para reunir os responsáveis decididamente interessados em garantir o futuro do futebol profissional, em França. E por cá? O alarme já soou, sim, mas todos já o ouviram?
O ‘milagre’ do andebol
Durante muitos anos se convencionou dizer que os portugueses não estavam geneticamente preparados para vencerem internacionalmente em modalidades que exigiam atletas altos e fortes como o basquetebol, o voleibol ou o andebol.
Ora o andebol, ou aqueles que a ele se dedicam com elogiável militância, conseguiu provar o contrário. Depois da equipa nacional ter vencido seleções de países como a França ou a Suécia, a recente e histórica vitória sobre a Islândia, no Mundial do Egito, veio provar que, afinal, o milagre era possível.
Não aprenderam nada com Obama
Olhar a decorrente campanha eleitoral à luz das ciências da comunicação é uma experiência admirável. Teria sido proveitoso que a grande maioria dos candidatos, ou os seus responsáveis de campanha, tivessem lido e aprendido alguma coisinha com o livro de Barack Obama, ‘Uma terra prometida’, onde se explica, pormenorizadamente, a importância da comunicação, devidamente programada, estruturada e treinada, numa eleição presidencial. Muitos se irão surpreender com os resultados de dia 24, mas só se andarem distraídos...