Telma já está no ‘top’ dos ‘tops’

Qualquer pessoa pode mudar de opinião. Quem nunca mudou? Mas não é necessário ter sido futebolista para entender um jogo de futebol

U M treinador, como qualquer pessoa, tem direito a enganar-se. Pode olhar, de forma apressada, para uma jogada e achar que um jogador foi maldoso e quis aleijar o adversário. Pode, minutos depois, perceber que, afinal, não era bem assim. A entrada fora dura, mas sem intenção de aleijar quem quer que fosse. Um treinador, como qualquer pessoa, tem direito a mudar de opinião. Quem nunca mudou que atire a primeira pedra. Porém, há treinadores que argumentam que, por terem sido futebolistas, percebem melhor este lance ou aquele. Não é verdade. Há lances puros e cristalinos: falta sem intenção de magoar igual a expulsão. Um jogo de futebol não é uma ciência exata. O treino, a preparacão de um jogo e as alterações feitas durante os 90 minutos, sim, requerem sabedoria extra. A análise de um jogo, não. Podemos ter diferentes opiniões sobre determinado lance: fora-de-jogo, golo, falta, expulção. Mas nunca podemos (ou não deveríamos) achar que, por termos sido futebolistas, sabemos analisar melhor do que aquele que, coitado, não passou de não-futebolista. Se assim fosse, quem falasse de futebol com Eusébio, por exemplo, teria de ficar calado para sempre. Se assim fosse, quem não é jornalista não poderia perceber que lá atrás, há meia dúzia de carateres, eu escrevi preparacão em vez de preparação. E expulção em vez de expulsão. Todos os que percebem, minimamente, da língua portuguesa sabem que uma coisa é preparacão e outra é preparação. Uma coisa é expulsão e outra é expulção. Tal como uma coisa é ser expulso por querer aleijar um adversário e outra é ser expulso (apenas e só) por uma entrada violenta sobre um adversário. E outra ainda é ver antijogo onde não houve antijogo. Não é preciso ser treinador, jogador, massagista, preparador-físico, suplente utilizado ou suplente não utilizado ou dirigente para perceber onde há e não há antijogo. Ou expulsão.

T ELMA MONTEIRO é uma das maiores atletas portuguesas de todos os tempos: uma medalha olímpica, cinco em Campeonatos do Mundo, dezasseis em Campeonatos da Europa e três em Jogos Europeus. Há o top dos tops (as campeãs olímpicas Rosa Mota e Fernanda Ribeiro) e depois, pelo meio de grandíssimas atletas, há Telma Monteiro. Há quase 20 anos que luta por grandes medalhas. São poucos os atletas portugueses que estiveram tanto tempo no topo mundial. Alguns exemplos: Carlos Lopes? Nove anos (1976 a 1985). Rosa Mota? Dez anos (1982 a 1992). Eusébio? Doze anos (1961 a 1973). Fernanda Ribeiro? Treze anos (1987 a 2000). Figo? Catorze anos (1995 a 2009). Ronaldo? Dezoito anos (2003 a 2021).  Grandíssima. E tem só 35 anos. Telma, vais ser como Ronaldo: é até aos 40, ok? E com o nosso Miguel Candeias a ver tudo.